Exame de sangue permite diagnóstico precoce do autismo

Um simples exame de sangue pode revolucionar o tratamento de crianças com transtornos do espectro autista, permitindo que as intervenções para amenizar os sintomas da síndrome sejam iniciadas mais cedo. Hoje, a identificação dessas desordens é por observação clínica, e acontece majoritariamente após os 4 anos. Com o teste fisiológico, a esperança é que o diagnóstico chegue mais cedo, aumentando as chances de melhorias. Um estudo publicado esta semana no periódico “Bioengineering & Translational Medicine” reafirma a eficácia de técnica capaz de prever a ocorrência da síndrome com base nos metabólitos presentes no sangue.

— Nós observamos grupos de crianças com transtorno do espectro autista independentes de nosso estudo anterior e tivemos sucesso semelhante. Fomos capazes de prever com 88% de precisão se uma criança tinha autismo — comemorou o líder das pesquisas, Juergen Hahn, professor do Departamento de Engenharia Biomédica do Instituto Politécnico Rensselaer, em Troy, Nova York. — Isso é extremamente promissor.

A estimativa é que 1,7% de todas as crianças sofra com transtornos do espectro autista, caracterizado como uma deficiência no desenvolvimento neurológico que provoca dificuldades na comunicação por deficiência no domínio da linguagem, problemas de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo. Estudos já demonstraram que, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhores são os resultados.

Pelo sangue, pesquisadores conseguem identificar pacientes portadores de transtornos do espectro autista – Rensselaer

Por isso, Hahn e sua equipe se dedicam a encontrar marcadores fisiológicos que permitam o diagnóstico precoce. Usando técnicas de análise de grandes quantidades de dados, os pesquisadores buscaram padrões em metabólitos suspeitos de estarem relacionados com as síndromes. No ano passado ele analisarm informações de 149 pessoas, sendo que quase a metade já tinha o diagnóstico do transtorno. De cada uma delas, foram coletadas informações sobre 24 metabólitos. A análise identificou corretamente 96,1% dos participantes.

— Nós podemos replicar isso? — questionou Hahn, após os resultados.

No novo estudo, os pesquisadores analisaram outros grupos de participantes. Para evitar a burocracia da coleta de novos participantes em testes clínicos, Hahn procurou por informações de outros estudos que haviam mensurado os metabólitos em questão. Foram identificados três estudos diferentes, com um total de 154 crianças com autismo. Havia um pequeno problema: os dados cobriam apenas 22 dos 24 metabólitos usados na pesquisa original, mesmo assim Hahn considerou suficiente para o teste.

Usando o mesmo algoritmo, mas analisando apenas 22 metabólitos, o exame alcançou precisão de 88%. Para Hahn, a diferença na precisão pode ter sido causada por diferentes fatores, mas certamente a redução no número de metabólitos está entre eles.

— O resultado mais significativo foi o alto grau de precisão que conseguimos obter usando esta abordagem nos dados coletados com anos de diferença do conjunto inicial — afirmou o cientista. — Esta é uma solução que queremos levar adiante para os testes clínicos e, por fim, para o mercado.

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