PGR pede condenação de Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo e multa de R$ 4 milhões

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), de seu marido e ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e do empresário Ernesto Rodrigues pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A recomendação consta das alegações finais da acusação enviadas nesta sexta-feira (24) ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do inquérito da Lava Jato que investiga o recebimento de doação ilegal de R$ 1 milhão para a campanha da petista ao Senado em 2010.

No documento de 89 páginas, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirma que as investigações “comprovaram” que os réus “tinham plena ciência do esquema criminoso e da origem das quantias ilícitas”, que teriam sido repassadas à campanha de Gleisi Hoffmann para garantir a manutenção de Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da Petrobras.

A chefe do Ministério Público Federal (MPF) pede ainda o pagamento de R$ 4 milhões pelos investigados a título de reparação de danos morais e materiais e a decretação da perda da “função pública” dos condenados. Na prática, isso implicaria na perda do mandato de Gleisi como senadora.

Senadora Gleisi Hoffmann e seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, são acusados de receber propina/ Marcelo Camargo/Agência Brasil

O que diz a acusação

Dodge narra nas alegações finais enviadas ao relator do inquérito no STF, ministro Edson Fachin, que Paulo Bernardo, enquanto ministro do Planejamento, teria solicitado a propina a Paulo Roberto Costa no início de 2010. O dinheiro então foi recebido pelo empresário Ernesto Rodrigues, em Curitiba, e a operacionalização do pagamento teria sido feita por intermédio do doleiro Alberto Youssef mediante a lavagem de dinheiro em empresas de fachada.
“A senadora, expoente de seu partido político, locupletou-se dolosamente de todo um
esquema de ilegalidades praticados na Petrobrase, também por isso, deixou de cumprir com seu dever de fiscalização”, escreveu Raquel Dodge no documento.

A PGR defendeu ainda que as penas para Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo sejam agravadas devido a longa experiência de ambos como políticos. “Mais que corrupção de um mero agente público, houve corrupção em série, de titulares de cargos dos mais relevantes da República, cuja responsabilidade faz agravar sua culpa na mesma proporção”.

O que diz a defesa

A defesa de Gleisi alegou durante o processo que a acusação da PGR é “vaga e imprecisa, que não explicitou, nem em tese, a sua pretensa conduta ilícita”. Os advogados da presidente nacional do PT também tentou impedir o avanço do inquérito afirmando que os depoimentos que embasam as denúncias (dos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef) não confirmavam que houve pedidos de repasses para sua campanha ao Senado.

Pelo Twitter, o antecessor de Gleisi Hoffmann na presidência do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, saiu em defesa de sua correligionária. “Solidariedade à companheira Gleisi, perseguida pela PGR e acusada sem provas. Não vamos nos calar!”, escreveu.

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