A grande final do “BBB 18” acontece nesta quinta-feira (19). Tudo leva a crer que será a disputa mais acirrada das últimas edições do programa. O caminho até aqui foi de poucas surpresas em matéria de eliminações. Em um programa de muitas e vaticinantes rejeições, a “final dos sonhos” se desenhou muito cedo e público e produção pareceram trabalhar e torcer Gleici, Kaysar e Família Lima, sob muitos aspectos, cristalizam o que deu muito certo e o que deu muito errado no “BBB 18” .
Foi o primeiro ano do programa em que a edição se sentiu mais à vontade para intervir no jogo, algo que se deu logo na primeira semana com o cuidado ao explicar o modo incomum de demonstrações de carinho no seio familiar dos Lima. Foi também a primeira edição em que as redes sociais pautaram vorazmente a produção, algo que o reality assumiu com graciosidade e espírito esportivo no quadro Big Treta Brasil.
Se não são superlativos, os números da edição de 2018 são sólidos o suficiente para permitir que o programa permaneça como top de linha da Globo e a final desta quinta-feira (19) deve demonstrar, na audiência e no engajamento nas redes sociais, claramente essas circunstâncias.
Kaysar, de 28 anos, despontou como favorito logo no início do programa. O sírio revelou prontamente um aspecto chapliniano irresistível e como todo favorito em qualquer disputa de longo tiro, Kaysar experimentou algum desgaste.
Esse desgaste, no entanto, foi interrompido pela destreza do sírio nas provas de resistência que o favoreceram em dois momentos de grandeza absoluta que, ainda que rumine em polêmicas nas redes sociais, o colocam com favoritismo revigorado nesta final.
Não obstante, a geopolítica internacional parece conspirar a favor do brother. O fato da Síria ser novamente manchete com o bombardeio capitaneado por Trump naquele país, ajuda a tornar uma das estratégias de jogo de Kaysar – a expectativa de ganhar o prêmio para poder tirar seus pais da Síria – mais urgente e relevante para o público do sofá.
Esse viés assistencialista, no entanto, não se circunscreve ao sírio apenas. A acreana Gleici, de 22 anos, tem na sua pobreza a sua principal plataforma para o triunfo. A jovem erguida à condição de heroína pelo público e pela produção no momento de maior audiência da temporada – quando ela voltou do quarto para emparedar Patrícia – é a maior rival de Kaysar.
A julgar pela internet, que com as novas diretrizes de voto do programa é realmente o grande parâmetro a se considerar, Gleici provoca mais consenso do que o sírio. Seu carisma, simplicidade e doçura cativaram o brasileiro. São características que somadas podem fazer da candidata, alguém imbatível nesta quinta-feira à noite.
Correndo por fora está a “Família Lima”. A dinâmica entre Ana Clara e Ayrton foi de longe a melhor coisa que o “BBB 18” teve a oferecer. A autenticidade da ruivinha aliada a espetice no jogo do patriarca dos Lima ajustou a Família como o melhor jogador da temporada. Dá pra dizer que eles configuram o único jogador que de fato conquistou esse lugar na final com base no jogo propriamente dito.
Isso deveria bastar para consagrar um campeão de reality show com as propostas do “BBB”, mas este é um programa em que a razão ocupa apenas uma fração do todo. As paixões ainda exercem a centralidade aqui. De todo modo, há precedentes que permitem otimismo para os fãs da família Lima. Protagonistas de outras edições acabaram ganhando o reality, como Emilly em 2017.
Todavia, a grande vencedora do “BBB 18” é mesmo a produção do reality que mostrou maturidade, nos acertos e erros, e conseguiu salvar um programa que perigou afundar algumas vezes e chega ao fim com perspectiva de registrar alguns recordes.