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Tião Viana diz que Petecão ‘valoriza facções’ e senador retruca: ‘Ele não gosta da verdade’

Por SAIMO MARTINS, PARA CONTILNET

O governador do estado do Acre, Tão Viana (PT), usou as redes sociais para emitir uma nota na noite desta quarta-feira (11), na qual repudia as declarações do senador Sérgio Protecão (PSD), feitas durante sessão plenária no Senado. O parlamentar, em discurso, pediu ao governo federal que intervenha na segurança pública e culpou o governo petista pela constante violência no Acre. Viana foi ao Facebook para afirmar que o parlamentar do PSD “valoriza as facções criminosas”.

“[Petecão] diminui nossas honradas forças policiais. O seu discurso de terror o faz porta-voz das ameaças do crime, prestando às facções o serviço que elas mais desejam, que é exatamente o que faz o senador Petecão: amedrontar cada vez mais as pessoas e desqualificar o enorme trabalho das forças de Segurança contra os criminosos”, enfatizou.

Viana frisou ainda que Petecão além de não ter projetos que valorizem a população defende uma ação de intervenção militar que foi um fracasso no Rio de Janeiro. “Sobre a Segurança, a única proposta de Petecão é pedir para copiar no Acre a fracassada intervenção federal feita no Rio Janeiro, sob a qual a violência aumenta”, acrescentou o petista.

Tião atacou Petecão nas redes sociais e levou o troco/Foto: reprodução

Por sua vez, também através de nota, o senador lamentou a atitude de Tião Viana: “Quanto aos ataques do nosso governador, com sua postura deselegante, lamento profundamente a sua atitude como governante, que não aceita e não sabe conviver com a verdade dos fatos”, escreveu ele.

Petecão ainda agradeceu ao governante petista pela solidariedade às vítimas da violência. “Agradeço por suas declarações de solidariedade às famílias das muitas vítimas da insegurança que assusta e maltrata o nosso povo “, destacou.

Leia o texto publicado pelo senador Sérgio Petecão:

SENTIMENTO DO DEVER CUMPRIDO!

Saindo agora de uma reunião com a presença do presidente Michel Temer, com o ministro extraordinário da Segurança, Raul Jungmann, e com o Chefe de Gabinete de Segurança Institucional, General do Exército, Sérgio Etchegoyen, onde entregamos um relatório constando toda a situação da insegurança que reina no Estado do Acre.

Tivemos, por parte do Governo Federal, o compromisso de que será encaminhada, com a máxima urgência, as demandas do nosso Estado, e que providências cabíveis serão tomadas.

Reconheço ainda que, com toda a dificuldade que os nossos policiais civis e militares e nossos bombeiros enfrentam, com sacrifício pessoal e o de suas famílias, a sua colaboração tem sido efetiva e sem a qual a situação estaria muito pior.

Já ia me esquecendo: quanto aos ataques do nosso governador, com sua postura deselegante, lamento profundamente a sua atitude como governante, que não aceita e não sabe conviver com a verdade dos fatos. E, o o por suas declarações de solidariedade às famílias das muitas vítimas da insegurança que assusta e maltrata o nosso povo.

Veja também a nota de Tão Viana:

A verdade sobre a Segurança Pública e as mentiras do senador Petecão

Primeiro, me solidarizo às famílias vítimas da violência e do assédio do narcotráfico aos seus filhos, e me consterno à dor de quem perde um ente querido. Além do mais, devo lamentar que o pior tipo de pessoa é aquela que tenta tirar proveito desse momento de desafio e de dor das nossas comunidades. Esse é o caso do senador Sérgio Petecão, parlamentar de mandato pífio, sem qualquer ação verdadeira de solidariedade com os acreanos e sem nenhuma contribuição efetiva para o desenvolvimento do nosso Acre.
Sobre a Segurança, a única proposta de Petecão é pedir para copiar no Acre a fracassada intervenção federal feita no Rio Janeiro, sob a qual a violência aumenta. E não sabe, ou finge que não sabe, que o Governo Federal não precisa intervir, basta assumir a sua responsabilidade de controlar as fronteiras – que aqui no Acre se entendem com a Bolívia e o Peru, dois dos maiores centros de produção de cocaína, principal produto do tráfico de drogas.

