Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) há 11 anos, o dia 2 de abril é celebrado como o Dia Mundial do Autismo. A data foi instituída para estimular a conscientização da sociedade em geral sobre o assunto, além de estimular os debates voltados para o atendimento e para o desenvolvimento educacional de quem nasce com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O QUE É
O TEA é uma é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos.
Embora todas as pessoas com o transtorno partilhem essas dificuldades, são afetadas de diferentes formas e intensidades – ou seja, essas diferenças podem ser aparentes desde o nascimento; ou podem ser mais sutis, se fazendo perceptíveis ao longo do desenvolvimento.
O Transtorno do Espectro Autista também é associado com deficiência intelectual, dificuldades de coordenação motora e de atenção. Em alguns casos, indivíduos autistas têm problemas de saúde física. Entre eles, condições que afetam o sono e as funções gastrointestinais, ou síndrome de déficit de atenção e hiperatividade, dislexia ou dispraxia. Na adolescência, podem existir problemas de ansiedade e depressão.
EM NÚMEROS
Conforme pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2017, o autismo afeta uma a cada 160 crianças, podendo totalizar mais de 65 milhões de autistas em todo o planeta.
Um estudo divulgado pelo CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, revela que uma criança a cada 100 nasce com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os dados revelam um aumento no número de casos de autismo em todo mundo.
Até há alguns anos, a estimativa era de um caso para cada 500 crianças. Com isso, estima-se que no Brasil existem dois milhões de autistas, e o que torna a questão mais grave é o preconceito e a falta de tratamento adequado. As pesquisas ainda revelam que os meninos são mais afetados pelo transtorno do que as meninas.
CONSCIENTIZAÇÃO NA CAPITAL
De acordo com Rosilda Moura, representante do Centro de Ensino Especial Dom Bosco, a unidade educacional atende cerca de 270 alunos dentro do espectro do autismo. “É preciso reconhecer as acessibilidades curriculares como fatores preponderantes ao desenvolvimento do aluno com autismo. Com o diagnóstico precoce, os atendimentos educacional e terapêutico já entram em ação e fortificam o desenvolvimento da pessoa autista”, destacou Rosilda.
Segundo informações da Prefeitura de Rio Branco, será assinada nesta semana a Ordem de Serviço para construção de primeiro Centro de Atenção ao Autista em Rio Branco. A unidade será construída ao lado da Policlínica Barral Y Barral, no Conjunto Tangará, e contará com atendimento integrado à pessoa com autismo. Os recursos que vão financiar a construção do equipamento são do Ministério da Saúde e da Prefeitura de Rio Branco.
“MAIS AMOR E ATENÇÃO”
Diagnosticado aos 2 anos de idade, Kauã de Almeida, atualmente com 4 anos, passou por algumas mudanças significativas, que tiveram como componente essencial o apoio da família e do atendimento especializado.
“Logo quando soubemos, tivemos certo receio, pois não imaginávamos que pudesse ser isso. Mas de forma alguma isso impediu que buscássemos o que ele precisava. Então, ele foi levado à terapia e aos cuidados especializados, que ajudaram muito na interação dele com a família. Temos que seguir algumas dinâmicas com ele – como evitar lugares barulhentos –, mas uma coisa é certa: sempre mais amor e atenção para quem precisa”, disse Elson Pinheiro de Almeida, pai de Kauã.
DESAFIOS
Segundo o presidente da Associação Família Azul do Acre (AFAC), Abrahão Carlos Púpio, ainda existem muitos desafios a serem vencidos na questão do amparo legal às pessoas autistas.
EDUCAÇÃO: “Estamos na luta pela implementação de políticas públicas voltadas para quem possui TEA. O ano letivo começou no dia 5 de março, e ainda existem alunos sem mediadores. Sem isso não há inclusão, já que o mediador auxilia o professor regente da sala na adoção de técnicas próprias, já que autistas possuem problema de comunicação e interação social”.
SAÚDE: “Existe uma falta de acesso aos profissionais. Só temos dois neuropediatras no Acre, sendo que um terceiro vem de fora duas vezes por mês para ajudar. Muitas vezes, uma consulta na Fundação Hospitalar pode levar quase um ano. Além da consulta, também existe o problema do medicamento. Devido ao tempo de espera, como ter acesso à medicação sem receita médica? Sem os medicamentos, alguns ficam agressivos, se automutilam… E alguns ficam com a hiperatividade agravada”.