Dados oficiais apontam crescimento de 124% dos homicídios no município de Cruzeiro do Sul

No levantamento feito pelo Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), uma porcentagem choca pelo aumento significativo: em Cruzeiro do Sul, de 1º de janeiro a 7 de agosto, houve um aumento de 124% no número de homicídios em 2018.

De acordo com os dados, 47 homicídios foram registrados neste ano no período citado anteriormente, e em 2017, apenas 21 foram registrados no mesmo período.

Vítimas fatais da violência aumentaram mais de 100% em CZS (Foto: Reprodução)

A situação vai contra a porcentagem na Capital acreana: em 2017, segundo o levantamento, o Estado registrou 286, sendo 184 em Rio Branco e outros 21 na cidade de Cruzeiro do Sul. No mesmo período em 2018, foram 273 mortes violentas em todo o Estado, sendo 153 em Rio Branco e 47 em Cruzeiro do Sul. Ou seja, os números diminuíram na Capital e aumentaram em mais de 100% na segunda maior cidade acreana.

Segundo a Polícia Civil, deste total, cerca de 90% das mortes estão ligadas ao crime organizado e à guerra entre facções que se instalou nos últimos anos na região.

DESAPARECIMENTOS

Os desaparecimentos também estão acontecendo em todo o Estado. Só em Cruzeiro do Sul, atualmente, existem ao menos cinco casos ainda não solucionados.

Erick da Silva Barroso, de 18 anos, natural de Guajará (AM), saiu de casa em janeiro desse ano em busca de informações de dois amigos cujas ossadas foram encontrados no Rio Juruá no dia 28 daquele mês.

Depois, foi noticiado o desaparecimento do aposentado Varcir Silva Ferreira, de 31 anos, que tem problemas mentais. A última vez que a família teve contato foi quando o aposentado passou na casa do pai, na Comunidade Tauary, BR-364, e disse estava indo para o município de Tarauacá. Depois disso, não tiveram mais notícias de seu paradeiro.

Um jovem de 21 anos sumiu após ser visto em uma festa de carnaval. Mateus Santos Oliveira, de 21 anos, foi o último a desaparecer. O jovem foi atingido por um disparo de arma de fogo na coxa, foi levado pela família ao Pronto-Socorro, recebeu atendimento e alta médica, e depois disse a avó que estava indo para casa e sumiu.

O quarto caso é do auxiliar de serviços gerais Francisco do Nascimento Vale (Tiurí), de 43 anos. Ele desapareceu em 28 de fevereiro após ir à casa de um amigo e não foi mais visto pelos familiares que residem no bairro João Alves, em Cruzeiro do Sul.

E por último, uma família faz buscas pelo autônomo Arlir Cerqueira, de 35 anos. Ele mora no bairro Cohab, em Cruzeiro do Sul, e sumiu no domingo (22 de julho) após ir até o Miritizal em busca de um pedreiro para fazer alguns trabalhos. Dias após o desaparecimento, a motocicleta de Cerqueira foi encontrada no rio Juruá. A Polícia Civil prendeu um grupo de criminosos que teriam ligação com o desaparecimento do autônomo.

CORPOS ENCONTRADOS

O ano de 2018 já iniciou com violência em Cruzeiro do Sul: no dia 28 de janeiro, duas ossadas foram encontradas no rio Juruá. As ossadas estavam amarradas e foram identificadas como sendo dos jovens Daniel Teles Martins da Silva, de 22 anos, e Vanisson dos Santos Freire, de 12 anos.

Em março, um corpo foi encontrado boiando no rio Juruá. Posteriormente, foi identificado como Francisco Maciel Conceição, de 21 anos, morador do bairro da Cobal, em Cruzeiro do Sul, que estava desaparecido há alguns dias.

No dia 8 de julho, o corpo do adolescente Adrian Alencar, de 17 anos, que estava desaparecido desde o dia 6 de julho. O corpo foi identificado pela mãe do rapaz.

O último corpo encontrado foi no dia 3 de agosto, quando pescadores acharam um corpo com pés e mãos amarradas. A vítima seria natural de Rio Branco e estaria há poucos dias na cidade.

AGOSTO SANGRENTO

O mês de agosto iniciou bem sangrento em Cruzeiro do Sul: em nove dias foram registradas nove mortes na cidade e na região.

A primeira morte foi de um adolescente de 15 anos. Na madrugada de quarta-feira (1º de agosto), houve uma troca de tiros entre bandidos e policiais. O jovem foi atendido, mas morreu no Hospital do município.

O corpo de Manoel Vieira, de 37 anos, também foi achado na quarta (1º de agosto). A suspeita é que a vítima tenha sido morta um dia antes com um tiro de espingarda. O suspeito do crime seria um jovem de 20 anos que teria tido um desentendimento com a vítima.

Ainda no fim da quarta, o corpo do diarista Francisco das Chagas Oliveira, de 31 anos, foi achado sem a cabeça dentro de um campo na comunidade Paraná do Pentecostes, na zona rural de Cruzeiro do Sul.

Na quinta-feira (2), pescadores encontraram um corpo de um homem boiando no Rio Juruá, próximo à ponte da União. De acordo com a polícia, tratava-se de um homem conhecido como Gilberto que estava há pouco tempo na cidade.

Ainda na quinta, Moisés Azevedo Brandão, de 30 anos, matou o irmão por parte de pai com mais de 20 golpes de facão. O crime ocorreu na Comunidade Badejo do Meio, na divisa dos municípios de Cruzeiro do Sul e Guajará (AM). Ênio Pedroza Praxedes, de 41 anos, morreu na hora.

José Rocha, de 31 anos, morreu com dois tiros no bairro João Alves. Dias depois, a polícia prendeu um dos principais acusados na participação da morte do jovem.

Um corpo foi encontrado na manhã de sábado (4) no bairro Bandeirantes, em Mâncio Lima. A suspeita é de que o jovem tenha sido espancado até a morte.

Ainda em Mâncio Lima, Roniscleisson de Souza, de 27 anos, foi morto na frente da mulher com ao menos 11 disparos de arma de fogo, na comunidade Alto Pentecoste.

O jovem Izaquiel da Rocha, de 26 anos, foi morto com um tiro de espingarda na cabeça na madrugada desta quarta-feira (8), na zona rural de Cruzeiro do Sul, na BR-364.

Com informações do site JuruáOnline

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