Tratando sem responsabilidade o tema da Segurança Pública, o senador Petecão valoriza as facções criminosas e diminui nossas honradas forças policiais. O seu discurso de terror o faz porta-voz das ameaças do crime, prestando às facções o serviço que elas mais desejam, que é exatamente o que faz o senador Petecão: amedrontar cada vez mais as pessoas e desqualificar o enorme trabalho das forças de Segurança contra os criminosos na proteção da sociedade.

Coordenador da Bancada Federal do Acre, o parlamentar não explica porque anunciou a liberação de R$ 72 milhões, que caiu para R$ 39 milhões e até agora não chegou nada para os cofres do Estado – um verdadeiro conto do vigário cometido por ele e pelo Governo Federal que ele apoia de forma incondicional.

O senador Petecão deveria utilizar o seu proclamado prestígio e intimidade com a Presidência da República para verificar quantos telefonemas eu dei ao presidente Michel Temer, ao ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann e também ao secretário-executivo, Luís Cazeta, para pedir insistentemente a liberação dos recursos para a Segurança Pública.
Usar a dor da violência, dos males das drogas e da perda de vidas para fazer campanha eleitoral, é o mais baixo nível que se pode chegar na política.

O senador finge esquecer dos esquartejamentos e do poder paralelo do esquadrão da morte que dominava o Acre. Petecão abriga remanescentes desse modelo nas suas fronteiras partidárias.

Será que ele não lembra de crimes como o da motosserra, quando corpos eram atirados em frente de emissoras de televisão para claramente dar recados?

Sérgio Petecão deveria se dar ao respeito e pedir desculpas a quem dá o melhor de si pelos interesses da população acreana, que arriscam suas vidas combatendo o crime, que são os homens e mulheres das nossas polícias, ao invés de valorizar e transmitir a força e o terror das facções criminosas.

Lamentavelmente, o Governo Federal, apoiado pelo senador Petecão, não trata a questão das nossas fronteiras com a devida responsabilidade.

Os recursos do Fundo Penitenciário deveriam estar mais avançados, pois é um direito assegurado do Acre e de todos os Estados.

O senador deveria estudar mais, ler mais, para saber que a mola propulsora da violência é o narcotráfico. E que a responsabilidade pelo controle das fronteiras é do Governo Federal. Essa é a origem do mal, o ovo da serpente. O senador omite que o Brasil, há pouco tempo, era o 101º consumidor de cocaína do mundo, e hoje é 2º.

Ele não diz que o PCC foi criado no Estado de São Paulo, em 1993. Que essa organização conta hoje com 30 mil membros, sendo 10 mil no estado de origem e os outros 20 mil distribuídos em verdadeiras franquias.

Se fosse digno, o parlamentar falaria que o Comando Vermelho surgiu no Rio de Janeiro, em governos de partidos aos quais ele se associa e defende.

Se tivesse dignidade, o senador lembraria que os salários dos servidores das nossas polícias, quando os partidos que ele apoia governavam o Acre, eram os piores do país. E reconheceria o esforço do nosso Estado, que hoje paga o 5º melhor salário do país aos soldados e bombeiros. Diria também que, no meu governo, o Acre foi o único Estado do Brasil a aumentar em 30% o efetivo das suas polícias.
O parlamentar esconde os fatos e não diz que no meu governo a folha de pagamento da Segurança Pública cresceu de menos de R$ 200 milhões por ano, para o patamar de R$ 507 milhões agora em 2018.

O senador Petecão ”vomita” números mentirosos. A verdade é que em 2016, quando estourou a disputa pelo poder do tráfico em São Paulo e Rio Janeiro, foram assassinadas 62.517 pessoas no Brasil, sendo 355 pessoas no Acre – que foi o segundo estado com menor número de homicídios.
Quando os Estados Unidos da América viram que o narcotráfico da Colômbia invadia as suas fronteiras pela Flórida e outros estados, investiram mais de um trilhão de dólares em território colombiano. No Brasil, o Governo Federal abandona suas fronteiras e não constrói ação com outros países para evitar os crimes transfronteiriços.

