OCA e a humilhação de madrugar em fila para garantir atendimento; otimização para quem?

Os transtornos causados após a mudança de horário no atendimento da Organização de Centrais de Atendimentos (OCA) têm sido estampados diariamente nos jornais locais. Filas quilométricas antes mesmo de o sol nascer causam indignação nos usuários do órgão que reúne serviços de 24 instituições.

O governo, que justificou a mudança como contenção de gastos, tem tentado mascarar o caos do local com pesquisas de satisfação, onde (pelo menos) 90% da população considera os serviços prestados no local satisfatórios. Uma recente matéria publicada pela estatal Notícias do Acre trata a mudança como “otimização de serviços”.

E quem vem da zona rural, que muitas vezes gasta o pouco dinheiro que possui e ainda corre o risco de ficar sem atendimento?! Esta é uma realidade, já que os setores têm limitado o número de senhas para os usuários. O Instituto de Identificação (responsável por expedir as carteiras de identidade) distribui diariamente 150 fichas.

Imagem feita na segunda-feira / Foto: Renê Fontes

Sabendo disso, obviamente a população se preocupa em garantir o atendimento, tendo em vista que, com horário reduzido, muitos trabalhadores estão tendo que faltar emprego, escola ou outros compromissos, e praticamente acampam em filas horas antes das portas se abrirem.

A mudança tem sido debatida por parlamentares na Câmara, na Aleac e defendida com unhas e dentes pelos servidores do Estado. O vereador Emerson Jarude (sem partido) realizou uma enquete; nela, de acordo com sua equipe,  92% dos mais de 3 mil participantes rejeitaram o novo horário.

O parlamentar questionou se o impacto na economia do Estado não seria maior se, ao invés de reduzir o horário da OCA, diminuísse a quantidade de assessores especiais do Governo. Para ele, economia é fundamental, mas é preciso cortar primeiro onde não atinge a população que mais precisa.

“Serviço público tem que atender o interesse público. Dificilmente essa economia vai ser maior do que se reduzisse esses 14 assessores especiais dentro do governo, ganhando cada um R$19 mil por mês. Duvido que essa conta de redução dos gastos públicos da OCA chegue à um salário desses assessores. É preciso ser racional”, afirmou Jarude na Câmara de Vereadores.

Aglomeração na entrada da OCA/Foto: Luiz Silva

Por outro lado, para o petista Daniel Zen, há uma politicagem nos questionamentos. “Determinadas questões se politizam em excesso. Ocorre um fluxo enorme no início, mas que se esvai com o decorrer das horas. Foi uma medida para economizar gastos nestas duas horas que não se atendia muito”, afirmou Zen durante sessão na Aleac.

Esse, assim como quem decidiu sobre onde os cortes seriam feitos, certamente não utiliza a OCA como nós, meros proletariados.

AÇÃO POPULAR NA JUSTIÇA

O vereador Roberto Duarte (MDB) acionou a justiça através de uma Ação Popular que pede o retorno imediato do antigo horário de atendimento. Segundo ele, o novo horário está trazendo prejuízos não só para os usuários da OCA, mas também para o comércio local e prestadores de serviços que atuam naquela região.

“Fizemos uma pesquisa de satisfação em frente à OCA, ouvimos mototaxistas, taxistas, comerciantes e usuários do órgão para entender quais são os prejuízos causados pelo novo horário e pude entender que a OCA movimenta o Centro da cidade. Portanto, os prejuízos vão além do atendimento”, disse Roberto Duarte.

A Ação Popular conta com depoimentos de mais de 50 pessoas, além de matérias jornalísticas e reclamações postadas nas redes sociais.  Aparentemente temos duas opções: aceitar o retrocesso ou não nos calar diante deste descaso.

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OCA e a humilhação de madrugar em fila para garantir atendimento; otimização para quem?