18 de abril de 2024

A herdeira de império das bebidas presa por ligação com culto que mantinha escravas sexuais

Uma herdeira de uma empresa de bebidas alcoólicas está enfrentando uma acusação de financiar e participar de uma suposta seita sexual que marcava o corpo de seus seguidores com as iniciais de seu líder.

Clare Bronfman, de 39 anos, é acusada de usar sua fortuna para ajudar a financiar as operações da Nxivm (a pronúncia é nexium). Bronfman é uma das herdeiras da empresa Seagram, uma das maiores destilarias de bebidas alcoólicas do mundo.

Investigadores afirmam que a Nxivm era, na verdade, uma organização de tráfico sexual disfarçada de culto. Seis pessoas foram presas durante a investigação. Uma delas é a atriz Allison Mack, conhecida por sua participação na série de TV americana Smallville.

A defesa de Bronfman diz que “ela não fez nada de errado”.

Clare Bronfman é filha de Edgar Bronfman, filha de um empresário bilionário do ramo de bebidas Foto: Reuters / BBC News Brasil

O que é Nxivm?

O site da Nxivm descreve o movimento como uma “comunidade guiada por princípios humanitários que busca empoderar pessoas e responder a questões importantes sobre o que significa ser humano”. O grupo diz que oferecia oficinas para melhorias pessoas e auto-realização.

Baseado em Albany, no Estado de Nova York, o grupo foi fundado em 1998 e diz já ter trabalhado com mais de 16 mil pessoas.

Os membros da comunidade incluem o filho de um ex-presidente do México e atores de Hollywood.

Procuradores federais alegam que o líder do Nxivm, Keith Raniere, de 57 anos, coordenava um sistema de servidão – os membros eram obrigados a seguir o que o líder dizia. Segundo membros, as mulheres tinham que ter relações sexuais com Raniere e seus corpos eram marcados com laser: na pele, eram escritas as iniciais do nome do líder.

Recentemente, o grupo suspendeu suas atividades por causa de “eventos extraordinários pelos quais estamos passando no momento”, segundo comunicado publicado em seu site.

Quais acusações pesam sobre Clare Bronfman?

Clare Bronfman é filha do bilionário e filantropo Edgar Bronfman, dono da Seagram. Ela e mais três pessoas foram presas na terça-feira sob a acusação de extorsão, segundo promotores americanos. Ela foi apontada como uma das finaciadoras do culto, investindo mais de de U$ 100 milhões.

Documentos judiciais apontam que Bronfman, que era próxima à lidereança da Nxivm, estava envolvida em um roubo de documentos de duas mulheres – incluindo uma ex-parceira sexual de Raniere.

Ela também é acusada de encorajar e ajudar a entrada ilegal de estrangeiros nos Estados Unidos, pessoas que depois teriam se tornado vítimas da seita.

Em uma nota publicada em seu site em dezembro, Bronfman disse que ainda ajudava a Nxivm, pois acreditava nos programas do grupo.

Sua advogada, Susan Necheles, disse em comunicado que a Nxivm “não é um empreendimento criminoso”, mas “uma organização que ajudou milhares de pessoas”.

“As acusações contra Clare são resultado de excesso de poder do governo. Acusam um indivíduo de crimes apenas porque o governo discorda de algumas crenças da Nxivm”, disse Necheles.

A atriz Allison Mack, conhecida pela série Smallville, foi presa sob acusação de exploração sexual Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Quem mais foi acusado?

O líder o grupo, Keith Raniere, foi preso pelo FBI no México em março. Nos meses seguintes, ele e a atriz Allison Mack foram acusados de tráfico sexual e conspiração para trabalho forçado.

As acusações podem render penas mínimas de 15 anos ou até prisão perpétua, em caso de punição máxima.

O julgamento de Raniere está marcado para 1º de outubro. A Justiça negou fiança a ele por receio de que Bronfman pudesse usar sua influência financeira para fugir.

A co-fundadora da Nxivm, Nancy Salzman, de 64 anos, sua filha Lauren Salzman, 42, e Kathy Russell, 60, também foram presas ao lado de Bronfman, na terça-feira.

As seis são acusadas de extorsão, ou de tentar extorquir ilegalmente algumas pessoas para ganhar dinheiro. Elas podem pegar até 20 anos de prisão, além de uma pena adicional de 15 anos por roubo de identidade.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos disse que o grupo “cometeu uma série de crimes, incluindo roubo de identidade, extorsão, trabalhos forçado, tráfico sexual, lavagem de dinheiro, fraude e obstrução da justiça”.

O diretor-assistente do FBI William Sweeney afirmou, na terça, que os “detalhes desses supostos crimes se tornam cada vez mais sombrios à medida que no aprofundamos na conduta dessa organização e em sua missão”.

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