Afrobetização é tema de projeto cultural que já alcançou quase 2 mil crianças em Rio Branco

Você já ouviu falar nos termos “afrobetização” e “afrobetizar”? Os termos, como explicou a psicóloga Vanessa Andrade, “surgiram da necessidade de trabalhar uma pedagogia diferente, que fizesse com que os jovens inseridos no sistema educacional descobrissem o próprio corpo e a herança cultural, reconhecendo a beleza de ser negro”.

Em Rio Branco, a afrobetização conseguiu chegar a quase duas mil crianças da rede pública de ensino este ano. O caminho até elas foi firmado pela educadora e artista Camila Cabeça Lima, 37 anos de idade, através do projeto “E Venha Forte que o Batuque é do Norte”, realizado em parceria com o Sesc Acre.

ERÊS, MIRINS E CURUMINS

Camila, que é natural de Belém (PA), está há 20 anos atuando na área educacional, e já insere os princípios da afrobetização desde 2001. “O termo é usado para denominar ações que qualificam, dão voz e estimulam a compreensão das atividades voltadas para a Promoção da Igualdade Racial (PIR)”, explicou.

Ação já prestigiou quase 2 mil crianças na Capital acreana (Foto: Reprodução)

O “E Venha Forte” teve origem como apresentação única em 2016, no Dia da Consciência Negra. Após um período encerrado, o projeto foi adaptado para uma apresentação que incluía o título “Erês, mirins e curumins”, exclusivamente voltada ao público jovem – ou seja, trazendo a música e a arte para afrobetizar os jovens estudantes de Rio Branco.

De acordo com Camila, os aspectos da história afro-brasileira e africana são trabalhados de maneira mais didática na primeira infância, que compreende os cinco primeiros anos na vida de uma pessoa.

“E Venha Forte” bsuca resgatar as heranças culturais (Foto: Reprodução)

“É importante trabalhar com vários aspectos da primeira infância, que absorve tudo de forma mais ‘pura’, digamos. Essa ação é para que estes ‘brasileirinhos’, como eu os chamo, se reconheçam e busquem estes novos conhecimentos do próprio país. A população negra é grande no estado do Acre, além de outro destaque cultural que existe aqui graças aos elementos amazônicos”, afirmou a educadora e artista.

“O CONHECIMENTO É LIBERTADOR”

Sobre a importância do projeto, apoiado também pela Lei 10.639, Camila reafirma que a ignorância e o preconceito nada mais são do que o resultado da ausência de conhecimento.

“Todos têm direito à cidadania”, disse Camila (Foto: Reprodução)

“Nestes tempos de fascismo, temos sempre que buscar o conhecimento. O conhecimento verdadeiro é libertador. Em uma apresentação, apenas por cantar a palavra “Saravá”, vários pais e mães se levantaram e tiraram seus filhos do local, como se isso fosse algo demoníaco, maligno. Isso é a falta de conhecimento, que gera justamente o preconceito”, relatou à ContilNet.

Questões como o machismo e a igualdade de gênero também são questões que a educadora destaca como importantes para debates e desconstruções no ambiente escolar: “Não devemos ter medo de trabalhar estes assuntos que terão peso na formação dos indivíduos. Todos têm direito à cidadania e à educação, e estes são os pilares que tiram as pessoas da ignorância”.

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