Ativistas invadem colação de grau da turma de Medicina na Ufac para protestar contra professor

A colação de grau da XI turma de Medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac) foi marcada por um episódio atípico na noite desta quinta-feira (14). Após a polêmica envolvendo o professor Giovanni Casseb, que se fantasiou de “Negão do WhatsApp” na aula da saudade da turma que leva seu nome, ativistas resolveram invadir a cerimônia municiados de cartazes e dizeres antirracistas.

Protestos durante a colação de grau de Medicina no Teatro Universitário/Fotos enviadas à redação por testemunhas

“Minha cor não é fantasia”, dizia um dos cartazes confeccionados pelo grupo, que primeiramente tentou adentrar a cerimônia recitando poemas em voz alta, mas foi contido pela equipe do cerimonial, que pediu que o protesto fosse feito de forma pacífica e respeitosa, já que o momento era único na vida dos formandos, fora a importância da formação de mais uma turma de Medicina da universidade.

Espalhados pelo anfiteatro com cartazes expostos, os ativistas incomodaram alguns familiares dos formandos, que pediram que fosse respeitado o momento festivo dos acadêmicos e que o protesto fosse realizado do lado de fora do prédio.

De acordo com informações repassadas por pessoas presentes no local, apenas um pai se levantou e pediu que os manifestantes respeitassem a cerimônia. A partir daí, os ativistas se aproximaram da fileira onde o homem estaria sentado e ali ficaram. O irmão de um dos formandos teria sido chamado de “palhaço” durante uma discussão mais acalorada no local.

O fato curioso em relação ao protesto é que o professor citado como racista pelos ativistas não foi à cerimônia. Ainda assim, os manifestantes se fizeram presentes durante toda a noite e de acordo com informações repassadas por formandos, tentaram inclusive atrapalhar o momento da foto oficial e entrega dos diplomas.

“Eles chegaram gritando muito lá na frente e o cerimonial pediu só que eles mantivessem a calma e fizessem o protesto de forma pacífica. Quando eles entraram, a paraninfa da turma, que é negra, estava discursando. Não cabe a nós validar o protesto deles ou não, mas a gente sinceramente só queria que aquele momento de festividade, familiar até eu diria, fosse respeitado”, afirmou um dos pais presentes.

Poema recitado pelos manifestantes durante o protesto na Ufac

O outro lado
A jovem Allana Khristie procurou a reportagem da ContilNet para falar em nome dos manifestantes que realizaram um protesto antirracista durante a formatura da XI turma de Medicina da Universidade Federal do Acre.

Ao apresentar sua versão sobre o caso, Allana apresenta contrapontos do que foi exposto por familiares e alunos sobre o ocorrido na noite desta quinta-feira (14). De acordo com Khristie, não houve uma invasão e o momento dos formandos foi respeitado pelo protesto, visto que adentraram de forma silenciosa e pacífica no anfiteatro e só entoaram o poema escrito como forma de manifesto, no hall de entrada do local e o estacionamento.

A acadêmica ainda afirma que membros do protesto foram ofendidos verbalmente por pessoas presentes no local e que jamais tiveram a intenção de atacar diretamente a pessoa do professor Giovanni Casseb, mas sim suas ações identificadas como ato de racismo pelos manifestantes.

“A prática de ‘blackface’ é um assunto tão batido, que me surpreende que as pessoas ainda não consigam enxergar o racismo. Me impressiona que as pessoas não achem absurdo o que ele fez. Ele não é negro, ele tem privilégios e objetificou uma raça inteira”, disse Khristie.

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