EUA aprovam primeiro tratamento exclusivo para prevenção da enxaqueca

Os Estados Unidos aprovaram a primeira terapia de prevenção exclusiva para a enxaqueca. Trata-se de uma injeção mensal, que pode ser combinada com outros tratamentos existentes. O medicamento tem o nome comercial de Aimovig — e é produzido pela Amgen, empresa americana com sede na Califórnia. O G1 entrou em contato com a empresa para saber sobre a eventual disponibilidade da injeção no Brasil.

Atualmente, médicos utilizam medicamentos “emprestados” de outras doenças para tratar a enxaqueca: por isso, pacientes tomam anticonvulsivantes, medicamentos para a pressão e até antidepressivos na tentativa de diminuir as crises; que, nos casos crônicos, podem passar de 15 episódios por mês.

De acordo com o FDA, a injeção pode ser administrada pelo próprio paciente — sem a necessidade da presença em um serviço de sáude. Antes da aprovação, a eficácia da droga foi analisada em três ensaios clínicos, com resultados mais promissores para os que sofrem de enxaqueca crônica. Foram eles:

  1. Primeiro, cientistas selecionaram 955 participantes com enxaqueca episódica (menos que 15 dias de crises por mês) . Eles foram divididos em dois grupos: um que tomou a injeção e outro que tomou placebo. Após seis meses, pacientes tratados com a injeção apresentaram, em média, dois dias a menos de crise por mês.
  2. No segundo estudo, 577 pacientes receberam a injeção e placebo para enxaqueca episódica. Após três meses, os tratados tiveram menos um dia de enxaqueca por mês.
  3. O terceiro estudo avaliou 667 pacientes com enxaqueca crônica (com mais de 15 dias de crise por mês). Após três meses, pacientes tratados tiveram 2 meses e meio a menos de crises que os não-tratados.

“Os resultados são uma média de todos os efeitos nos pacientes. Pode ser que uma pessoa tenha uma resposta completa e fique sem dor. Pode ser que para outras não funcione. Mas é uma estratégia nova, e isso é muito importante”, diz o neurologista Mário Peres, que acompanha os ensaios clínicos com a molécula.

O neurologista aponta que a injeção poderá ser combinada com outras existentes para tentar diminuir a frequência de crises — segundo ele, como a enxaqueca é uma condição multifatorial, a terapia tem a vantagem de cobrir uma das possíveis causas que não estava sendo “atacada” por terapias existentes.

“O interessante dessa injeção não é que ela é muito superior aos tratamentos existentes. É uma forma diferente de tratar, que não estava sendo coberta por outras terapias”, diz o médico.

A enxaqueca afeta 10% de todas as pessoas do mundo, informa o FDA (Food And Drug Administration), órgão similar à Anvisa nos Estados Unidos. A condição também é três vezes mais comum em mulheres que em homens.

Exclusiva: terapia tem por alvo uma molécula específica

A terapia é a primeira de uma série de outras estratégias que tem por alvo a molécula “CGRP”, algo como proteína relacionada ao gene da calcitocina. O neurologista Mário Peres explica que essa molécula está presente em todas as pessoas, mas fica aumentada em pacientes com enxaqueca.

Estudo de revisão do “Physiological Review” publicado em 2014 menciona a função vasodilatadora da molécula. Ela aumenta o diâmetro de vasos sanguíneos, mecanismo que também está associado à enxaqueca.

Esse alargamento do vaso sanguíneo, junto com outras substâncias químicas, deflagra o circuito de dor envolvido na enxaqueca. É também por esse motivo que hoje neurologistas utilizam tratamentos para o combate da pressão no tratamento da condição: o objetivo é dilatar os vasos para diminuir a dor.

A diferença da injeção, entretanto, é que ela tem por alvo a diminuição dessa molécula e vem se somar ao corpo de ferramentas úteis para o tratamento, informa Mário Peres.

 

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