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Sobre vacas leiteiras, jornalismo de boteco e uma aposta em que não haveria vencedor

Por ARCHIBALDO ANTUNES , DA CONTILNET

E a vaca foi pro brejo

O repórter Salomão Matos revelou, em matéria escrita para este portal de notícias, que o governador Tião Viana trata de reforçar o caixa recorrendo à alienação de imóveis públicos e à venda (pasme o leitor!) até mesmo de vacas leiteiras pertencentes ao estado.

Rombo fiscal

Conforme registrado por Matos, a iniciativa decorre da necessidade de compensar a gastança desenfreada com mais de 2.000 cargos comissionados e despesas de toda a sorte – sendo tantas que se tornaria enfadonho, tanto para este colunista, como também para o leitor, enumerá-las.

Curto espaço de tempo

A decisão publicada no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira (17) se deu em seguida a uma postagem feita na rede social Facebook por parte de um jornalista que, a despeito de tanta presunção sobre as próprias qualificações, se restringe atualmente a atuar como assessor de imprensa da Casa Rosada e detrator dos adversários do governo.

Contexto

Na referida postagem, o dito-cujo se encarrega de atacar os vereadores Roberto Duarte Júnior (MDB) e N. Lima (PSL) pelo fato de terem pedido o impeachment do governador Tião Viana (PT) com base no argumento de que o chefe do Executivo estadual não age dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Erudição de fachada

Na postagem do coleguinha, ele se apressa em desqualificar a solicitação do impeachment de Tião Viana, já que oriunda de dois legisladores municipais, quando, segundo sustenta, “a atribuição de fiscalizar e, se necessário, propor ações contra o governador é dos deputados estaduais e não dos vereadores, cujas atribuições dizem respeito ao município”.

Barrigada

Qualquer pessoa, porém, que se der ao trabalho de fazer uma rápida pesquisa na internet ficará sabendo que o pedido de impeachment de um governador de estado pode ser feito por todo cidadão brasileiro que usufrua dos direitos políticos. E a lei que respalda essa prerrogativa é a de número 1.079, de 1950, que pune os crimes de responsabilidade.

Por extensão

É certo que texto faz referência ao impeachment de presidentes da República e ministros de estado, mas como ela foi promulgada para definir os crimes de responsabilidade dos gestores públicos, há embasamento suficiente para que a regra seja válida para chefes de estado e secretários de governo.

Palpiteiro 

Mas a imprecisão das opiniões jurídicas do coleguinha é menos grave que os embustes que ele trata de formular em defesa do governo petista.

A mentira como método

Diz um trecho da citada postagem: “Inusitada a proposta dos vereadores também porque esta vem no exato momento em que o Acre está entre os dez estados brasileiros que, em 2017, apresentaram boa saúde financeira, inclusive equilíbrio fiscal e superávit de R$ 41 milhões. Superávit é quando há mais receitas que despesas, se é que os vereadores autores da ideia de impeachment não sabem disso”.

Fonte

E acrescenta, todo fanfarrão: “Quem diz que o Acre, apesar de todas as dificuldades, graças ao esforço do governador Tião Viana e sua equipe no controle das contas públicas, apresentou superávit foi ninguém menos que a Secretaria do Tesouro Nacional, que vem a ser órgão do Ministério da Fazenda”.

Impostura

Ora, como não reputo o coleguinha como sujeito de todo ignorante, resta-me concluir que ele age de má-fé.

Vitória dos quadrúpedes

E, como se viu, até mesmo alguns quadrúpedes, como as vaquinhas leiteiras à venda no curral do governador do PT, são capazes, atualmente, de desmontar uma longa, enfadonha e inacreditável dissertação sobre os méritos imaginários de um governo que se desmancha pela inoperância.

Ninguém aguenta mais

Ah, e mais um detalhe: o assessor-militante recorre à velha ladainha de que Roberto Duarte e N. Lima não passam de dois ‘golpistas”, a exemplo dos deputados federais e senadores que apearam do poder a Sra. Dilma Rousseff. Ou essa gente troca o disco, ou o povo vai acabar quebrando sua vitrolinha

Aqui e acolá

Mas é preciso dizer que o problema em conseguir fechar as contas públicas não está restrito ao âmbito do governo petista. Para as bandas do Juruá, mais precisamente na segunda maior cidade do Acre, o prefeito Ilderlei Cordeiro (Progressistas), enfrenta o mesmo problema depois de ter inchado a máquina pública municipal de apaniguados políticos. A ponto de ter, como o adversário do PT, leiloado um prédio público a fim de reforçar o orçamento municipal.

No olho da rua

Segundo as notícias que nos chegam da Terra da Farinha, Ilderlei, por recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), já começou a reduzir o quadro de pessoal, tratando, com isso, de engrossar as estatísticas do desemprego.

Versões conflitantes

Ocorre que no primeiro trimestre de 2017, o procurador jurídico do município, Jonathan Donadoni, defendeu o decreto encaminhado para apreciação da Câmara de Vereadores – através do qual se previa a criação de mais de 600 cargos comissionados – sob a alegação de que o município gastava, em fevereiro do ano passado, 44% de sua receita com pessoal, o que significa que ainda estaria a 10% de atingir o limite máximo imposto pela LRF.

Culpa alheia

Meses atrás, Ilderlei concedeu entrevista colocando a culpa pelos tropeços de sua gestão no fato de seu antecessor, Vagner Sales, ter lhe deixado como herança uma estrutura inflada de apadrinhados políticos, todos eles pendurados nos cabides da prefeitura.

Inimigos íntimos

Rompido com aquele que o guindou ao cargo mais importante de Cruzeiro do Sul, Ilderlei tem a vantagem de jogar tudo o que é incapaz de fazer sobre os ombros do antecessor. Já o discurso dos companheiros subsiste da patacoada de que o Acre segue no rumo certo.

Entre a cruz e a espada

Pior para Marcos Alexandre, o pré-candidato do PT à sucessão de Tião Viana. Ele se vê impedido de criticar a florestania – essa lorota criada durante o governo de Jorge Viana – e tampouco pode correr o risco de exaltá-la. O mesmo raciocínio é válido quanto ao espólio a ser deixado pelo atual governador.

Na ponta da língua

E se porventura alguém me perguntasse quem, entre Ilderlei Cordeiro e Tião Viana, vem a ser o pior gestor público da atualidade, eu seria capaz de garantir que Vagner Sales não apostaria uma só de suas vacas em nenhum dos dois.

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