NÃO SE TIRA COELHOS DAS URNAS
Por Cesário Campelo Braga
Amanhã (16) tem início oficialmente a campanha eleitoral. A batalha política vai acontecer num momento conturbado do Brasil, marcado por uma crise econômica e social que afeta diretamente a geração de empregos e fortemente a renda dos mais pobres, ampliando desigualdades e agravando mazelas de uma sociedade que vê crescer a fome, os preconceitos e a violência.
Nesse momento, o descrédito dos ditos “políticos” atinge um patamar tão elevado perante a população que põe em cheque a política e o papel do Estado, vistos por muitos como desnecessários, servindo apenas como fonte de benefícios para alguns, custeados por meio de impostos cobrados injustamente.
Nesse cenário, durante os próximos dias, as pessoas ouvirão dos marqueteiros, que falam por meio de alguns candidatos, tudo que soa agradável aos seus ouvidos: soluções mágicas, promessas inexequíveis, negação da política e seus aliados. Proposições simplistas marcadas por frases de efeito e sem conteúdo: “é hora de mudar”, “alternância de poder”, “fora isso…”, “fora aquilo…”, “nunca mais…”, “segue o líder”, e outras superficialidades do tipo.
Porém, diante da gravidade e da importância do processo eleitoral para o país, num cenário de tamanha incerteza, uma avaliação mais profunda deve embasar as tomadas de decisão; principalmente porque o Governo Federal e os Estados deverão ser as principais ferramentas de superação da crise.
Logo, os postulantes aos cargos majoritários de governador e presidente devem ser avaliados não pela simpatia, carisma ou por pertencer a partido A ou B. Muito além disso, como cidadãos, devemos observar a capacidade de trabalho, a habilidade administrativa e de liderança; o compromisso ético com os interesses maiores da sociedade e, fundamentalmente, o respeito com a coisa pública.
A disposição e a capacidade de construir um ambiente de diálogo plural é outra característica imprescindível. Devemos avaliar atentamente se o plano operacional que apresentam responde às reais necessidades da sociedade e se é exequível, num ambiente social e economicamente tão conturbado.
A decisão que iremos tomar em outubro apontará o desfecho que daremos para essa crise e qual o novo ciclo a ser inaugurado. É uma decisão que não pode ser transferida com o voto ou limitada apenas pelo ato de votar. Deve ser envolta em uma nova atitude cidadã de participação e compromisso de todos com o presente e o futuro que queremos. Como diria Luther King, “Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam.”