É inaceitável que a honrada Polícia Federal conte com apenas 35 agentes em Cruzeiro do Sul, região que tem mais de 10 rios e fronteiras abertas. É inconcebível, mas não temos nenhum agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuando na parte oeste do Acre, onde vai a rodovia BR-364.
O senador deveria ter a decência de lutar e defender os bravos policiais acreanos, que só em junho deste ano apreenderam cerca de 500 quilos de drogas, além de centenas de armas ao longo do ano. O combate à violência é intenso. Conseguimos reduzir a taxa de homicídios no primeiro semestre em 10%, na comparação com o ano passado, enquanto essa mesma taxa é crescente em estados mais ricos.

Petecão quer tornar exemplo as ações de seus correligionários, então deveria ter a dignidade de afirmar que o Rio Grande do Norte, governado pelo seu partido, já registra 1.086 mortes por assassinato, só neste ano. O estado do Ceará registra 2.627, e o Acre 211.

O senador Petecão se declara com medo pelo lamentável fim de semana em que o nosso estado sofreu 5 mortes, mas esconde que neste mesmo período o Rio Grande do Norte teve 21 assassinatos, Amazonas 10, Goiás 24 e o Ceará 48 – mostrando a face cruel do narcotráfico que age no país inteiro diante de um Governo Federal paralisado e que abandona as fronteiras acreanas com a Bolívia e o Peru.

Constrange a todos saber da presença do senador Petecão ao velório de um jovem vítima da violência para explorar a dor da sua família. Em quantos velórios Petecão chorou suas lágrimas de crocodilo no ano passado, quando ainda não estava em campanha eleitoral?

Trabalhamos além das nossas possibilidades para conter o crime nas fronteiras. Temos cooperação com o bravo Exército Brasileiro, que, mesmo sem o efetivo necessário, tem dado respostas sempre que solicitado.

O Acre tem a polícia que mais prende, mais competente e mais honesta do Brasil. Isso nos orgulha muito. Mas o senador nega nossas policias e, por ignorância e ou maldade, não diz que crimes transnacionais e do narcotráfico estão submetidos à Convenção de Palermo e, portanto, são responsabilidade direta do Governo Federal que ele defende.

É preciso deixar claro que os presos, que deveriam ter custos pagos pelo Governo Federal, oneram os cofres do Estado R$ 55 milhões por ano só de alimentação. Esse dinheiro poderia ser investido em Educação, Saúde, Cultura e Esporte, não fosse a omissão do Governo Federal e de parlamentares como o senador Petecão.

O senador que abusa da palavra humildade, devia praticá-la e reconhecer que o Acre é o primeiro lugar na educação de Ensino Médio de Região Norte, à frente de estados maiores e mais ricos como Amazonas e Pará.

Seria decente da parte dele destacar que quando assumimos, o Acre tinha municípios, muitos deles comandados por partidos da sua base, com até 70% de analfabetismo. E que nós vamos fazer, até novembro, é proclamar o nosso Estado como o único do país livre dessa dívida social.

Se trabalhasse com a verdade, o senador falaria que abrimos oportunidades para mais de 100 mil jovens em cursos profissionalizantes, sendo que no meu governo foram quase 55 mil. Que abrimos milhares de vagas para os jovens ingressarem nas universidades, com apoio às instituições públicas e privadas.

A verdade é que o senador Petecão contribuiu para empoderar o atual Governo Federal e jogar o Brasil na pior crise da história nacional. Nós aqui seguimos trabalhando e fomentando a produção. O PIB do Acre foi o que mais cresceu no país desde 2002, e tornou-se o 4º do Brasil em termos proporcionais de 2002 a 2015.

Se o senador Petecão quer mesmo discutir a questão da segurança, me convide para um debate no Senado Federal. Então poderemos expor e confrontar nossas ideias, conhecimentos e sugestões para o combate ao crime. Também podemos nivelar o que eu e o que o senhor já fez para conter o crime e a violência no nosso Acre.

Novamente me solidarizo com cada família vítima da violência, reafirmo meu compromisso de combate ao crime junto com nossas Forças de Segurança e comungo com todos os acreanos minha fé na paz, no trabalho e na fraternidade.

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