O acreano nascido em Sena Madureira, Neison Freire, 37 anos, fez um relato em uma rede social sobre a experiência que teve em 2012 quando esteve percorrendo várias regiões na Palestina, principalmente o trajeto entre Amã na Jordânia até Ramallah.
Na época ele estava cumprindo uma missão de solidariedade ao povo palestino e foi recebido pelo Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, no Palácio Muqataa, em Ramallah.
Freire disse que após fazer a travessia da histórica Ponte Allenby, que cruza o Rio Jordão, na divisa da Jordânia e da Palestina, uma região controlada pelo exército israelense, percebeu que a situação do povo palestino é uma afronta à humanidade e à paz mundial. “Foi o que já vi de mais crucial e desumano na vida”, relata.
Neison participou de um ato de protesto contra a ocupação israelense. De acordo com ele, o protesto foi pacífico, já que os palestinos não usam armas. Ele conta que quando eles saem das mesquitas, todas as sextas-feira, se dirigem aos muros ao lado dos assentamentos israelenses. Em uma dessas vezes o acreano chegou a desmaiar, após sofrer um ataque de balas de borracha e gás lacrimogêneo.
“Essa viagem foi um marco em minha vida, visitei 12 campos de refugiados controlados pela ONU e governo da Palestina. Pessoas que foram expulsas do lar, das suas terras pelo exército de Israel, muita crueldade. Conheci todo o território da Palestina, passei pela faixa de Gaza, Jerusalem, Belém, Telaviv, muitas cidades”, disse Freire à ContilNet.
Veja a postagem do acreano:
Em 2012 participei da primeira missão de Solidariedade ao Povo Palestino. Foi uma das melhores experiências já vivenciada em toda a minha vida. Não há como descrever exatamente o que senti, um misto de frio na barriga, pânico, fragilidade e a maior sensação de indignação já experimentada.
No trajeto entre Amã na Jordânia até Ramallah na Palestina, ao abrir os olhos, deserto por todos os lados e um enorme vazio, silêncio absoluto.
Após intensa e cansativa travessia da histórica Ponte Allenby, que cruza o Rio Jordão, na divisa da Jordânia e da Palestina, região controlada pelo exército israelense, logo percebi que a situação do povo palestino é uma afronta à humanidade e à paz mundial.
Vivenciei de perto o conflito que se delineia por décadas. O crescimento das colônias israelenses em território palestino, a destruição das plantações de oliveiras, o imenso muro do apartheid que cruza cidades palestinas, a situação dos milhares de refugiados que vivem em campos controlados pela ONU e pelo governo da Palestina, o bloqueio ilegal, as punições coletivas contra a população, a situação humanitária e econômica, a escassez de eletricidade, o embargo no fornecimento de água e combustível e a triste situação dos prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses foi o que já vi de mais crucial e desumano na vida.
Em muitos momentos, foi difícil conter as lágrimas.
O Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, nos recebeu no Palácio Muqataa, em Ramallah.
Apesar das intensas atividades, foi possível conferir a beleza da terra santa, do mar morto e do povo palestino, que é simplesmente fantástico e, ao final de tudo, percebe-se, ainda, mesmo que não tenha sido essa a intenção inicial da nossa missão, entre o esquecer e tentar viver uma nova vida, esse é um povo que resiste, se recupera e tem esperança de um dia voltar para suas terras.
Hoje, sou mais um na luta pela soberania e autodeterminação da Palestina. Não é justo que ali só exista um Estado, que não é laico, em detrimento dos árabes e da diversidade de costumes e crenças. A luta pelo reconhecimento do Estado Palestino é justa. Viva a Palestina livre.