19 de abril de 2024

No Dia Internacional do Poeta, artistas acreanos expõem o amor pela poesia

“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.” Assim escreveu Carlos Drummond de Andrade no poema “Sentimento do mundo”, que se liga diretamente ao fazer poético. No Dia Internacional do Poeta, a equipe da ContilNet entrevistou dois poetas acreanos para saber como o fazer poético se perpetua ao longo das gerações.

50 ANOS

Natural de Sena Madureira, Mauro Modesto, de 74 anos, possui meio século de envolvimento com a escrita de poesias. Ao sair do município de Sena e passar pelo Rio de Janeiro, o acreano teve o primeiro contato com essa forma de expressão artística, sendo este um momento decisivo para o futuro poeta.

Poeta acreano possui 50 anos dedicados à arte da poesia. Foto: Reprodução

“Quando ouvi os versos, soube que era aquilo que eu gostaria de fazer. As palavras me intoxicaram, e eu senti uma força transformadora naquele momento. Depois de todas essas décadas, só continuei a reafirmar cada vez mais o impacto da poesia na minha vida”, explicou Mauro.
Hoje, o acreano conta com 12 livros publicados e outros dois prontos para lançamento, além de ser membro fundador das Academias de Letras e Artes em Sena Madureira, Xapuri, Brasileia, Senador Guiomard, Plácido de Castro e Vila Campinas. Também realiza há 40 anos um projeto de incentivo da poesia nas escolas, incentivando os estudantes a lerem e, se for da vontade deles, a escreverem seus próprios poemas. “Quem tiver a coragem de declamar uma poesia durante o encontro, ganha um livro grátis”, disse o poeta.

Quando perguntado sobre o que é poesia, Mauro relatou à ContilNet que poesia é identidade: “Eu não sei se eu abro a porta para ela entrar, ou se ela empurra e entra. Eu não sei se eu preparo a cama para deitar comigo, ou se ela entra pelas frestas e se deita ao meu lado. Poesia para mim é identidade, é sentimento, é luz, liberdade. É ação corporal, é linguagem amorosa, é beijo querendo beijar, é hino de amor. Aroma da sublimação, satisfação plural. É sátira, é vida, é saudade com emoção”.

NOVA GERAÇÃO

“Não importa de qual temática seja a poesia, ela sem dúvidas nos fará questionar a respeito de nós mesmos. E isso é o mais bonito. Acredito que, de todas as artes, ela é uma das que mais dialogam intimamente com quem a aprecia.”

Com apenas 16 anos, Jackson Viana dos Santos já lançou dois livros no Acre. Foto: Arquivo pessoal

Jackson Viana dos Santos, de 16 anos, assim define a importância da leitura e da produção poética. O jovem acreano tem contato com a escrita desde os 11 anos de idade, e cinco anos depois, é o presidente da Academia Juvenil Acreana de Letras (AJAL), tendo lançado um livro de sonetos intitulado “Ditirambo” no dia 30 de setembro.

“Assim que eu publiquei o meu segundo livro, vi que as instituições que existiam no Acre eram predominantemente direcionadas a escritores adultos, e que os jovens eram assim um pouco excluídos do ofício da escrita, por não encontrar um lugar onde se identificasse. Foi daí que surgiu a ideia da AJAL, da necessidade de oportunizar aos jovens escritores acreanos uma instituição só deles”, detalhou Jackson.
Para a ContilNet, o jovem poeta enviou o soneto intitulado “Contraindicação amorosa”:

CONTRAINDICAÇÃO AMOROSA

Amar, pois, já não posso, receitou-me o médico!
Sempre que amo, sofro de uma parada.
A vida não mais anda, fica estacionada,
Esqueço-me de tudo… sinto-me patético!

Não suporta o organismo amar a mais ninguém,
Não tenho resistência para tal façanha…
E, se amar outra vez, acho que o corpo estranha!
Melhor não mais amar, para o meu próprio bem.
Mas existe quem ama e não sente nada,
E às vezes desdenha da pessoa amada,
Com outras se diverte e lhe faz ciúme;

Já eu, nem posso amar que já perco o sono,
E até me falta o ar sempre que me emociono.
“Você não pode amar”, o médico resume.

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