Elementar
Fotografias e vídeos da chegada de Gleici Damasceno ao aeroporto de Rio Branco e do comício montado para ela na Baixada da Sobral apontam para uso político de sua imagem nas eleições de outubro.
Assédio
Tal inferência é feita não só a partir da quantidade de governistas que foram ao aeroporto recepcioná-la, na noite de sábado, bem como compareceram ao ato público consumado no bairro em que ela mora com a família, no domingo, como também da presença do secretário de estado Francisco Nepomuceno (mais conhecido por Carioca) nos estúdios da Rede Globo, no Rio de Janeiro, na última quinta (19).
Palpite
A respeito da viagem de Carioca ao Rio, cujo objetivo não foi esclarecido pela assessoria de imprensa do governo até o momento, já há quem diga que um de seus propósitos era fazer com que a vencedora do BBB18 desse um pulinho enquanto gritava “Lula livre!”. Tanto é que antes de ela fazer isso alguém lhe soprou algo ao ouvido.
Explicação necessária
E considerando que se tratava de um dia normal de trabalho, os contribuintes têm o direito de saber o que Carioca fazia fora do Acre. Afinal, ele é servidor público, como também o são os demais secretários de estado e até o próprio governador Tião Viana.
Ao que tudo indica
De volta à Gleici, não me surpreenderá vê-la, durante a campanha, desempenhando o papel de garota propaganda nos programas de rádio e TV do ex-prefeito petista Marcus Alexandre, em sua tentativa de chegar ao governo nas eleições de outubro. E nem que seja escalada para atrair o público aos comícios da Frente Popular.
Dilema
Caso isso se concretize, a estudante de psicologia haverá de trocar a popularidade pelo desgaste inevitável.
Muito cuidado nessa hora
Gleici precisa ponderar, portanto, que sua adesão à campanha eleitoral haverá de submeter a fama decorrente de sua participação no reality show da TV Globo ao escrutínio das paixões políticas momentâneas, o que acabará por dividir a opinião dos fãs – muitos dos quais, por sinal, já trataram de reprovar aquela demonstração de apoio a Luiz Inácio.
Repercussão nacional
Desde que saiu vitoriosa do BB18, os grandes veículos de comunicação do país têm se ocupado dela. Até mesmo o jornalista e blogueiro Ricardo Noblat, especialista em política, dedicou à acreana algumas palavras. Escreveu ele: “Por que não Gleici para presidente no lugar de Lula? É devota dele, acreana como Marina e Chico Mendes, mulher, jovem, bonita, corajosa, tem uma bela história de vida e agora é conhecida em todo o país”.
Menor de idade
Ainda que retórica – e sarcástica -, a pergunta de Noblat carece de um esclarecimento legal: aos 23 anos, Gleici não poderia disputar a Presidência da República nem que assim quisessem ela e o seu partido. Pois a idade mínima para se concorrer ao cargo está estabelecida em 35 anos.
Admissão
Este colunista confessa que até ontem (22) ignorava completamente a pré-candidatura do professor de filosofia da Universidade Federal do Acre (Ufac), David Hall, ao governo do estado.
À esquerda e à direita
Aos 30 anos, Hall é apresentado como postulante ao cargo pelo Avante, conforme noticiado pelo meu colega Nelson Liano, colunista político do site ac24horas. E, como todos os demais pré-candidatos da chamada ‘terceira via’, tece críticas tanto ao governista Marcus Alexandre (PT), como também ao seu principal adversário, Gladson Cameli, do Progressistas.
Namoro
Conforme dito pelo entrevistado, a Rede Sustentabilidade, partido da ex-senadora e presidenciável Marina Silva, se inclina a fazer uma aliança com o Avante nas eleições estaduais.
Regra eleitoral
Mas mesmo que isso aconteça, a equação matemática levaria a coligação a ter oito deputados na Câmara Federal (seis do Avante e dois da Rede) – um representante a menos que o mínimo necessário para que a aliança tenha direito a meros cinco minutos no horário eleitoral gratuito.
Dois pontos
Na entrevista, David Hall afirmou que uma equipe de especialistas estaria cuidando do seu projeto de governo, a ser apresentado aos eleitores na campanha deste ano. Mas não mencionou que especialistas são esses. Em seguida revelou também que uma das propostas para a segurança pública seria a ‘unificação das polícias Civil e Militar’, o que não vem a ser novidade nenhuma no rol das propostas apresentadas pelos postulantes a chefe de estado país afora.
Indefinição
Em suma, a entrevista não apresenta informações suficientes para, sequer, enquadrar Hall ideologicamente. Menos ainda para que os leitores sejam capazes de distingui-lo dos adversários, conforme pretende, logo de cara, o virtual candidato. Mas esse lapso não deve, necessariamente, ser atribuído ao entrevistador – que, como sabemos, tem vasta experiência no ofício.
Em pauta
Criado há sete anos sob a justificativa de que contribuiria para a redução dos juros bancários cobrados dos consumidores que costumam pagar suas dívidas em dia, o Cadastro Positivo pode não passar de uma armação.
De opcional a obrigatório
Ainda opcional, o cadastro pode se tornar obrigatório a partir da aprovação do Projeto de Lei Complementar 441/17, de autoria do senador tucano Dalirio Beber (SC), já incluído na pauta de votações desta semana da Câmara dos Deputados. Caso seja provado, o projeto prevê que a exclusão de um nome do banco de dados só se dará a partir de uma solicitação do cliente à sua agência bancária.
Nefasto
Mas o mais nefasto na proposta do senador Beber está na alteração do dispositivo da lei atual que prevê responsabilização pelo vazamento de informações relativas aos hábitos de consumo dos brasileiros. Daí a conclusão de que o PLP se destina a beneficiar as empresas de crédito e os bancos, que poderiam comercializar livremente esses dados, conforme denúncia feita pelo Coletivo de Defesa do Consumidor Tenho Direito de Saber.
Sarcasmo
Como bem vimos, o presidente Michel Temer (MDB) fez questão de se comparar a Tiradentes, batizado ao nascer de Joaquim José da Silva Xavier. De minha parte, vislumbrei uma pequena dose de sarcasmo por trás da analogia.
Um cadinho de história
Transformado em herói nacional com o advento da República do Brasil, Tiradentes foi preso e condenado à morte por sua participação no movimento conhecido por Inconfidência Mineira. Infiel à Coroa portuguesa, ele acabou esquartejado em praça pública, na noite de 21 de abril de 1792.
Nem uma coisa nem outra
A ironia de Temer reside no fato de até hoje continuar sendo chamado de golpista pelos companheiros. A exemplo de Tiradentes ao tentar livrar o Brasil do jugo da Coroa, o presidente, que rompeu com o PT, quis dar em si mesmo uma demão de verniz patriótico. Ocorre, porém, que Temer não é traidor e nem tampouco herói. No máximo, ele é candidato a ser esquartejado nas urnas, nas eleições de outubro.