Depois de realizar, dois dias atrás, uma manifestação pública contra a iniciativa do governo de transferir de endereço as instalações do Centro de Apoio aos Deficientes Visuais do Acre (CAP-AC), a associação que representa o segmento no estado emitiu nota de repúdio contra a ‘irrevogabilidade’ da decisão.
A mensagem lamenta que “um assunto tão delicado, que envolve pessoas com deficiência visual” tenha sido deliberado sem a convocação da entidade para opinar sobre a mudança.
Na última segunda-feira (23), um grupo de deficientes visuais fechou parte da Rua Osmar Sabino e da Avenida Ceará, no bairro Estação Experimental, em Rio Branco, a fim de protestar contra a transferência de endereço do CAP-AC. Eles alegam não ter sido chamados para opinar sobre a mudança. E reclamam das condições do novo prédio, no que diz respeito à falta de corrimões, calçada, desenho arquitetônico e inexistência de parada de ônibus próxima.
Por meio de nota, a Secretaria de Educação e Esporte do Acre (SEE) informou que técnicos do órgão teriam iniciado as adequações no Núcleo Estadual de Tecnologia Assistiva (Neta) para receber os deficientes.
Mas para o coordenador da Associação de Pessoas com Deficiência Visual do Acre (Adevi), Francisco Welinton do Nascimento, os serviços oferecidos pela entidade serão precarizados no novo endereço. Ele sustenta que o ambiente é insalubre e concorrerá para a evasão dos associados, uma vez que as salas são menores.
A mensagem da associação critica ainda a postura autoritária do governo de Tião Viana, ao declarar que a decisão de transferir o CAP é ‘irrevogável’.
Leia, a seguir, a íntegra do texto divulgado pela entidade.
NOTA DE REPÚDIO
Em relação a resposta dada pelo governo na mídia que publicou que a decisão de “transferência” do CAP-AC é “IRREVOGÁVEL”, após a manifestação realizada pelas pessoas com deficiência visual, em frente ao Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual -, CAP-AC, no dia 23/04/18.
Repudiamos e lamentamos em pleno século XXI uma resposta contraditória. Um assunto tão delicado, que envolve pessoas com deficiência visual, que não seja ouvida a opinião dos mais interessados por nossas autoridades. A quem realmente vai atender a inauguração do novo prédio no NETA sem acessibilidade adequada? A quem vai beneficiar a saída das pessoas com deficiência visual da sua própria casa? É melhor que o estado democrático venha lembrar que também somos o povo. E que queremos ter voz de decisão quando nos envolve num processo tão sério de mudança, pois a ADEVI nunca foi convidada oficialmente para participar dessa obra pela Coordenação de Educação Especial e nunca solicitou novo prédio.
Associação dos Deficientes Visuais do Acre – ADEVI