Manifestantes se confrontam em palestra de filósofa Judith Butler em São Paulo

Grupos de manifestantes se reuniram na manhã de hoje (7) em frente ao Sesc Pompeia, zona oeste paulistana, para protestar contra e a favor da participação da filósofa Judith Butler. A filósofa norte-americana é uma das palestrantes do seminário Os Fins da Democracia realizado em parceria com a Universidade da Califórnia, Berkeley, onde a intelectual é professora de literatura comparada.

Alguns movimentos convocaram o ato contra a presença da filósofa devido as ideias de Butler a respeito do feminismo e identidade de gênero. Um boneco retratava a professora como uma bruxa de sutiã a mostra foi queimado ao fim do ato. Cartazes e faixas falavam sobre temas diversos, a maior parte condenando o que os participantes chamam de “ideologia de gênero”, mas também havia frases com pedidos de intervenção militar e atacando figuras como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. Os participantes usavam megafones e caixas de som para gritar palavras de ordem.

Ideologia de gênero e direitos LGBT

“A gente não está aqui pelo tema da palestra, a gente está aqui porque a Judith Butler é uma propagadora da ideologia de gênero, uma das principais criadoras e a que mais propaga isso aí”, disse o advogado Heverton Sodario, de 24 anos. “ Não é contra as pessoas que são homossexuais ou contra o homem que quer se vestir de mulher. É contra uma ideologia que está sendo pregada às crianças, tentando dizer que mesmo que você nasça homem ou mulher, você pode ter um gênero diferente de isso aí. É um absurdo”, acrescentou.

Ela também tem trabalhos com pensamentos sobre a violência/Foto: Reprodução

Do outro lado, os manifestantes se revezavam em microfone para defender a presença da filósofa, a liberdade de expressão e os direitos da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). “A vinda da Judith Butler representa mais um canal de pensarmos como toda a questão de gênero não pode ser uma afronta, tem que ser um reconhecimento da nossa existência”, disse a antropóloga Heloíse Fruchi.

Ela disse se sentir amedrontada com o teor dos discursos feitos pelos manifestantes contrários a Butler. “Aqui a gente está totalmente armados com liberdade e respeito, enquanto tudo o que vem de lá afronta não só a minha existência, a minha liberdade de amar, mas o meio direito de estar aqui. É um calar a minha voz, ignorar o meu direito de viver. É muito assustador”, acrescentou.

Ideias

A partir de uma ótica feminista, Butler tem reflexões sobre como as distinções entre os sexos são determinadas por interpretações culturais que se sobrepõe a determinantes biológicos. Ela também tem trabalhos com pensamentos sobre a violência e a respeito da situação do Estado de Israel. Esses últimos temas mais relacionados ao que seria tratado no evento.

Com a participação de palestrantes nacionais e estrangeiros, o seminário pretende abordar os limites e riscos às instituições democráticas no cenário político mundial.

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