A renúncia do engenheiro civil Marcus Alexandre Viana à Prefeitura de Rio Branco fará com que o Partido dos Trabalhadores (PT) perca seu único representante entre as prefeituras das 26 Capitais.
A reeleição de Marcus ainda no primeiro turno das eleições de 2016 foi vista como um “trunfo” após o partido perder nos maiores colégios eleitorais. A derrota nas urnas foi vista como consequência das denúncias de corrupção envolvendo o PT na Operação Lava Jato.
Com a escolha do prefeito para ser o candidato do PT à sucessão de Tião Viana, a prefeitura da Capital cairá no colo da professora Socorro Neri, filiada ao PSB. A única forma dos petistas se manterem (pelo menos de direito e não apenas de fato) à frente da gestão municipal é fazendo com que Neri assine sua ficha de filiação à legenda.
Metamorfoses
Meses antes de ser anunciada como a vice de Marcus Alexandre, Socorro Neri estava no PSDB e era apontada como a candidata dos tucanos. Desentendimentos internos, porém, fizeram a professora universitária abandonar o ninho do tucanato.
Apesar de oficialmente a gestão da prefeitura não ficar com o PT, a tendência é que o partido continue a dar as cartas. Os petistas se manterão no controle da máquina municipal.
Pelas regras eleitorais, Marcus Alexandre precisa deixar a cadeira de prefeito até o dia 7 de abril, seis meses antes das eleições. Procurada, a assessoria do prefeito não informou a data oficial da renúncia. Já Socorro Neri vai exercer um mandato-tampão até 2020.
Trajeto interrompido
Não é só Marcus Alexandre que abandonará o cargo no meio do caminho. Seu principal adversário, o senador Gladson Cameli (Progressistas), também terá que largar o mandato em Brasília se for eleito governador em outubro.
Abandonar o trem em pleno movimento é um dos maiores desgastes para o currículo de um político. E o PT sabe usar como ninguém essa tática. Agora o feitiço parece estar contra o feiticeiro, pois o partido se vê obrigado a abandonar a Prefeitura de Rio Branco para assegurar o vianismo no poder.
Neófito na política ao se lançar candidato a prefeito em 2012, Marcus Alexandre usou como principal arma para desgastar seu concorrente e então favoritos nas pesquisas, Tião Bocalom (à época PSDB), a imagem de que, se eleito, Bocalom usaria a prefeitura apenas como trampolim para disputar o governo dali dois anos. A estratégia deu certo, Marcus Alexandre virou o jogo e venceu a disputa.
Desta vez é Marcus Alexandre quem precisará se explicar ao leitor sobre o porquê de abandonar a prefeitura em um momento no qual a cidade enfrenta grave crise de infraestrutura (com as ruas tomadas por buracos), e outras deficiências em setores como a saúde.