Ninguém suporta mais ouvir que a culpa da violência no Acre é do governo federal

Em brancas nuvens

A violência no Acre ganha contornos cada dia mais assustadores. E é claro que o assunto persegue o governador Tião Viana, que certamente não se dá conta da gravidade do problema porque 1) seus assessores não costumam lhe dar más notícias e 2) ele é protegido, junto com a família, por nada menos que 90 policiais militares.

Ausente

Talvez por causa de tema tão espinhoso, Tião Viana tenha deixado de comparecer à abertura dos trabalhos na Assembleia Legislativa, na última terça-feira, enviando em seu lugar a sua chefe de gabinete, Márcia Regina. E graças a ele, sua patota é obrigada a desfazer boatos sobre a troca do vice na chapa do pré-candidato ao governo pelo PT, Marcus Alexandre – que vem a ser justamente o secretário de Estado de Segurança Pública, Emylson Farias.

Burros n’água

Desincumbido de comparecer à Aleac, Tião Viana se arriscou em se apresentar ao evento de abertura das atividades do Judiciário no Acre, fiado talvez de que o clima lhe seria mais ameno – no que deu com os burros n’água.

Sem controle

A tendência de Tião Viana e do irmão, senador Jorge Viana, de empurrar para o governo federal os problemas da violência no estado foi o ponto de ebulição do evento. A começar pela advertência feita pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Acre, Marcos Vinícius Jardim Rodrigues, que disse o seguinte: “Essa é uma situação que não pode ser debitada a um partido, a um grupo. O sistema carcerário brasileiro alimenta a criminalidade”.

Fim da picada

Marcos Vinícius foi além, ao citar o fechamento da Papudinha como indício de que a criminalidade perdeu o receio dos poderes constituídos, e emendando à essa tese outra mais, segundo a qual o ‘dono da boca de fumo’ faz dentro do presídio – e com mais segurança – o que costuma fazer nas ruas. “É o estado a garantir segurança para que aquela pessoa cometa crimes”, alfinetou.

Problema complexo

Nem mesmo a procuradora-geral do estado, Kátia Rejane, deixou de citar o contrassenso de um discurso que tenta responsabilizar o governo federal pelo que ocorre diante dos olhos do governador do PT. “A violência urbana não tem explicação simplória e nem soluções mágicas. O problema é complexo. E o momento não é de atribuir culpa ou achar culpados”, argumentou.

No alvo

As palavras de Kátia Rejane também acertaram em cheio o pronunciamento do senador Jorge Viana no Senado, segundo o qual a violência no Acre e no Brasil é resultante do desemprego – sobretudo entre os jovens – e do corte nos programas sociais feito pelo governo Temer.

Cinismo

Para o ex-deputado e atual pré-candidato ao Senado pelo MDB, Marcio Bittar, trata-se do mais puro cinismo falar que o problema se resume a desemprego e pobreza, sendo que países como Bolívia e Índia, no que pese serem mais pobres que o Brasil, não apresentam índices de violência tão alarmantes.

Números não mentem

Contra a afirmação de que a criminalidade no Acre tem origem no narcotráfico, e que deste deveria cuidar o governo federal, Bittar cita o caso da cidade de Campo Grande, que apresentou em 2017 menos da metade dos casos de violência que ocorreram em Rio Branco, sendo que aquela também capital de um Estado – como o Acre – que faz fronteira com dois países produtores de drogas (a Bolívia e o Paraguai).

Cartilha própria

Alheio, porém, às advertências dos representantes da OAB e da Procuradoria-Geral do Estado – e fiel à própria cartilha da autovitimização –, o governador Tião Viana voltou à ladainha de que a culpa pelo que ocorre no Acre (a ponto de colocar Rio Branco em segundo lugar no ranking das capitais mais violentas do país) é do governo de Michel Temer.

Na mosca!

Estudioso dos regimes de esquerda mundo afora – e História adentro –, Olavo de Carvalho observou com propriedade que a primeira coisa a crescer sob o comunismo e o socialismo é a violência. A Venezuela é o exemplo mais contundente que temos na vizinha. E o Brasil e o Acre, sob os governos do bolivarianismo petista, ingressaram pelo mesmo caminho.

Pragmatismo político

Mais pragmático que Tião Viana com sua irritante chorumela em torno de um tema que lhe pertence por demérito, o senador Gladson Cameli (Progressista) tratou de fazre o que os companheiros não fizeram: procurou o presidente Temer a fim de pedir auxílio do governo federal no combate à violência no Acre.

Força Nacional

No site do governo federal, pode-se ler que a Força Nacional irá permanecer até junho deste ano nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Sergipe. As ações fazem parte do Plano Nacional de Segurança Pública, e a meta nos estados citados é reduzir o número de homicídios dolosos e crimes de violência contra a mulher.

Incapaz de admitir

E por que a Força Nacional não está no Acre, bem como as Forças Armadas nunca fizeram incursões na periferia da capital e do interior para combater o crime organizado? Ora, porque isso, talvez, fosse a admissão da própria incapacidade em debelar a criminalidade.

Depois de 20 anos de poder

A admitir a incompetência do atual governo no setor da segurança pública, Tião e Jorge Viana preferem a patacoada de que nada têm a ver com o grave problema do crescimento da violência no estado.

A vida como ela é…

E enquanto eles procuram um bode expiatório sobre o qual jogar as próprias culpas, nós, a patuleia miserável, seguimos a enterrar os nossos mortos…

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