Mais uma vez o péssimo atendimento no setor da Saúde no Estado do Acre foi exposto durante encontro em Brasília, na plenária das Associações dos Pacientes Renais Crônicos e Transplantados de todo país, evento ocorrido na tarde desta quinta-feira (8), na Capital federal.
O presidente da Associação dos Pacientes Renais e Transplantados do Estado do Acre (APHARTAC), Vanderli Ferreira, lamentou dizendo que não existe atenção mínima para os pacientes que precisam fazer desde as hemodiálises, antes e durante os transplantes, e ainda a falta de médicos e medicamentos básicos.
“É lamentável. No meu Estado, um médico é o governador, mas trata a área da saúde sempre em último lugar”, disse Vanderli durante o seu discurso aos representantes dos pacientes renais crônicos de outros Estados.
No entanto, esta semana o governador do Acre, Tião Viana, comemorava nas redes sociais, segundo ele, que o Estado que ele governa é referência em transplantes de órgãos no país. O seu porta-voz, Leonildo Rosas, chegou a ironizar adversários políticos sobre esses resultados “positivos”. Rosas escreveu:
“Os torcedores do atraso piram. Saiu os dados (sic) da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. O pequeno e enjoado Acre aparece na quinta posição em transplante de fígado. É o primeiro do Norte, o segundo Norte e Nordeste. Estamos à frente de estados como São Paulo. Só isso. Ah, essa é mais uma ousadia do médico chamado Tião Viana”, escreveu Rosas em sua página no Facebook.
Paralelo o dito, que uma mentira contada mil vezes se torna uma verdade, a reclamação de quem sofre na pele o problema da falta de atenção na saúde, antes e pós-operatório dos transplantes, foi exposto também nas redes sociais pela paciente Berenice Sales Silva.
“Tô aqui pensando com meus botões, hoje é dia da mulher, tudo que eu queria de presente era conseguir fazer meu exame pós transplante, mas não tem reagente no hospital das clínicas de Rio Branco – Acre. Está faltando reagente já faz bastante tempo e ninguém faz nada. Já coletei o sangue 3 vezes e foi jogado no lixo. A superintendente do Hospital Juliana e a chefe do laboratório, Rose, também prometeu que ia ‘dá’ certo dessa vez, mas infelizmente ficou só na promessa, SERÁ QUE VAI APARECER ALGUÉM PARA AJUDA OS TRANSPLANTADOS DO ACRE?”, implorou Berenice por ajuda em sua página na rede social.
Ainda na plenária em Brasília, Vanderli denunciou que pacientes de outros municípios que precisam fazer hemodiálise na Capital chegam a passar fome, porque não existe uma casa de acolhimento para quem vem do interior e não tem parentes ou amigos morando em Rio Branco.
“Eu mesmo, que sou do Vale do Juruá, em Cruzeiro do Sul, já cheguei a passar fome em busca de tratamento lá em Rio Branco. Sem contar que o setor de nefrologia é pequeno para a grande demanda de pacientes que ficam na fila de espera para fazer as sessões. Às vezes, os procedimentos terminam 2h, 3h da madrugada, é uma luta constante pela vida”, lamentou o representante dos pacientes renais e transplantados do Acre.
A reportagem procurou a direção do hospital das clínicas para comentar sobre a falta de medicamentos entre as reclamações citadas na matéria, mas os funcionários informaram que, como hoje é feriado, nenhum responsável pelo hospital se encontrava na unidade de saúde.