A Apple liberou informações detalhadas sobre quais funções podem ser prejudicadas pelo gerenciamento de energia no iPhone. A prática, que consiste em diminuir o desempenho de celulares antigos para preservar a bateria, foi revelada recentemente pela companhia e causou polêmica entre os usuários. A companhia chegou a pedir desculpas.
Segundo o texto, baterias com íon de lítio, quando envelhecidas, podem provocar desligamentos repentinos no smartphone, o que tornaria o dispositivo “não confiável ou inutilizável”. Dessa forma, as versões 10.2.1 e 11.2 do iOS incluem limitações a certas funções de modelos anteriores ao iPhone 7 (e 7 Plus), o que serviria justamente para evitar essas situações.
Funções prejudicadas
De acordo com a Apple, antes de derrubar o desempenho de qualquer função, são analisados aspectos como temperatura do aparelho, além de estado de carga e impedância da bateria. Somente se algum risco for encontrado, o gerenciamento entra em ação, buscando equilibrar o desempenho máximo de componentes como o processador e a placa gráfica. Com isso, em alguns casos, os seguintes sintomas podem ser observados:
- Aumento no tempo de inicialização de aplicativos
- Menores taxas de quadros durante a rolagem de tela
- Escurecimento da luz de fundo
- Volume do alto-falante mais baixo em até -3 dB
- Reduções graduais da taxa de quadros em alguns apps
- Flash da câmera desativado como visível (em casos extremos)
- Apps sendo atualizados em segundo plano podem exigir recarregamento após a inicialização
- iPhone SE, lançado em 2016, também passou pelo gerenciamento de bateria da Apple
Funções que não sofrem alteração
A companhia garante que várias das funções principais dos smartphones não são prejudicadas pelo gerenciamento, como a qualidade de fotos e vídeos capturados. A seguir, veja a relação de elementos que devem permanecer intactos.
- Taxa de transferência de rede e qualidade de chamada de celular
- Qualidade de fotos e vídeos capturados
- Desempenho de GPS
- Precisão da localização
- Sensores como giroscópio, acelerômetro, barômetro
- Apple Pay
Entenda a polêmica
Após usuários do Reddit perceberem uma mudança significativa na performance de iPhones mais antigos, o desenvolvedor John Poole, do Geekbench, decidiu monitorar seus celulares durante alguns meses e registrou uma queda no desempenho da CPU após atualizações para o iOS 10.2.1 ou 11.2.0. A mudança era drástica, fazendo com que o pico máximo do processador caísse de 2.350 MHz para 600 MHz. Os aparelhos afetados seriam o iPhone 6 (lançado em 2014), iPhone 6S (2015), iPhone SE e iPhone 7 (ambos de 2016).
Em nota ao site The Verge, a Apple admitiu que seu smartphones ficavam mais lentos de propósito, alegando que a prática servia para evitar o desgaste das baterias. Na ocasião, o porta-voz acrescentou, ainda, que esse procedimento poderia se repetir em modelos mais novos no futuro.
A revelação causou revolta nos consumidores da marca, o que acabou rendendo processos contra a Apple nos Estados Unidos e na França, país no qual a obsolescência programada é ilegal. Para tentar se redimir, a fabricante emitiu, na noite da última quinta-feira (28), um pedido de desculpas com a oferta de desconto no preço da substituição de baterias.
A troca de bateria deverá ocorrer ao redor do mundo durante 2018. No Brasil, a Apple afirma que os donos de iPhones, atingidos pelo problema, também poderão participar do programa de troca de baterias antigas. A fabricante anunciou um desconto de R$ 300 na substituição do componente defeituoso. Com isso, o novo preço pelo serviço passa a ser de R$ 149. A medida começa a valer a partir do final de janeiro, segundo a empresa, e ocorrerá ao longo de 2018.
Atualmente, o custo da troca de bateria do iPhone chega a R$ 449 em lojas da marca e assistências técnicas afiliadas. Outras empresas cobram até metade do valor praticado pela companhia.