Um estudo apresentado nesta segunda-feira (6) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), da ONU, indicou que 2017 pode ser um dos três mais quentes já registrados, similar a 2015 e abaixo apenas de 2016. A informação é da EFE.
A versão provisória da “Declaração sobre o Estado do Clima Mundial” da OMM destaca, além disso, os vários episódios climáticos de efeitos devastadores deste ano, como furacões e inundações, ondas de calor e secas, e alerta para o aumento dos principais indicadores do aquecimento global a longo prazo, como as emissões de gases contaminantes e a alta do nível do mar.
“Como consequência do intenso episódio do El Niño, é provável que o ano de 2016 continue sendo o mais quente já registrado, com 2017 e 2015 em segundo e terceiro lugar, respectivamente. O período de 2013 a 2017 será o quinquênio mais quente dos que se tem registro”, afirma o relatório, publicado por conta do início hoje (6), na Alemanha, da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 23).
“Consequências catastróficas”
De janeiro a setembro de 2017, “foi registrada uma temperatura média global de aproximadamente 1,1 graus centígrados acima dos níveis pré-industriais”, indicou em comunicado a OMM, e os cientistas concordam que uma alta de mais de dois graus teria consequências catastróficas para o planeta.
“Os últimos três anos estiveram entre os três mais quentes quanto a registros de temperaturas. É parte da tendência ao aquecimento a longo prazo”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
Ele advertiu que neste ano ocorreram “fenômenos meteorológicos extraordinários”, como “temperaturas acima dos 50 graus na Ásia, furacões sem precedentes no Caribe e no Atlântico que chegaram até a Irlanda, devastadoras inundações de monção que afetaram milhões de pessoas, e uma seca implacável na África oriental”.
Crescentes riscos
A mexicana Patricia Espinosa, secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), que acolhe a COP 23, afirmou que estes dados destacam “os crescentes riscos do aquecimento global para as pessoas, as economias e o próprio tecido da vida na Terra”.
Ela pediu que países e indústrias a avancem a um “nível mais alto de ambição na redução de emissões de gases contaminantes”, com o objetivo “diminuir o risco do futuro” e “maximizar as oportunidades” de desenvolvimento sustentável.
O estudo ressalta a intensidade da temporada de furacões no Atlântico Norte, sua violência e impacto e o curto intervalo de tempo no qual aconteceram os ciclones Harvey, Irma e Maria.
Além disso, afirma que o furacão Ofelia, que castigou a Irlanda, chegou mil quilômetros mais ao norte do que qualquer outro e seus ventos associados contribuíram para provocar incêndios de grande proporção em Portugal e na Espanha.
A OMM considera que, embora não existam provas conclusivas da influência da mudança climática nos furacões, é “provável” que o aquecimento global faça com que “as precipitações sejam mais intensas e que o atual aumento de nível do mar aumente os efeitos das marés de tempestade”.
O documento da ONU também aborda as fortes chuvas que provocaram deslizamentos na África do Sul e na Colômbia, com mais de 500 e de 273 mortos, respectivamente, e as fortes inundações que deixaram 75 mortos no Peru e mais de 1.200 na Índia, Bangladesh e Nepal.
Além disso, a OMM ressalta que zonas do sul da Europa, da África oriental e a parte asiática da Rússia registraram “temperaturas máximas sem precedentes” e sofreram com fortes secas. Por último, o texto ressalta as ondas de calor que aconteceram este ano no Chile, Argentina, Califórnia e Espanha, algumas das quais criaram as condições propícias para grandes incêndios florestais.