Invictus homenageia vítima de feminicídio em campeonato de futsal

Com o objetivo de empoderar as jovens da Capital acreana, o Invictus Futsal Clube promove nos domingos deste mês o campeonato intitulado Keyla Viviane. O título não é à toa: se trata de uma homenagem à vítima de mesmo nome em caso de feminicídio no Estado. Keyla também era tia de Matheus Tavares, um dos criadores da ação que une esporte com projeto social.

“Infelizmente, ainda é extremamente comum encontrar muitas barreiras com relação à liberdade de escolha das mulheres. O Invictus acredita no feminismo e na equidade social. Foi com esse pensamento que criamos a competição Keyla Viviane: transformando uma situação de violência em uma oportunidade de conscientização e empoderamentos das meninas que participam de nossas atividades”, explicou Nakágima Sanllay, co-criadora do Invictus.

Os times possuem nomes como “violência doméstica”, “Maria da Penha”, “feminicídio”, e “empoderamento”. As disputas e eventos acontecem durante os domingos deste mês, na quadra poliesportiva do Bairro Bela Vista.

Vendedora foi vítima de feminicídio em março de 2016 na Capital acreana/ Foto: Reprodução

“Caso alguém possa contribuir, aceitamos doações de água, frutas e gelo, ou participação na forma de palestras ou atividades lúdicas para a garotada. No próximo domingo (10), uma enfermeira se dispôs a conversar com os jogadores sobre relações sexuais e prevenção das doenças sexualmente transmissíveis”, disse Nakágima.

Entre as participantes, está Karen Ribeiro, estudante de 17 anos do terceiro ano de ensino médio no Colégio Barão do Rio Branco (CEBRB). “Conheci o Invictus através de uma amiga que já estava acompanhando os treinos. Ela me explicou o objetivo do Invictus, e fiquei com vontade de participar. Essa ação voltada para a conscientização sobre as violências que a mulher sofre é maravilhosa. Já estou há um ano nas atividades, e amo cada segundo dos jogos”, disse a jovem.

Além da parte esportiva, outro atrativo para Karen é a busca por informações e os diálogos realizados durante os encontros: “Os times possuem nomes temáticos. O meu é ‘feminicídio’, então todas as jogadoras do time buscaram informações sobre o que é o feminicídio, o que pode levar a ele, e qual a importância de denunciar qualquer tipo de agressão. O Invictus está aí pra mostrar que as mulheres têm valor e que merecemos respeito”.

Empoderamento e conscientização são os objetivos da ação do clube Invictus/ Foto: Reprodução

CASO KEYLA VIVIANE

Em março de 2016, a vendedora Keyla Viviane dos Santos, com 29 anos, foi morta a facadas em frente à loja que trabalhava, no bairro Estação Experimental. O assassino foi o ex-marido da vítima, Adjunior Sena.

Minutos após o crime, Sena foi preso e teve a primeira audiência de instrução em maio do mesmo ano. Em junho, foi decidido pela Justiça do Acre que o acusado enfrentaria júri popular. Quatro meses depois, ele foi condenado a cumprir 27 anos e 6 meses de prisão pelo crime.

O crime também motivou a criação da lei 2.210, sancionada sete meses depois do assassinato. A lei leva o nome da vendedora e inclui no calendário oficial da cidade de Rio Branco o dia 1º de março como o “Dia Municipal da Não Violência Contra a Mulher”.

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