A “carona” dada no Harpia 1 – helicóptero do Governo do Estado, à primeira-dama, Marlúcia Cândida, no dia 31 de outubro, até a comunidade Céu do Mapiá, pode custar muito caro ao governador Tião Viana. Uma representação assinada pelos vereadores Roberto Duarte (PMDB), Lene Petecão (PSD) e o presidente do Rede no Acre, Carlos Gomes, será protocolada no Ministério Público Estadual (MPAC), o documento afirma que tal ato pode configurar em improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário.
A representação desconhece que a viagem da primeira-dama ao Céu do Mapiá tenha qualquer relação com causas humanitárias, como defendeu a secretária de comunicação do Estado, Andrea Zílio. “É de conhecimento público que não ocorreu nenhuma catástrofe ou algo similar para justificar tal viagem”, diz o documento que será encaminhado ao Ministério Público e que a ContilNet teve acesso exclusivo.
Para Roberto Duarte, um dos vereadores que assinam a representação contra o Estado, a “carona” atendeu a interesses pessoais e uma pessoa física, no caso a primeira-dama, usufruiu do bem público em proveito próprio. A peça jurídica afirma que Marlúcia Cândida não é servidora pública e: “Ainda que fosse, não estava a serviço do Governo, aproveitou o voo para pegar uma ‘carona’ sem nenhuma prévia autorização legal, pelo menos que se tenha conhecimento”, acrescenta o documento.
Desde que o caso veio à baila, a equipe de comunicação do governo tenta defender o uso do helicóptero Harpia 1 na viagem que foi realizada até o interior do Amazonas, em Boca do Acre. Pelo Facebook, Marlúcia registrou o nome de madrinha Rita, como uma líder do Santo Daime, e justificou sua ida até a colocação conhecida como Céu do Mapiá, como sendo um trabalho em prol das pessoas que vivem em comunidades distantes.
“Ouvimos suas histórias, necessidades e aprendemos muito com elas. Madrinha Rita, que não pode se locomover, nem de carro, demonstrou sua alegria e agradecimento em voltar para sua comunidade onde foi recebida com muito amor por todos”, disse Marlúcia Candida.
Os autores da representação pedem a abertura de uma investigação minuciosa para detectar possíveis irregularidades e, caso constatado, a devolução aos cofres públicos dos custos da viagem, incluindo a manutenção da aeronave e diárias que podem ter sido pagas.
“Causas humanitárias são aquelas que demandam ajuda humanitária, que é uma forma de solidariedade ou de cooperação voltada para populações muito pobres, que sofrem em razão de guerras ou de catástrofes naturais”, relatam os autores da representação.