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Daniel Zen descarta reapresentação de Projeto de Lei da terceirização da saúde

Por ARCHIBALDO ANTUNES, DA CONTILNET

Recuo 
Depois de sofrer uma humilhante derrota na Assembleia Legislativa, onde mantém o apoio da maioria dos deputados, o governador de Tião Viana cogitou reapresentar o projeto que transfere às Organizações Sociais a gestão do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) e das três UPAs da capital.

Guinada
É possível deduzir que houve muita discussão entre os companheiros integrantes do staff oficial antes de se chegar à conclusão de que o mais sensato é engolir o choro e esperar a poeira baixar.

Porta-voz
A informação de que Tião Viana desistiu de reapresentar o PL da terceirização na saúde partiu do deputado Daniel Zen (PT), líder do governo na Aleac. Ele descartou a possibilidade de se recorrer a dispositivos do Regimento Interno da Casa que possibilitam a reapresentação da proposta.

Elementar
Até ontem não havia uma explicação oficial para o recuo. Mas a lógica dos fatos facilita a dedução: o governo vislumbrou a ampliação do desgaste político decorrente da manobra. E certamente considerou a possibilidade de amargar um segundo fiasco na nova votação – o que haveria de desmoralizar ainda mais o governador Tião Viana.

Recomendação de leitura
Sobre esse assunto, o presidente do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC), Dr. Ribamar Costa, escreveu artigo intitulado “Daniel Zen precisa respeitar o povo acreano”. No texto, o autor repudia a manobra aventada pelo Executivo Estadual.

Modus operandi
Costa acusa o governo de atropelar os órgãos de controle sociais, a exemplo do Conselho Estadual de Saúde (CES), o próprio Ministério Público do Acre e as entidades sindicais, “ignorando a necessidade de debate e o cumprimento da legislação, tentando emplacar extrema urgência na proposta de entregar o serviço de saúde para uma ONG sem procedência alguma”.

Caos
O articulista assegura ainda que a derrota do governo na Aleac minimizou o atual quadro de abandono do setor, decorrente da má gestão na saúde. E cita a ‘coleção’ de obras inacabadas, algumas das quais paradas há mais de uma década, tanto na capital quanto no interior do Estado.

Atroz indiferença
No artigo, o presidente do Sindmed denuncia a falta de médicos especialistas no interior, um problema conhecido da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), mas para o qual o governo não apresenta nenhuma solução. E assevera que a precariedade da política de fixação dos médicos nas regiões mais isoladas do Acre desrespeita as leis e já se mostrou ineficaz.

A sete chaves
Deputado federal Alan Rick já tem os nomes que haverão de compor a executiva estadual do Democratas no Acre, que ele garante assumir, nos próximos dias, no lugar de Tião Bocalom. Mas se recusou a revelá-los à coluna.

O DEM fica
Alan está em Brasília e conversou, ontem à noite (19), por telefone, com este colunista. Ele reiterou que o DEM permanecerá na aliança do senador Gladson Cameli, pré-candidato ao governo do estado pelo Progressista.

Pragmatismo
O fator preponderante na decisão de manter o partido na coligação capitaneada por Gladson se baseia em nas “plenas condições” que ele tem de vencer as eleições contra o petista Marcus Alexandre, disse Alan.

Qualidades
Ao contrário do que afirmam os dissidentes da aliança, entre os quais alguns membros do MDB, Alan Rick ressaltou a postura ‘democrática’ de Cameli, o que o leva a ‘ouvir todo mundo’ antes de tomar suas decisões. E acrescentou que apesar dos tropeços cometidos, o senador ‘tem a humildade de reconhecer os próprios erros’.

Apoio integral
Perguntado se Tião Bocalom continuaria bem-vindo no DEM após a mudança no comando do partido, Alan foi enfático: “Desde que ele apoie o Gladson para o governo, sim. Mas como ele se diz um homem de palavra, e prometeu apoio ao Ulysses, creio que deverá sair do partido. O DEM vai pra campanha do Gladson inteiro”.

Quem manda, afinal de contas?
O ex-prefeito de Acrelândia não foi encontrado para comentar as afirmações de Alan Rick. Um dos seus apoiadores, que concordou em falar sob a garantia de não ter o nome revelado, afirmou desconhecer a decisão da nacional do partido de passar o comando da sigla no Acre ao deputado federal. “É só você pesquisar no site do TRE [Tribunal Regional Eleitoral] pra ver que o Bocalom continua presidente”, garantiu.

Alternativas
Ainda assim, nossa fonte garantiu que se o Democratas mudar de mãos, Bocalom já está sendo aguardado em outras siglas, as quais não foram reveladas.

Reformulação
O certo é que o projeto nacional de refundação do DEM impactou nos diretórios de vários estados. Como o partido pretende apresentar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), como candidato ao Palácio do Planalto, a ‘remodelagem política’ foi a estratégia encontrada pelos experts para tentar turbinar Maia.

Direita, volver!
A mudança foi tão radical que até o símbolo do Democratas mudou. Outra transformação, esta causadora de descontentamento, foi o anúncio de que o DEM deixa de ser de direita para se deslocar para o centro. O deputado Alan Rick, acompanhado por Onyx Lorenzoni, entre outros, foi um dos que questionaram essa decisão. E garante que apesar disso continuará a atuar com base no ideário do “liberalismo econômico e do conservadorismo nos costumes”.

Aritmética simplificada
Tem gente fazendo as contas erradas ao afirmar que a divisão da oposição favorece o PT. Ora, numa eleição de dois turnos, qual partido de oposição vai se juntar à campanha de Marcus Alexandre no segundo tempo?

Precaução e caldo de galinha
No entanto, há que se ter bom senso de ambos os grupos – falo da turma que vai de Gladson e dos que acompanharão Ulysses. Bate-bocas, ataques virtuais, calúnias de uns contra o candidato dos outros são ingredientes que, aí sim, haverão de favorecer os petistas.

Convergência
A propósito, o pré-candidato ao Senado pelo MDB, Marcio Bittar, e a esposa do senador Gladson Cameli, a advogada Ana Paula, convergem neste ponto de vista. Ambos defendem que se faça uma campanha limpa, sem ataques de lado a lado e com respeito às opções de cada um.

Reinado do bom senso
A julgar pelo cenário atual, com o desgaste das manchetes a manchar o PT e a ameaçar seu pré-candidato ao governo, certamente teremos uma eleição de dois turnos. E será então que a matemática irá prevalecer. Mas a aritmética só haverá de beneficiar a oposição se os seus líderes se dedicarem à construção de um ambiente político pautado pelo bom senso.

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