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Pesquisa nacional da SBP aponta déficit de 51 leitos para UTI neonatal no Acre

Por ASTORIGE CARNEIRO, DA CONTILNET

Acre, Amapá, Amazonas e Roraima. De acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), estes são os estados com os piores indicadores ligados ao número de leitos para Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal.

Brasil sofre um déficit de 3.305 leitos de UTI voltadas para bebês. Foto: Junior Aguiar

A pesquisa, divulgada no último dia 5 deste mês, contabilizou que o Brasil sofre um déficit de 3.305 leitos de UTI voltadas para bebês nascidos antes de 37 semanas de gestação, ou seja, bebês que apresentam quadros clínicos graves ou que necessitam de observação.

As informações foram apuradas de acordo com dados do Ministério da Saúde e do setor privado em dezembro de 2017.

APENAS 20 LEITOS

O levantamento da Sociedade diz que o Acre possui apenas 20 leitos. Deste total, apenas 15 pertencem ao Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, existe apenas 1,1 leitos para cada mil nascidos vivos; a situação piora quando são considerados apenas os leitos públicos: este número cai para 0,8 leitos para cada mil bebês nascidos vivos.

Valores foram feitos com dados do Ministério da Saúde e do setor privado em dezembro de 2017. Imagem: Reprodução

Estes dados colocam o Acre – e os outros três Estados citados anteriormente – entre os piores indicadores de leitos por números de habitantes. Essa proporção, de apenas 1,1 leito por mil nascidos vivos, representa menos da metade da média nacional.

MESMO FALTANDO, AUMENTOU

Embora os números apontem para o déficit do Acre, entre os anos de 2010 e 2017 foi registrado um aumento no número de leitos de UTI neonatal. Em dezembro de 2010, existiam apenas 11. No mesmo mês, sete anos depois, esta quantidade subiu para 20 – mais de 80% de aumento.

RESPOSTA DO GOVERNO

Em matéria veiculada na Agência de Notícias do Acre no dia 5 deste mês, foi destacado o atendimento da Maternidade Bárbara Heliodora (MBH) na Capital acreana, além do convênio com o Hospital Santa Juliana (conveniado com o SUS); e da oferta no Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul.

Assim, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), existem, na realidade, mais de 20 leitos neonatais e outros leitos para Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), sendo estes divididos em:

MATERNIDADE BÁRBARA HELIODORA: 20 vagas, divididas em UTI e UCI;

SANTA JULIANA (CONVÊNIO COM O SUS): Cinco leitos de UTI neonatal e seis UCI neonatal, mantidos por recursos do Ministério da Saúde (MS) e Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre);

HOSPITAL DO JURUÁ: Cinco leitos exclusivos para UTI neonatal e cinco para UCI neonatal.

A equipe da ContilNet entrou em contato com a assessoria da Sesacre, que explicou que a pesquisa deve ter se equivocado em relação à quantidade de leitos do Estado; além disso, conforme explicou a assessoria, a oferta dos leitos no Acre está dentro do que estabelece os estudos da área e o Ministério da Saúde.

“As patologias que os bebês apresentam no momento, não requerem mais do que já ofertado no Estado”, enfatizou Maria Avelino, médica neonatologista da Maternidade Bárbara Heliodora.

QUASE 40 POR HORA

Dados do Ministério da Saúde apontam que, no Brasil, nascem quase 40 bebês prematuros por hora, totalizando 900 por dia. Os números do Ministério também apontam outro número preocupante: a mortalidade neonatal (número de óbitos de crianças com menos de 28 dias de idade) por mil nascidos vivos é inversamente proporcional ao número de leitos disponíveis.

Nos estados onde o número de unidades é menor, a ocorrência de mortes tem sido mais alta.

“Isso reflete, além da inadequação do quantitativo de leitos, uma precariedade da rede de assistência, especialmente nos estados do Norte e Nordeste brasileiros”, lamentou Luciana Rodrigues, presidente da SBP.

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