“Sem a música, a vida seria um erro”. Não se sabe o que Friedrich Nietzsche estava pensando quando disse isso, mas o fato é que a música e a poesia possuem grande valor – que vai do cultural ao social. Nesta segunda-feira (15) comemora-se o Dia do Compositor.
O Acre é um berço de talentos da composição. São vários nomes e seria injusto pontuar apenas alguns. Mas, para celebrar esse dia, a reportagem da ContilNet foi até o Rio de Janeiro conversar com o célebre Sérgio Souto.
Com 38 anos de carreira, Sérgio quis passar um tempo na cidade maravilhosa por estar se recuperando de uma lesão na mão, que o impede de trabalhar por enquanto. Mas engana-se quem pensa que os planos estão pausados. Muito pelo contrário: à nossa reportagem, ele compartilhou planos para 2018, saudou amigos pelo dia do compositor e falou do Acre, terra que ele ama.
Confira
ContilNet-São 38 anos de carreira. Qual o saldo de tudo isso?
Sérgio Souto- Conquistas, perdas, lutas; mas muita gratidão, trabalho, glória e expectativas de coisas melhores. Estamos na estrada para mostrar um bom trabalho e eu consegui sair de qualquer perímetro que me limitasse. Consegui mostrar meu trabalho para o país, um trabalho honesto e (sic) tô colhendo, hoje, talvez não o que eu mereço, mas eu (sic) tô feliz, realizado e vivo!
ContilNet-Nesses anos todos de carreira, deve ter alguma conquista que te marcou. Quer falar sobre isso com a gente?
Sérgio Souto- Nessa trajetória, participei de vários festivais nacionais. E pude representar meu povo. Dentre as grandes conquistas, ganhei o festival da Brahma, o pontapé inicial da minha carreira. A partir dali, eu não parei mais. 13 discos e muitas gravações com outros artistas. Hoje, eu componho para mim e outras pessoas.
ContilNet-Vamos falar de presentes? ao longo desses anos, qual você acha que foi o seu maior presente?
Sérgio Souto- Para mim, o melhor presente é a vida. Pressão 12/8, né? [risos]. Isso para mim é um baita presente. Continuo tocando, continuo na estrada, fazendo shows, tenho projetos muito interessantes, envolvendo o Acre.
ContilNet- Quer falar mais sobre esses projetos?
Sérgio Souto- Vamos executar um projeto mensal e vou revelar detalhes posteriormente. Queremos homenagear pessoas incríveis com convidados especiais. Busco pessoas que não são conhecidas e que não vivem disso, quero gente nova. Tem muita coisa boa para 2018! Além dos shows, e tudo mais. Vocês não perdem por esperar.
ContilNet- E sobre o seu dia, o Dia do Compositor? O que você tem a dizer?
Sérgio Souto- Esse dia é um dia de comemorar junto com amigos que tenho guardado no peito. Alguns já partiram, perdi grandes parceiros. Foram escrever e cantar lá em cima, alegrar o céu. Hoje é um dia lindo. Se eu pudesse, parava de fazer tudo o que estou fazendo para pegar meu violão e falar da beleza desse dia. Infelizmente estou com uma pequena lesão na mão. Preciso fazer um tratamento para ficar bem. Estou no Rio de Janeiro, vendo amigos, mas o meu lugar é o Acre. Lugar que eu vivi histórias lindas, que me acolheu e me respeita. Lugar de grandes compositores!
O começo da carreira
Ainda em 1979 Sérgio Souto aparecia para a música, quando venceu um festival da Brahma, com a música “Falsa Alegria”, na década de 80, o videoclipe desta música foi exibido no Fantástico . O cantor revelou que até este momento ainda trabalhava como fotógrafo, tendo seu próprio estúdio e todo o equipamento necessário para a profissão. Mas o festival foi um divisor de águas na vida dele, pois naquele momento decidiu e entendeu ser possível de viver da música.
O resultado do primeiro sucesso foi a venda de todo o equipamento fotográfico, inclusive laboratório e câmeras, e partir para a vida de músico e compositor. Nesta época, com o reconhecimento obtido, Sérgio viu sua imagem divulgada para todo o Brasil, inclusive com apresentações nos principais canais de televisão. Outro sucesso foi a música “Minha Aldeia”, que integrou a novela Sinhá Moça em 1986 na rede Globo.
Souto se apresentou pelos principais palcos do Brasil, tais como Maracanãzinho, Anhembi, Olímpia, Teatro Amazonas, Teatro da Paz, Teatro Castro Alves, Teatro Carlos Gomes, Teatro Plácido de Castro, Dragão do Mar e outros tantos.
MÚSICA E POESIA (DIVULGADO COM EXCLUSIVIDADE PARA CONTILNET)
Sergio Souto
A música é uma mulher que me ama
A poesia uma mulher que me deseja
Um misto de necessidade e paixão
Um coração em calmaria que troveja.
A música me excita
A poesia me acalma
Juntas me completam
E aquecem minha alma.
A música me chama
A poesia me espera
E em mim se reinventam
E às vezes me dilacera.
A música me faz zen
Enquanto a poesia grita
Ambas me fazem bem
Deixam a emoção explícita.
A música me embriaga
A poesia me alimenta
Sobrevivem de mãos dadas
Uma é oito e outra oitenta.
A música é meu capataz
A poesia é a minha estrada
Minha estrela mais brilhante
Quando chega a madrugada.
A música somos nós
Logo nós somos poesia
Somos mares turbulentos
Sussurros de ventanias.
Um caso sério de amor
Cheio de glórias, fracassos
Mas que acabam sem pudor
Enlaçados entre abraços…