A educação pública nunca foi prioridade. Começou a engatinhar somente 30 anos depois do descobrimento do Brasil. À época, a professora era a filha do senhor que, não tendo o que fazer, pegava as crianças negras e pobres e ia brincar de ensinar. Até hoje, a profissão é tratada como se fosse sacerdócio. Ao invés da valorização de fato, nos ofertam agradinhos em forma de reajuste e abono. E assim não consideram o professor como um profissional que forma todos os outros e, portanto, deveria ser mais respeitado.
Neste país, todos os políticos vencem as eleições dizendo que educação é prioridade. Em todo governo, a área, vital para o conhecimento de todos, é deformada com programas do tipo Mais Educação, Educa Mais, Acelera, Educação integral no último ano do ensino médio. São grandes monstrengos e anomalia sem um sistema educacional continuo com qualidade.
Não se construiu uma Educação sistêmica, continuada, inovadora e pesquisadora, pois o que importa para os governos e um modelo desestruturado e atrasado. O povo sem educação é povo facilmente manobrado por governos corruptos, que usam o poder e a identidade de nossa Nação para fortalecer seus patrimônios pessoais. Isto é roubo, engodo.
A Educação – e os educadores – têm sido vítimas da politicagem. O que importa, e isso nos parece evidente, é aprisionar homens e mulheres numa ignorância cada vez mais distante do conceito real de cidadania. Projetos mercantilistas transbordam o caixa público e não geram aprendizado – vide a criação de cotas, o Fies, o ProUni – quando deveriam criar vagas para todos, indiscriminadamente, da creche ao nível superior.
O Governo Federal tem que se responsabilizar pela educação básica, federalizando e encerrando esta cultura nefasta da barganha política que apenas e tão somente dão visibilidade política a gestores incompetentes e mal-intencionados.
Os profissionais da educação tem que ser valorizados com pisos de carreiras dignos. É a prova de que esperamos dos governantes sobre a importância que é o professor na formação do cidadão e no desenvolvimento do país.
Se o Brasil investisse na qualidade do ensino com pesquisas e recursos didáticos e tecnológicos, certamente as riquezas desse país estariam revertidas na qualidade de vida do povo brasileiro. É o que ocorre nos Israel, na Finlândia, Coreia do Sul, Japao e Suécia, além de outros, onde o investimento em educação pública se traduz em melhoria na qualidade de vida das pessoas.
Darcy Ribeiro já dizia: Se os governadores não constroem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios.
*Rosana Nascimento é presidente do Sinteac Central