20 de abril de 2024

Vulcão de Fogo, na Guatemala, causa terror e deixa pelo menos dez pessoas mortas

A erupção do Vulcão de Fogo, a 35 quilômetros ao sudoeste da Cidade da Guatemala, formou rios de lava, nuvens de pedras e cinzas e devastou os vilarejos mais próximos. Tal poder de destruição levou especialistas a compará-lo ao vulcão Vesúvio, na Itália, em sua erupção no ano de 79 d.C., que soterrou a cidade de Pompeia. A erupção do vulcão na Guatemala neste domingo (3) deixou ao menos 25 pessoas mortas e afetou mais de 1,7 milhão – cerca de 10% da população do país.

Depois de várias horas de intensa atividade, o vulcão acalmou suas erupções. As tarefas de busca dos desaparecidos vão continuar nesta segunda-feira (4). O presidente Jimmy Morales decretou três dias de luto nacional pela catástrofe.

A lava do vulcão derreteu tudo que encontrou pela frente/Foto: reprodução

“O impacto dessa erupção sobre a população é parecido com o de Pompeia”, diz o vulcanologista Piergiorgio Scarlato, do Instituto Nacional Italiano de Geofísica e Vulcanologia. A lava do Vulcão de Fogo atingiu uma temperatura de ao menos 700ºC, derretendo tudo que encontrou pela frente, de árvores a rochas. O material vulcânico se moveu a uma velocidade de 100 km/h, provocando mortes ao chegar nos centros urbanos.

Esta é a segunda erupção do Vulcão de Fogo em 2018, mas é considerada a mais forte desde 1974. Ele é um dos mais ativos da América Central.

Segundo o especialista, o Vulcão de Fogo gerou colunas de cinzas e gás de 3 km a 4 km, além de fluxo piroclástico, ou seja, uma mistura de gás e material vulcânico. “O Vesúvio, na erupção de 79 d.C., produziu uma coluna de gás e cinzas de 20 km a 25 km que, colapsando sobre si mesma, também gerou um fluxo piroclástico parecido com o Vulcão de Fogo”, compara.

Ainda não se sabe ao certo quantas foram as vítimas da tragédia/Foto: reprodução

Com 3.763 metros de altura, o vulcão fica entre os departamentos de Escuintla, Chimaltenango e Sacatepéquez, localizadas na região da Cidade da Guatemala, capital do país. As cinzas negras do vulcão atingiram 10 mil metros de altura e cobriram as casas dos vilarejos de San Pedro Yepocapa e Sangre de Cristo, enquanto uma coluna de fogo de 2,5 km foi vista pelos céus, o que provocou o fechamento do aeroporto internacional La Aurora, na Cidade da Guatemala.

O porta-voz da Coordenação Nacional para a Redução de Desastres, David de León, disse que ainda não foi possível contabilizar o número de pedidos de resgate, mas que cerca de 3,1 mil pessoas foram evacuadas em vilarejos vizinhos ao vulcão.

Desabrigados relatam terror

Cerca de 3.000 pessoas foram evacuadas das cidades próximas ao vulcão. Em um albergue com 272 pessoas na cidade de Escuintla, quase metade crianças, os relatos são de assombro de quem viu de perto o fogo que desceu do vulcão e temor de não se ter para onde ir.

Descalço e sentado sobre uma fina manta junto com a mulher e a filha, um bebê de dois meses que dorme, Manuel López, 22, lembra o momento em que ficaram presos em sua casa por uma corrente de lava. “Tudo (material vulcânico) entrou pelas portas e janelas. Fazia muito calor, não dava para respirar, isso aqui fervia”, conta.

Residentes de várias comunidades se protegem em abrigo temporário em Escuintla/Foto: reprodução

“Conseguimos sair quebrando lâminas, cercas, passando pelas paredes, e conseguimos chegar até onde estavam os bombeiros e os soldados”, contou o sobrevivente do deslizamento, acrescentando que sua outra filha, de 4 anos, foi levada para o hospital local com queimaduras nas pernas.

Nascida na região e acostumada com as constantes erupções do vulcão, Cleotilde  Reyes, conseguiu fugir momentos antes com sua filha e dois netos na caminhonete de um vizinho que as alertou sobre o deslizamento que se aproximava. “Deu medo isso”, disse.

Efraín González, 52, não perdia a esperança de encontrar com vida seu filho de 10 anos e sua pequena de 4, desaparecidos depois do deslizamento. Ele está no albergue junto com a esposa e com a outra filha pequena. Outros, como Miguel Tilón, 45, esperam receber mais ajuda ao longo dos próximos dias. “Não temos para onde ir”, disse.

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