Palavras do Agripino
Este colunista acompanhou a divulgação, na noite desta quarta-feira (31), do áudio em que o presidente da executiva nacional do Democratas, senador José Agripino Maia (RN), afirma que o partido não terá candidatura própria ao governo estadual.
Mantido
O ex-prefeito de Acrelândia Tião Bocalom, timoneiro local do DEM, foi ouvido pelo ac24horas, e disse ter sido uma “descortesia muito grande do [senador] Gladson vazar uma tratativa com o presidente nacional” do seu partido, para em seguida assegurar que a pré-candidatura do coronel Ulysses Araújo ao governo “está mantida”.
Ponderações necessárias
É preciso fazer algumas considerações a respeito – mas, antes, tratemos de ler a transcrição da mensagem enviada por Agripino. Segue abaixo.
Palavras do presidente
“Governador Gladson, eu tive hoje de manhã uma conversa com… O Bocalom me ligou, não foi uma conversa fácil. Eu disse a ele que o partido não tinha como prioridade a eleição de um candidato do partido ao governo [do Acre], que a nossa prioridade não era essa, que os recursos do partido iam ser destinados às campanhas que nós tivéssemos como prioridade. E marquei uma conversa no começo de fevereiro – Bocalom, Alan Rick e eu, em Brasília. Essas são as novidades. Essa conversa foi hoje de manhã cedo”, informa Agripino Maia.
Estopim
O jornalista Ray Melo ouviu Tião Bocalom, que confirmou a autenticidade do áudio, além de afirmar que o vazamento seria uma tentativa de Gladson de ‘prejudicar a pré-candidatura do Coronel Ulysses’, da qual ele não abre mão por acreditar em sua viabilidade.
Coices ao vento
“Foi uma descortesia muito grande do Gladson vazar uma tratativa dele com o presidente nacional de um partido. Isso é ruim para democracia e ruim para a confiança, ruim para a relação, ruim para mim. Enfim, ruim para todos nós”, disse Bocalom.
Fazendo água
Não há no áudio nada de sigiloso ou comprometedor – a não ser para o próprio Bocalom, cuja insistência em manter a pré-candidatura ao governo do coronel Ulysses pelo DEM faz água.
Autocrático
Ademais, Bocalom parece ter uma concepção muito particular sobre democracia, uma vez que na última reunião da executiva regional do Democratas, a maioria dos seus integrantes saiu convencida de que o melhor caminho é que o partido indique o vice de Gladson Cameli. Só o ex-prefeito de Acrelândia acredita no contrário. E faz do DEM a arena onde reina a autocracia.
Memória curta
Bocalom também acredita que tudo é culpa de Gladson, esquecendo que este prefere o médico Eduardo Veloso em seu palanque – e que a cantada em que caíram os dirigentes do DEM foi data pelo MDB de Flaviano Melo, após a malsucedida encenação do tucano Wherles Rocha em apresentar a irmã como pré-candidata ao Senado pelo PSDB.
Cuidado com o andor
O ex-prefeito tem o trunfo de ser um dos nomes mais viáveis para a Câmara Federal – critério que pesa nas decisões das executivas nacionais – mas não pode achar que isso seja o suficiente para passar por cima das decisões da instância mais alta do seu partido.
Brinde da coluna
O senador Jorge Viana é novamente brindado como protagonista desta coluna – desta vez por ter tecido críticas ao Código Penal Brasileiro (CPB), que segundo ele beneficia os homicidas com penas diminutas. “Pra uma pessoa ficar presa dez anos, ela tem que matar quatro”, calcula.
Sem limite
Mas enquanto critica o CPB, Viana deplora a redução da maioridade penal. E assina projeto de lei no Senado que amplia de três para oito anos o limite da internação de jovens menores de 18 anos – mesmo que eles tenham matado quatro, cinco ou 20 pessoas!
É cada coisa!
Ora, sob a desculpa de que os crimes hediondos praticados por menores devam acarretar penas mais severas, Jorge Viana propõe mudar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). E ao invés de internação de três anos, propõe oito – em locais que não sejam os presídios.
Perguntar não ofende
Como pode alguém criticar o Código Penal pela leniência com os homicidas e, ao mesmo tempo, contemporizar os crimes de homicídio cometidos por menores de 18 anos? É uma questão à qual o senador do PT precisa responder.
Cartilha
Como a coerência nunca foi o forte do PT – haja vista os sofismas criados pelos companheiros para justificar a roubalheira nas estatais ou com o objetivo de inocentar o ladrão-mor do partido –, a questão é que o senador Jorge Viana precisa agradar à população que não aguenta mais viver refém da violência, sem que isso signifique um rompimento com a cartilha de esquerda.
Registro
Segundo matéria publicada neste site, o parlamentar petista fez ainda uma visita ao irmão e governador Tião Viana, durante a qual ‘demonstrou intensa preocupação com a dimensão que vem tomando o crime no Acre e [com a] escassez de recursos federais para apoiar as frentes de combate do Estado’.
Patuscada
Este colunista faz a seguinte ressalva: não faltam apenas recursos federais para combater a criminalidade, como também faltam investimentos próprios na segurança pública, conforme se pode ver na LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2017. Ali estão sacramentadas as prioridades do governo do irmão quando se trata da Polícia Militar (que recebeu pouco mais de R$ 7 milhões no ano passado) e da Secretaria de Comunicação (cujo orçamento foi de mais de R$ 13 milhões).
Basta de chorumela!
Pra resumir, vamos parar com essa palhaçada de colocar a culpa da violência no Acre – e também da falta de vigilância nas fronteiras – no governo Temer. O PT daqui vai completar duas décadas no governo, e Lula e Dilma tiveram quase 15 anos para resolver os problemas fronteiriços – o que ninguém fez.