Secretaria de Saúde do Acre faz licitação para adquirir mais de 50 mil canetas BIC

Previsão do tempo político 

Esta terça-feira (24) certamente será marcada por acalorados debates na Assembleia Legislativa, relativos à medida do governo de Tião Viana em reduzir o horário de atendimento nas delegacias de polícia, a exemplo do que já ocorreu na OCA.

Chapa quente

Ontem mesmo, depois da divulgação da iniciativa, que passará a valer a partir do dia 2 de maio, a chapa já começou a esquentar pro lado dos companheiros.

Artigo

O deputado federal Alan Rick (DEM) escreveu um artigo para contestar a decisão, conforme o leitor deste site de notícias teve a oportunidade de ler.

Tiro ao alvo

Em seguida este colunista se deparou com uma nota assinada pelo coronel PM Ulysses Araújo, pré-candidato ao governo do estado pelo PSL, na qual ele trata do mesmo assunto, mas com menos recato: Ulysses chega a afirmar que o PT mantém um ‘pacto’ com as facções criminosas.

Lascou-se!

Se atualmente as delegacias de polícia – com exceção da Defla (Delegacia de Flagrantes) e Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) – funcionam, nos dias úteis, entre as 8h e 18h, a partir do segundo dia do mês de maio elas passarão a atender o público das 7h às 14h. Após esse horário, só no dia seguinte.

Pobre Zen

Com mais um debate no qual a base de apoio de Tião Viana na Aleac deverá entrar para perder, resta ao líder do governo na Casa, o deputado petista Daniel Zen, recorrer à cantilena de que a mudança vai ‘otimizar’ o atendimento ao público nas unidades da Polícia Civil.

Desculpa esfarrapada

Afinal de contas, esse foi o argumento utilizado pelos companheiros para justificar o que aconteceu na OCA – ainda que tenham sido desmentidos pelas imagens que mostram o aglomerado de pessoas em frente ao prédio, à espera de atendimento.

Pergunta que não quer calar

A propósito, chama a atenção o fato de o governo fazer publicidade da OCA nas emissoras de TV depois que começou a apanhar de alguns veículos de comunicação e da opinião pública. Se a medida visava economizar recursos, como justificar o gasto com a propaganda?

Questão de ordem

Essa questão prova que se o governo do PT gastasse um pouco menos com publicidade mentirosa, teria mais dinheiro para investir nos serviços prestados à população. E não precisaria restringir o atendimento de serviços essenciais, como o são aqueles prestados nas delegacias.

Sai de retro!

De tão impopular e aloprado, o governador Tião Viana nem sequer é cogitado para acompanhar, nas caravanas pelo interior do Acre, o pré-candidato do seu partido ao governo do estado, Marcus Alexandre. Quem tem feito isso é o senador Jorge Viana (PT).

Favas contadas

Aliás, esta coluna já havia antecipado o afastamento estratégico do ex-prefeito do seu padrinho político. Excluídas as contendas públicas, o caso é semelhante ao que se passa em Cruzeiro do Sul, em relação ao prefeito ilderlei Cordeiro e seu antecessor, Vagner Sales – ambos do MDB.

Licitação milionária

O Diário Oficial do Estado (DOE), em sua edição de ontem (23), publicou resultado de licitação para compra de material de expediente pela Secretaria de Saúdo do Acre (Sesacre). O total gasto foi calculado pela coluna em mais de 2,62 milhões de reais.

Transparência zero

Este colunista teve o cuidado de ir ao Portal da Transparência do governo do estado para checar o número de servidores da saúde, a fim de informar ao leitor sobre o volume da compra em termos per capita (ou seja, por cabeça), mas essa informação não está especificada no sítio eletrônico.

Só pra comparar

Bem diferente, por sinal, da gestão do governo de Rondônia, cujo portal da transparência é extremamente específico em relação ao número de servidores, valor da remuneração de cada um deles e o total da despesa com a folha de pagamento. Caso o leitor tenha a pachorra de verificar por si as diferenças, eis aqui as informações disponibilizadas pelo governo Acre, e aqui os dados publicados pelo governo de Rondônia.

Detalhe intrigante

Mas de volta ao pregão eletrônico anunciado pela Sesacre, chama a atenção, além de valor bruto das compras, a aquisição de um item que costuma passar despercebido para muitos de nós, até por conta do preço unitário – estipulado em centavos de real. A Sesacre vai adquirir nada mais, nada menos, que 50,6 mil canetas BIC nas cores azul, preta e vermelha. É isso mesmo que o leitor leu!

Fatura

Richard S. Miranda, pessoa jurídica, venceu as duas licitações em que constam as canetas, e terá de entregar à Sesacre as mais de 50 mil esferográficas, avaliadas em 33,9 mil reais.

Tudo muito estranho

O mais estranho nessa compra é que ela se dá a pouco mais de sete meses do fim do governo de Tião Viana. E num contexto de redução de horário de atendimento ao público em órgãos estatais, com a finalidade de diminuir despesas, conforme já sabemos.

Dois pesos e duas medidas

Este colunista gostaria de poder informar o resultado da divisão das 50,6 mil esferográficas pelo número de servidores da saúde. Mas o atual governo, tão pródigo em malbaratar os recursos públicos em lavagem de tapetes, aquisição de flores do campo e com remuneração de assessores, é deveras avarento sempre que se trata de fornecer informações sobre os gastos com o dinheiro dos contribuintes.

É o que nos resta concluir

E ainda que não seja possível dimensionar a necessidade do referido artigo para os serviços no sistema público de saúde, haveremos de convir que 50 mil canetas vêm a ser um montante exagerado até para um órgão do tamanho da Sesacre. E quando alguém perguntar como é que se grafa suspeição, a gente pode responder que se escreve com BIC.

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