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Camaradagem entre PT e empresários explica por que é tão caro andar de ônibus no Acre

Por ARCHIBALDO ANTUNES, DA CONTILNET

Comedores de sardinha

O professor Carlos Coelho, especialista em campanhas eleitores, usou de uma frase interessante ao falar do grupo que rodeia o senador Gladson Cameli (Progressistas) em sua corrida pelo Palácio Rio Branco. “Tem gente comendo sardinha e arrotando camarão”, pontuou ele.

Jogo de azar

Com a metáfora, Coelho quis dizer que a turma do senador acredita, por antecipação, que ele já venceu a eleição. Mas, como também observou o professor, não existe eleição ganha. É preciso vencê-la conquistando os eleitores.

Cadinho de literatura

Metido a literato, este colunista, autor do romance Amazônia dos Brabos (e que o leitor me perdoe pelo merchandising, mas o livro está à venda, em formato e-book, no site da Amazon), é inevitável lembrar o diálogo da protagonista da obra Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, com um dos personagens que compõem a trama.

O eterno em um segundo

“Quanto tempo dura o eterno?”, pergunta Alice, ao que Coelho – não o professor, claro, mas o da ficção de Carroll – responde: “Às vezes apenas um segundo”.

Sapientes

Ambos os Coelhos têm razão. O primeiro porque o salto alto do staff de Gladson Cameli acaba por contaminá-lo com a sensação de que a campanha eleitoral já está definida em desfavor do seu principal adversário, o petista Marcus Alexandre. E o segundo – o da literatura – por mostrar que a eternidade é uma mera abstração, podendo caber num único segundo.

A gente explica

É que o período pré-eleitoral, bem como a campanha para o governo, não haverá de durar pela eternidade. Daí a importância de se aproveitar cada segundo do tempo que antecede o dia da votação.

Ponto de vista

Tem-se a impressão, pelo menos do meu ponto de vista, que o petista Marcus Alexandre está ciente da necessidade de correr contra o tempo. Já o senador Gladson parece contar com o tempo a seu favor. Em resumo, enquanto o candidato do PT corre, o progressista passeia. E isso pode fazer muita diferença quando as urnas forem abertas.

Sob nova direção

Márcia Bittar, esposa do pré-candidato ao Senado da República pelo MDB, Marcio Bittar, não é mais quem dá as cartas na executiva estadual do Solidariedade (SD). Ela entregou ontem (28) o comando da sigla ao presidente nacional, o deputado federal Paulinho da Força (SP).

Mandachuva

A nova presidente do SD no estado será, muito provavelmente, a ex-procuradora do Ministério Público do Acre Vanda Denir Milani Nogueira, pré-candidata a deputada federal.

Terra da boataria

Bastou que Márcia Bittar entregasse o cargo para que as más línguas começassem a espalhar que ela havia sido defenestrada do SD. Nada disso. Dona Márcia preferiu deixar de lado as obrigações partidárias para ajudar na campanha do marido ao Senado – como sempre fez.

Deferência 

O deputado federal Alan Rick (DEM) acaba de ganhar mais um destaque em decorrência de sua atuação na Câmara Federal. Dessa vez, a distinção partiu do embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley.

Gratidão

Em ofício enviado ao parlamentar do Democratas, Shelley agradece seu “o apoio e extrema dedicação ao Estado de Israel”. O embaixador também afirma que “São manifestações como as de Vossa Excelência que fazem com que meu país se sinta mais forte e seguro, buscando sempre construir uma paz duradoura para a região”.

Ideias que dão em nada

O vereador rio-branquense Eduardo Farias (PCdoB) sugere a criação de uma comissão independente para se discutir, à revelia do Conselho Tarifário do município, o reajuste de preço das passagens de ônibus.

A intenção foi ótima, mas…

A audiência pública, realizada na semana passada a pedido do vereador Roberto Duarte Junior (MDB), não deixou de ser uma iniciativa importante ante a suspeita de que a planilha de custos, apresentada pelos empresários do setor do transporte coletivo. foi inflacionada para justificar o reajuste

Alarde puro

A ideia de Farias, não obstante ser ele um sujeito honrado, não passa de mais uma pirotecnia na tentativa de minimizar o desgaste político decorrente do aumento da passagem de ônibus.

Dias atrás

A coluna já fez um apanhado sobre o tema, mostrando que o aumento da tarifa do transporte público em geral está ligado ao período eleitoral – a tendência é que o valor do bilhete suba sempre antes das eleições ou depois delas.

Benefício

Também falamos aqui sobre a isenção fiscal que o ex-prefeito petista Marcus Alexandre concedeu aos donos das empresas de ônibus, sob a condição de que eles renovassem as frotas.

Unha e carne

Campanhas eleitorais passadas já mostraram que os empresários do setor mantêm estreita relação com os companheiros. E que sempre obtiveram destes o aval necessário à tunga que costumam aplicar nos usuários.

Inacessível

Esta coluna foi site do Tribunal Regional Eleitoral do Acre para checar a prestação de contas dos candidatos majoritários do PT nas eleições passadas. E aproveita para fazer uma reclamação pública sobre a funcionalidade do portal. Nem mesmo o programa que se deve baixar para acessar os dados relativos aos gastos e receitas dos candidatos funciona. O que é simplesmente um absurdo!

Iniciativa inócua

Mas de volta à proposta do vereador Eduardo Farias, ela é inócua. Simples assim. Até porque o seu partido já apoiou, outrora – tendo como porta-voz a então deputada federal Perpétua Almeida –, a majoração do bilhete.

Memória de elefante

Em fevereiro de 2011 em debate no micro blog Twitter com o jornalista Francisco Costa, que condenava o aumento para R$ 2,40, Perpétua Almeida escreveu o seguinte: “rapaz, três anos sem reajuste, as empresas não aguentam, é fato. Agora, acho que a prefeitura deveria ter fatiado. Ficou pesado.”

Quadro da evolução do preço

Em 2011, tive acesso a um gráfico que mostra a evolução, em dólar, do preço da passagem entre 1982 (no governo do então prefeito Flaviano Melo) e janeiro de 2011, já no segundo mandato do petista Raimundo Angelim, hoje deputado federal. Enviado a mim pelo engenheiro e hoje policial federal Roberto Feres, o gráfico nos dá uma ótima noção da simbiose entre os petistas e os empresários do setor. Veja aí abaixo.

Opinião formada

Resta dizer, portanto, que o reajuste da passagem sempre contou com apoio dos companheiros e camaradas. E não será o Dr. Eduardo Farias que irá me convencer do contrário.

Mais manifestação

A propósito, recebi pelo aplicativo WhatsApp a informação de que o grupo denominado Acre em Movimento vai se unir, na praça em frente ao Terminal Urbano, aos caminhoneiros para “protestar contra o preço abusivo da passagem de ônibus e também contra o absurdo em que se encontra o [valor do] litro da gasolina”. O manifesto está marcado para começar às 17 horas de desta terça (29).

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