Uso excessivo de videogames e celulares por crianças e adolescentes: entenda os riscos

Levando em consideração a nova classificação do Código Internacional de Doenças (CID), integrando a obsessão por videogames como um dos problemas de saúde mental, a psicóloga infantil, Silvana Brito, falou para a reportagem da ContilNet sobre esse estado de adoecimento nas crianças e adolescentes e os cuidados que os pais e/ou responsáveis devem ter nessas fases iniciais do desenvolvimento humano.

Silvana Brito/Foto: Reprodução

A última revisão do manual de classificação de doenças da OMS descreve a compulsão por jogos eletrônicos como um “padrão de comportamento persistente ou recorrente” podendo se tornar tão intenso que “toma a preferência sobre outros interesses da vida”. A medida já tinha sido anunciada em janeiro, mas faltava a publicação.

Em alguns países a condição já era considerada um problema.

De acordo com a especialista, o uso de todo e qualquer aparelho eletrônico precisa ser monitorado e controlado pelos cuidadores, tendo em vista que não é excluída a possibilidade de afetar diretamente no bem estar, o excesso dos dispositivos.

Confira a entrevista: 

ContilNet: O vício em videogame é reconhecido como doença pela OMS. Como você avalia essa classificação?

É uma nova classificação, mas ainda em estudo. Podemos avaliar neste primeiro momento como um Alerta para mudanças dos comportamentos das crianças e dos jovens pois existem algumas diferenças entre vícios e transtorno de acordo com a idade.

O uso demasiado não somente do vídeo game, mas de outros aparelhos eletrônicos, interfere diretamente no desenvolvimento saudável da criança?

Tudo que for usado com exagero será sim um complicador no desenvolvimento infantil, pois entre a idade de 0 a 7 anos temos muito a ser estimulado para o bom uso de nossas funções intelectuais, emocionais e motoras.

Qual o tempo necessário para que uma criança utilize vídeo game, telefone ou outro aparelho? No que os pais devem estar atentos?

Sobre horário para jogos eletrônicos que são considerados como lúdicos é necessário um tempo livre, digo livre ao que se refere depois da aula, das tarefas. De uma hora no máximo uma hora e meia pois o necessário brincar com os brinquedos e com as outras crianças justamente para evitarmos o distanciamento entres elas afim de prevenir o vício e até o transtorno. Um dos principais fatores considerados como prejudicial a saúde mental é o distanciamento do convívio social.Os devem estar atentos a tudo no que diz respeito aos seus filhos pois estes ainda sabem muito pouco sobre o mundo internet/eletrônica. Assim, se faz necessário estabelecer a idade da criança para o que ela pode e não pode jogar mesmo brincando. Pais, não podem deixar os filhos livres na internet, tem olha, conversar sobre o que jogam e com quem jogam. Também, não devem negociar a hora de jogar com a hora de estudar, são relações de valores muitos diferentes.

Quando a criança faz birra e fica agressiva por conta da restrição, qual o melhor posicionamento que os pais devem tomar?

Nesse momento, primeira coisa é fazer uma avaliação de como estão desenvolvendo sua paternidade e sua maternidade, pois tem falhas … criança tem birra sim, mas não as que ultrapassam a autoridade dos pais. Quando isso acontece é porque os pais estão prometendo muito e fazendo pouco do que dizem.

Jogos de guerra, assassinatos e armas podem influenciam negativamente as crianças?

Qualquer coisa que tenha força e poder nos influenciam. Sobre influenciar negativamente vai depender do estimulo que recebemos e de quem recebemos.Diante das mudanças tecnológicas (nosso assunto de hoje) é importante avaliarmos até onde podemos participar sem estarmos privando o lado bom da tecnologia em nossas vidas e principalmente dos filhos pois com cuidado dentro das condições de cada um é possível o uso saudável de jogos de vídeo game e outros.

Brito é psicóloga pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), pós-graduada em saúde mental pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e especialista em Atendimento Educacional Especializado (AEE) pela Faculdade Federal do Ceará.

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