Estamos em ano de eleição. Em outubro escolheremos os nossos representantes estaduais e federais. Os acontecimentos dos últimos meses me fizeram refletir sobre as bandeiras levantadas pelos partidos diante dos eleitores nos períodos de campanhas. Promessas e acusações partem de um lado e outro.
Oposição e situação se digladiam em busca de um mesmo objetivo: o poder para decidir o meu futuro, o seu e de tantos outros cidadãos pelos próximos quatro anos. Isso, claro, vale para poucos, afinal, quanto mais poder melhor, não é mesmo? Muitos deles desistem do mandato pelo meio do caminho e vão disputar algo maior.
Lembro-me bem dos candidatos do PT declarando aos quatro cantos que no governo do PMDB os salários dos servidores públicos atrasavam meses a fio. O fato — que não é nenhuma mentira — servia de palco para que os políticos fizessem seus votos, afinal, em um Estado onde, em 2016, segundo levantamento feito pela revista Exame, 36% da população era funcionário público (sem contar os inúmeros cargos comissionados), não atrasar salário para que o cidadão honre suas dívidas, convenhamos, é uma boa tática.
Mas o que acontece neste atual governo se não o atraso no pagamento de seus servidores? Os estagiários da OCA, da Saúde e do Hospital das Clínicas estão sem receber há meses. Você que lê pode pensar: “Ah, mas os funcionários estão recebendo!”, pois lhes digo o impacto do não pagamento dos estagiários nestes setores.
No Hospital das Clínicas, mas conhecido por Fundhacre, pacientes esperaram por mais de seis horas nas filas para marcar exames e outros procedimentos. Isso porque este tipo de atendimento é feito pelos estagiários; sem eles, a fila será maior e mais demorada. Logo em um hospital, onde quem procura está precisando cuidar da saúde, o cidadão vai precisar ficar horas aguardando.
Na Biblioteca Pública, o horário de atendimento foi reduzido. O local, que antes fechava às 21 horas, agora fecha suas portas às 18h e essas três horas, querido leitor, era usada por quem trabalha o dia inteiro e precisa desse local para estudar para um concurso, para o Enem ou para suas provas, mas tiveram que fechar mais cedo pois não há dinheiro para pagar estagiários.
Aos sábados, o local também não abre mais. Sabem por quê? Isso mesmo, os estagiários é quem colocam o local para funcionar. Era aos sábados que funcionava a filmoteca acreana, lá eram exibidos filmes pela tarde de forma gratuita e a noite o Cineclube Opiniões também tinha programação sem cobrar ingresso. Era cinema de graça para quem não tem acesso. Mas o museu está lá sendo construído.
A OCA, onde estão centralizados todos os atendimentos, também pode sofrer com a lentidão caso os estagiários decidam parar. O caso é ainda mais grave, já que os terceirizados alegam que também não receberam os salários por falta de repasse do governo às empresas.
Na Secretaria de Comunicação, os terceirizados também denunciam o não pagamento. Um leitor também nos escreveu dizendo que a prefeitura pegou carona de Tião e os servidores municipais também estariam com os vencimentos atrasados, mas isso ainda vamos averiguar. Todavia, quero lembrar que o salário dos comissionados está em dia.
Voltando à área da Saúde, o governador Tião Viana, esse que não atrasa salários, pois isso é coisa do PMDB, emitiu uma circular na qual avisa aos servidores da Saúde que os plantões e horas extras trabalhadas em dezembro serão parcelados em três vezes. Sabe o que vai acontecer? Os servidores podem parar. Se pararem, vocês sabem bem o caos que o SUS pode se tornar. Agora a questão é: se a administração Peemedebista era ruim por isso, em que momento, diante do caos na Segurança, na Economia e na Saúde, o Tião vai admitir que faliu o Acre?