Marcus Alexandre nomeou mais de 440 comissionados, ao custo anual de R$ 23,8 milhões

Retorno ao trabalho 
O prefeito de Rio, Marcus Alexandre (PT), deverá estar de volta ao trabalho nesta terça-feira, 9, segundo informou à coluna, dias atrás, a assessora-chefe do setor de imprensa da prefeitura, Andréia Forneck Oliveira.

Chorumela
A senhora Forneck, aliás, se queixou da coluna à direção da ContilNet quando fizemos aqui algumas ilações sobre o ‘sumiço’ de Marcus Alexandre. Ela argumentou que o colunista não se deu ao trabalho de apurar o fato de que o representante do Executivo municipal havia tirado uma semana de férias, como costuma fazer todos os anos, sempre no início do mês de janeiro.

Pertinente
Colunista não é repórter, não obstante lhe caber, por vezes, a responsabilidade de checar as informações que publica. E ainda que minha inclinação profissional seja a de interpretar os fatos políticos – e não apenas reportá-los, como é de praxe na imprensa acreana –, dona Andréia Forneck, admita-se, fez uma reclamação pertinente.

Explicações necessárias
Ocorrem, porém, dois fatores relevantes nesse imbróglio: o primeiro é que aguardo, há mais de quatro meses, os dados sobre o número de comissionados no governo de Tião Viana, bem como o valor da fatura relativa ao cabideiro estatal que o governador empurra para o pobre do contribuinte. Três solicitações foram feitas à secretária de Comunicação, Andréa Zílio, que já nem se dá mais ao trabalho de responder às mensagens do colunista.

Subversão da lógica
O segundo ponto importante a se ressaltar é que todo funcionário, seja ele do setor público ou da iniciativa privada, precisa comunicar ao chefe a data em que pretende usufruir do direito às férias anuais. Dona Andréia discorda que a mesma regra caiba ao prefeito do PT, para espanto de qualquer pessoa minimamente bem informada.

Servidor do povo
Acontece que a democracia estabeleceu a regra segundo a qual vereadores, deputados e senadores, bem como prefeitos, governadores de estado e o próprio presidente da República não são patrões do povo – sendo antes servidores afortunados da sociedade que os elegeu.

Não é o forte deles
Mas como a esquerda, via de regra, não entende muito de democracia, é compreensível que Andréia Forneck ache que o chefe seja Marcus Alexandre, e não os mais de 383 mil habitantes do município por ele representado. Daí sua equivocada noção de que o petista possa ausentar-se do cargo sem dar satisfação àqueles que lhe pagam o salário e as mordomias.

Nem uma coisa nem outra
A propósito, a lógica, tanto quanto a democracia, é outro assunto sobre o qual a esquerda, grosso modo, faz questão de não entender. Mas disso falaremos a seguir.

Conversa inamistosa
Antes, porém, faço questão de contar que a conversa com a senhora Forneck não foi nada amistosa. A única explicação razoável que encontro para justificar sua hostilidade é que certamente ela se habitou à docilidade da maioria dos meios de comunicação do estado e à submissão de grande parte dos colegas jornalistas.

Justiça seja feita
A despeito disso, preciso fazer justiça à assessora-chefe do setor de comunicação da prefeitura: ela respondeu a todas as perguntas que lhe fiz e ainda retornou a ligação para fornecer os dados sobre a quantidade de cargos comissionados existentes no município, bem como as despesas que eles representam para todos nós.

O petismo em números
Segundo Andréia Forneck, a prefeitura dispõe de 444 cargos comissionados e mais de sete mil servidores efetivos. Os apadrinhados políticos do prefeito Marcus Alexandre custam ao erário R$ 1,8 milhão por mês, o que representa uma despesa anual – fora os gastos com diárias e abono de férias – de escandalosos R$ 23,4 milhões.

Salários mais altos
Os 444 nomeados pelo prefeito petista embolsam 8% do total gasto com a folha de pagamento – ainda que representem 6,3% do total de funcionários do município. Isso significa que os apaniguados do prefeito são, claro, melhor remunerados que os servidores do quadro efetivo.

Impertinência…
Confrontada com o dado de que o governo da Alemanha – a quarta economia do mundo e a mais pujante da Europa – tem em torno de 500 cargos a nomear, ao passo que um município pobre como o Acre nomeia 444, Andréia Forneck respondeu que a comparação seria “impertinente”.

… Ou afronta?
O que a companheira chama de impertinência, este colunista reputa como asquerosa afronta ao povo, cujos impostos são rapinados em forma de benesses concedidas a correligionários e aliados políticos.

É cada uma…
E o mais grave é que a assessora de imprensa da prefeitura assegura que os 444 comissionados do poder público municipal são essenciais aos serviços prestados à população.

A gente pode desenhar
E já que ela acha inoportuno procurar em outro continente um exemplo capaz de demonstrar a aberração de uma prefeitura do porte da capital acreana ter à disposição quatro centenas e meia de cargos de livre nomeação, tratemos de dizer algo à altura de sua compreensão.

Outro exemplo, então
Nas gestões de Raimundo Angelim e Marcus Alexandre, o acolhimento político levou à criação de secretarias, fundações e autarquias, num total de 31 órgãos públicos municipais. Curitiba (foto), uma das mais ricas e populosas capitais do país, conta com 32. Sem recorrer à comparação entre PIB, renda per capita e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos dois municípios, basta lembrar que Curitiba tem mais de 1,9 milhão de habitantes, contra menos de 400 mil de Rio Branco.

Informação é poder
Para os mais esclarecidos, nunca foi segredo o uso que os petistas fazem da máquina pública para fortalecer candidaturas e financiar eleições. Vejamos o que ocorreu nos governos Lula e Dilma, em comparação com a gestão de Fernando Henrique Cardoso.

Inchaço
No último mandato de FHC, a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, abrigava 21 ministros e secretários. Eleito e reeleito Lula, que conseguiu empurrar ao povo a sua sucessora, Dilma Rousseff, em 2012 já eram 39 os ministérios do governo companheiro.

Nosso suado dinheirinho
A folha de pagamento com salários havia saltado, em 2012, de R$ 115,9 bilhões (em valores já corrigidos) para R$ 154,5 bilhões até agosto daquele ano.

Tranquilo
De volta a Marcus Alexandre, que responde a quatro processos judiciais por suspeita de mau uso do dinheiro público, Andréia Forneck afirmou que ele está ‘tranquilo’. E ressaltou que das 49 ações na justiça em que foi citado, 45 já foram arquivadas.

Mordaz
Repito que a lógica dos petistas é diferente da de qualquer pessoa com razoável bom senso. E não escondo que em dados momentos minha mordacidade é maior que a mordaça com que essa gente tenta nos calar.

Dois pesos e duas medidas
Ante a exultação com que Andréia Forneck se referiu ao arquivamento dos processos contra o prefeito petista, perguntei à ela se concordava com a sentença do juiz Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula. É claro que nem preciso dizer qual foi a reposta da companheira.

 

 

 

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