Coletiva
A governadora em exercício, Nazareth Araújo (PT), fará na manhã desta quarta-feira (10) uma coletiva de imprensa a fim de apresentar uma tal ‘carta de investimentos’ do governo estadual.
Perspectiva
Às vésperas das eleições, o governo pretende injetar, no setor da construção civil, cerca de R$ 646 milhões, segundo a assessoria de imprensa estatal. Não deixa de ser uma boa notícia para empresários e trabalhadores do ramo – os primeiros por amargar a inadimplência do Estado, que em alguns casos beira quatro meses, e os últimos pela oportunidade de remuneração neste grave período de desemprego.
Municípios isolados
Desse total, R$ R$ 315 milhões serão destinados à pavimentação e saneamento, tanto na capital como no interior, em especial nos quatro municípios mais isolados do Acre – Santa Rosa, Jordão, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo. Na recuperação de ramais, supostamente serão investidos R$ 94 milhões.
Agrado
As boas notícias param por aí – e com a ressalva de que investimentos em infraestrutura agradam sobremaneira aos empreiteiros, que no Brasil, incluindo, claro, o Acre, são os maiores financiadores das campanhas eleitorais.
Mais do mesmo
Em relação à segurança pública, o governo não deverá apresentar qualquer novidade, haja vista o relato da assessoria de imprensa ter se restringido às reformas e ampliações dos presídios, além da recuperação de dois centros socioeducativos.
Clareza
A ‘carta de investimentos’, portanto, esclarece qual será a prioridade do governador Tião Viana neste ano: contentar os empresários da construção civil e impressionar os eleitores, já cansados de 20 anos de comando petista no Acre. O resto é floreio.
Vida de aposentado e um palpite da coluna
Candidato a permanecer em casa após o término do seu mandato, no dia 31 de dezembro deste ano, enquanto usufrui da pensão inconstitucional de ex-governador, Tião Viana encarregou a sua vice de apresentar as ‘boas novas’ para 2018. Conclusão: Nazareth Araújo certamente será candidata, e a coluna arrisca que ao cargo de deputada federal.
Releitura
Na edição de ontem falamos sobre os cargos comissionados da prefeitura da capital e do tamanho da estrutura do município em comparação a Curitiba, uma cidade com mais de 2 milhões de habitantes. Quem nos leu soube que os nomeados por Marcus Alexandre somam 444 pessoas, ao custo anual de R$ 23,8 milhões, e que a prefeitura local tem 31 órgãos, contra 32 do Executivo municipal curitibano.
Acre vs. Mato Grosso do Sul
O colunista resolveu comparar quantas secretarias têm o governo do Acre em relação a Mato Grosso do Sul, Estado governado pelo tucano Reinaldo Azambuja. E o resultado é estarrecedor: 23 contra 10!
Confronto de informações
Com 13 secretarias a mais que MS, não surpreende que o petista Tião Viana esconda o número de cargos comissionados de sua administração. Mas isso nós já dissemos. O mais relevante, no momento, decorre da confrontação de outros dados relativos aos dois Estados. Vamos a eles.
Primos ricos
Com população estimada pelo IBGE em 2,7 milhões de habitantes, Mato Grosso do Sul tem IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,729 – o que o coloca entre os dez primeiros Estados nesse ranking. O rendimento nominal mensal domiciliar per capita dos sul-mato-grossenses é R$ 1.283.
A face da pobreza
Quanto ao Acre, sua população, segundo o IBGE, é de pouco mais de 829 mil almas, e o IDH, 0,663 – o que nos coloca na outra ponta da tabela. Quanto ao rendimento nominal mensal domiciliar per capita, ele foi calculado em meros R$ 761.
Pergunta que não quer calar
A questão a ser formulada é a seguinte: como pode um Estado pobre como o nosso manter uma máquina administrativa que, só em número de secretarias, supera em quantidade a de um Estado maior, mais rico, populoso e complexo que o Acre?
Elementar
Responder a essa questão é simples, bem como concluir por quais razões o PT se mantém no governo há quase 20 anos, e na prefeitura da capital há mais de 13.
Registro
Este colunista se deparou com o interessante registro sobre uma parceria firmada em 2014 pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDS) com o governo federal.
Repasse
Trata-se do convênio nº 813491/2014, assinado entre o representante da SEDS à época com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) do governo da ‘presidenta’ Dilma Rousseff. A parceria previa repasse de recursos para a compra de alimentos para os haitianos acolhidos pelo governo na região do Alto Acre.
Duas questões apenas
Duas indagações a respeito desse caso: 1) por que só agora, depois de dois anos decorridos da data do repasse feito pela União ao governo do Acre, o recurso foi restituído? E 2) por que o governador se deu ao trabalho de solicitar dinheiro para alimentar os haitianos quando temos centenas de pessoas nas periferias da capital e do interior que há muito tempo não sabem o que é fazer três refeições ao dia?
Adendo
E se Tião Viana conseguiu mais de R$ 1 milhão da União para alimentar os imigrantes, por que o mesmo empenho não foi empregado para garantir recursos para a segurança pública? Houvesse feito isso, não estaria o governador a pôr a culpa pela violência galopante no governo de Michel Temer, certo?
À disposição
Este espaço está aberto aos comentários e explicações dos representantes da SEDS ou da Secretaria de Comunicação do Estado sobre o tema abordado acima. E, com base na Lei de Acesso à Informação, continuamos no aguardo dos dados sobre a quantidade de comissionados no governo e o impacto financeiro causado por eles no orçamento do Estado.