O número de brasileiros diagnosticados com diabetes cresceu 61,8% nos últimos 10 anos, passando de 5,5% da população em 2006 para 8,9% no ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel),revela ainda que as mulheres registram mais diagnósticos da doença – o grupo passou de 6,3% para 9,9% no período, contra índices de 4,6% e 7,8% registrados entre os homens. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o Brasil ocupa hoje o quarto lugar no índice de maior prevalência de diabetes no mundo e uma das consequências sérias da doença é a cegueira, causada pelo edema macular diabético.
“No início, o edema macular é assintomático e o paciente pode não sentir dificuldade de visão. As complicações tornam-se mais sérias com o passar do tempo. Com o acúmulo de líquido na região da mácula podendo ocorrer distorção ou borramento da visão”, alerta o cardiologista e vereador Paulo Frange que instituiu no calendário oficial da Cidade de São Paulo a Semana Municipal de Prevenção e Combate ao Edema Macular Diabético, relacionado ao Dia Mundial da Diabetes, em 14 de novembro.
A diabetes acomete a visão devido ao acúmulo de material anormal nos vasos sanguíneos do fundo do olho, o que pode ocasionar o entupimento ou enfraquecimento desses vasos, provocando o seu rompimento e danos à retina. Com o excesso prolongado de açúcar no sangue, os vasos sanguíneos da retina se deterioram causando a doença chamada retinopatia diabética.
“Depois de 20 anos com diabetes, 90% dos pacientes com o tipo I e 60% dos pacientes com o tipo II desenvolvem a retinopatia diabética que leva ao edema macular diabético. A doença pode oferecer o maior risco de cegueira na idade adulta”, completa o Dr. Paulo Frange.
Foi a experiência como médico que fez com que o vereador Paulo Frange decidisse instituir a Semana Municipal de Prevenção e Combate ao Edema Macular Diabético. O objetivo é que sejam promovidos debates sobre o tema, convênios com instituições da rede pública e particular para a execução de atividades que promovam a conscientização da doença e a importância da prevenção e do tratamento adequado.
“Fique atento caso você perceba distorção nas imagens, sensibilidade alterada ao contraste, fotofobia, mudança na visualização de cores e alterações no campo de visão, também chamados de escotomas. Todos podem ser sinais do Edema Macular Diabético”, alerta o cardiologista.
Estudos regionais mostram que a doença atinge de 24% a 39% das pessoas com diabetes, ou seja, cerca de 3 a 6 milhões de brasileiros, considerando a base do ano de 2015 quando no Brasil haviam 14.3 milhões de pessoas com diabetes. A expectativa para 2040 é que hajam 23.3 milhões portadores da doença.
Dois exames importantes auxiliam no diagnóstico do edema macular diabético:
– OCT (tomografia de coerência óptica): Avalia a retina, a mácula e a coroide.
– Angiografia: Avalia o fundo de olho, a estrutura dos vasos sanguíneos e o nervo óptico.
Os prejuízos e complicações do edema macular diabético também podem ser observados em um exame de rotina de acuidade visual, caso a doença já esteja em estágio avançado. Isso porque com o avanço do edema, o paciente passa a enxergar menos letras na tabela de avaliação da acuidade visual. Caso não receba o diagnóstico correto e seja tratado com rapidez, o paciente deixará de enxergar mais letras no teste de acuidade e sua visão se tornará mais borrada. Com a evolução do quadro, pode ocorrer a cegueira.
Aprenda a evitar a doença
De acordo com o cardiologista o edema macular diabético pode afetar adolescentes e jovens adultos com diabetes. É uma doença que, se não diagnosticada e tratada de forma adequada, pode levar à perda da visão, resultando em impactos severos e negativos à qualidade de vida do paciente. O oftalmologista especialista em retina pode diagnosticar o edema macular diabético. O primeiro e mais importante cuidado com a visão de uma pessoa com diabetes é o controle glicêmico rigoroso. Para acompanhar a saúde dos olhos, é fundamental que o paciente com diabetes realize consultas com um retinólogo – o oftalmologista especializado em retina. É o retinólogo que realiza exames específicos de fundo de olho e que são capazes de diagnosticar a retinopatia diabética ou, até mesmo, o edema macular.
Hipertensão arterial
Ainda de acordo com a pesquisa do Ministério da saúde, a hipertensão arterial aumenta com a idade e é maior entre os que apresentam menor escolaridade. Nas pessoas com idade entre 18 e 24 anos, por exemplo, o índice é de 4%. Já entre brasileiros de 35 a 44 anos, o índice é de 19,1% e, entre os com idade de 55 a 64 anos, o número chega a 49%. O maior registro, entretanto, é na população com 65 anos ou mais, que apresenta índice de 64,2%.Em relação à escolaridade, os que têm até oito anos de estudo apresentam índice de diagnóstico de hipertensão de 41,8%. O percentual cai para 20,6% entre os brasileiros com nove a 11 anos de estudo e para 15% entre os que têm 12 ou mais anos de estudo