Entre traficantes e militantes: a guerra de duas frentes no Rio

A falência da segurança pública carioca já é óbvia há anos para o resto do país. Sofrendo com forças policiais sucateadas e uma bandidagem com controle crescente de suas instituições públicas, o Rio de Janeiro merecia uma intervenção federal fazia tempo. A atuação dos militares, bem equipados e livres de dar satisfação aos conchavos locais, pode ser decisiva para fazer uma limpa tanto nas ruas quanto na burocracia estadual.

O general Braga Netto é um nome qualificado para o cargo de interventor, tendo profundo conhecimento do modo como o crime organizado do Rio opera e se organiza. O problema é que sua missão não depende só de currículo. Como tudo que envolve segurança pública no Brasil, questões legais e políticas predominam na hora de lidar com a bandidagem.

Enquanto o tráfico pode superar efetivos policiais isolados em poder bélico, ele não tem chance contra uma força militar bem treinada e equipada. O uso de táticas de guerrilha pode enrolar a PM, mas teria vida curta perante tropas especializadas em contrainsurgência. Aí mora a primeira dificuldade: as regras de engajamento para a intervenção basicamente proíbem os militares de fazerem bom uso de sua excelência no combate.

O Rio lida com uma guerra de baixa intensidade e assim ela deve ser tratada

As reformas legais defendidas pelo comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, são do mais básico bom senso. Pedir autorização para o uso de força letal contra criminosos armados, dispensando aviso prévio ou início de ação hostil, é quase uma súplica para que se deixe os militares lutarem com a intenção de vencer. O mesmo vale para que eles respondam à Justiça Militar em vez da instância comum.

A resistência a tais medidas mostra que ainda há forças que não enxergam, ou se negam a enxergar, que o Rio lida com uma guerra de baixa intensidade e assim ela deve ser tratada. Se partes do território estadual estão tomadas por um poder paralelo que usa armas vistas em conflitos do Oriente Médio, é óbvio que não brincamos de polícia e ladrão.

Disso nós tiramos o segundo problema: a militância oportunista da extrema-esquerda contra as tropas federais. Desde que a intervenção foi anunciada, sobram políticos, artistas e jornalistas fazendo um circo contra a medida. São ilustrativos os atos anti-intervenção vistos nas manifestações após o assassinato da vereadora Marielle Franco: acusações covardes contra os militares, sem respaldo do que dizem as investigações, buscam sujar a imagem das Forças Armadas através de uma difamação incessante.

O mesquinho interesse dos radicais de esquerda é seu próprio desempenho nas eleições, que pode ser prejudicado pelo sucesso da intervenção. Afinal, se o Exército melhorar a situação do Rio mandando bala na bandidagem e moralizando as instituições cariocas, a credibilidade do discurso vitimista afunda de vez. Os militantes vermelhos preferem colocar nossas tropas em perigo, trazendo o máximo de burocracia e pressão contra seu trabalho, a verem sua narrativa na propaganda eleitoral ser ainda mais rejeitada pelos brasileiros.

Fica claro, portanto, que esta guerra não é só entre militares e bandidos, mas também entre o Brasil decente e os militantes da barbárie. Os cidadãos que apoiam as Forças Armadas devem expressar isso vocalmente, não deixando que sejam sabotadas por uma força política que torce pelo seu fracasso. A vitória no Rio pode ser o início do reforço na segurança pública do país inteiro, e uma virada de mesa da sociedade contra a bandidagem. Nessa luta, são nossas próprias vidas que estão em jogo.

Luiz Guilherme de Medeiros é diretor do Instituto Liberal do Centro-Oeste.

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