Aos 100 anos, vovô faz a melhor sopa paraguaia do mundo e recebe homenagens de familiares

Paulo exibe no sorriso a felicidade de caminhar bem mais um dia. O homem mais velho (só em idade) da família Espinosa completou 100 anos na última semana, com direito a festão e vídeo em sua homenagem. Filho de pais paraguaios e nascido em Amambai, não tem quem não fale ou conheça o dono da melhor sopa paraguaia do mundo e nem admire sua vontade de viver. Paulo é pai de Marcia Bittar.

As imagens revelam um pouquinho da rotina de quem parece disposto a ser feliz até hoje. Apesar da idade, Paulo Espinosa Filho preserva a saúde, mas andando devagarinho e com uma leve dificuldade para escutar.

Paulo fez questão de preparar a sopa paraguaia, receita de família, no dia dos seus 100 anos. (Foto: Frederico Campos)

Nascido no dia 25 de janeiro de 1918, hoje o que ele mais escuta é como chegou aos 100 anos com tanta saúde. O olhar responde primeiro do que as palavras, depois ele revela o segredo em voz alta. “Muita gente me perguntou, mas eu digo que é sossego, amor e paciência, graças a Deus”, conta.

O amor ele carrega até hoje nas lembranças, ao falar da esposa que viveu ao seu lado por 62 anos. “Fui casado com Dória Ferreira Espinosa, uma mulher muito respeitada, que me deu muito amor, cuidou da nossa família até seus últimos dias”, lembra.

Um carinho do avo mais admirado. (Foto: Frederico Campos)

Em um vídeo, produzido pelo amigo Frederico Campos com apoio da família, Paulo aparece às vésperas da data do aniversário, falando da felicidade em rever as pessoas que ama. “Fui até o Mercadão, lá tenho muitos amigos do tempo que o espaço nem existia, era só uma feira na região com muita gente e verdura para todo lado”.

Entre uma banca e outra, cumprimenta os conhecidos, depois vai até a loja de queijos onde compra com a mesma pessoa desde 1960. “Ele não estava, mas quando eu cheguei e falei que tinha ido comprar queijo para o meu aniversário, a moça, imediatamente, me deu um de presente”.

Com a porção de queijo ralado, em casa, Paulo não abriu mão da cozinha nem no aniversário. Preparou com amor a receita de família, ensinada pela mãe e que conquista quem prova. “Não sei se é a melhor, mas todo mundo come”.

E o título de melhor sopa não passa batido para o neto, Luiz Henrique Horn, que acompanha a entrevista. “É a melhor sopa do mundo sim, a gente não sabe o que ele faz, mas é maravilhosa e toda família ama”, descreve.

De Amambai para Campo Grande, Paulo atuou por anos no Exército, depois trabalhou no Ministério da Fazenda onde se aposentou. Casou-se com Dória, em Campo Grande, depois que os dois se conheceram em um baile no bairro União. “Eu fui convidado para ir na festa da pensão que ela havia comprado. Fiz um terno e fui a festa. Ela me olhava da janela, quando entrei na pensão, começamos a dançar e foi um tempo até a gente se casar”.

Dória partiu em 2008 deixando uma saudade que diariamente bate no peito de Paulo, mas um orgulho que irradia nos olhos. “Dória era uma pessoa muito boa. Como a gente esquece? Não tem como. Ele me fez muito feliz e a nossa família também”.

Hoje, Paulo vive com uma das filhas em Campo Grande, também na companhia dos netos, sempre a espera de amigos e familiares que o visitem. “Com essa idade não consigo andar por aí, então eu fico aqui quietinho, mas sempre disposto pra uma conversa”, ri.

Família reunida no centenário de Paulo Espinosa Filho, no último domingo (28). (Foto: Frederico Campos)

E foi essa vontade de viver que o fez chegar ao centenário. “Eu sou um homem muito realizado. Espero que Deus me dê mais tempo de vida boa pela frente”.

E é a neta, Ana Espinosa Horn, que se encarrega de deixar mais um pedido que a vida dê a oportunidade de ter Paulo por perto.”Numa rotina ensaiada há décadas, esquentamos a água pro mate e sentamos ao lado de qualquer natureza, admirando a radiação do sol e as cores do céu do dia. Todo dia oferece cores que amamos. Todo dia oferece água morna e sombra fresca pra abraçar nossas conversas. Por isso, o homem das nossas vidas fez cem e pede mais anos. Que honra ser responsável testemunha de tamanha vontade de viver”, declara.

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