Conheça a fruta da Amazônia que tem o maior teor de vitamina C do mundo

Pequena, redonda, avermelhada e capaz até de eliminar a gripe comum. Apesar de famosa em terras estrangeiras, o camu-camu quase não é conhecido em seu lugar de origem, a Amazônia. Segundo especialistas do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), o camu-camu possui índice de ácido ascórbico (vitamina C), superior a todas as frutas até então conhecidas, inclusive a acerola.

A fruta é conhecida no Amazonas também por outros nomes, como o caçari, araçá-de-igapó, araçá-d’agua e crista-de-galo.

Na Amazônia Brasileira está presente no Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima.

Acredita-se que a planta tenha origem na Amazônia Peruana, na confluência entre rio Ucayali e Maranon. Na área encontram-se densas e diversificadas populações naturais do camucamuzeiro, conforme registra Silvestre Pinho, na obra “Frutas da Amazônia Brasileira”.

O camu-camu floresce, em água, uma vez por ano | Foto: Divulgação

A população ribeirinha sempre esteve próxima do camu-camu. Muitos o consideram um bom tira-gosto e excelente isca para pescaria, porém apenas em 1980 a fruta passou a despertar interesse do grande público. Foi nessa década que se espalhou o conceito de alimentos funcionais, em que se encaixa o camu-camu. Na época, já era estudado e conhecido pelo alto teor de vitamina C.

De acordo com o pesquisador Jaime Aguiar, o interesse científico pelo camu-camu é cada vez maior. “É a fruta com maior teor de vitamina C do mundo. Tem alto poder antioxidante e ajuda na digestão de alimentos com muito ferro. Uma pessoa que acabou de comer uma feijoada e tem problemas de azia, ao comer o camu-camu, sente-se aliviada. É perfeito para substituir a famosa laranja depois do prato, inclusive”, explica.

O valor nutricional do camu-camu já desperta interesse de empresas internacionais, japonesas e americanas que importam a fruta para usá-la no setor de cosméticos anti-envelhecimento e cápsulas da vitamina em pó.

Especialistas acreditam que o interesse do mercado internacional pela fruta pode ajudar a economia do caboclo ribeirinho. Embora a planta seja nativa das várzeas da Amazônia,  começa a ser plantada em outras áreas, após o Inpa ter adaptado o plantio da fruta para terra firme.

As atuais plantações no Amazonas encontram-se nos municípios do Rio Preto da Eva, Benjamin Constant e Tabatinga, mas há pequenos plantios também em outros municípios.

Ouro da Amazônia

Jaime Aguiar considera o camu-camu como o atual ouro da Amazônia. Para ele, pode ser comparada a histórica seringueira que produziu o látex, na Época Áurea da Borracha. Segundo o pesquisador, devido ao alto poder antioxidante, o camu-camu tem potencial para combater muitas doenças. Como a fruta combate os radicais livres, causa redução de doenças crônicas. É também indicado para pacientes com diabetes e útil para quem faz dietas de emagrecimento.

“A fruta contém fibras que contribuem para o trânsito intestinal. Para se ter uma ideia, o ser humano precisa de, aproximadamente, 6 mil miligramas de vitamina C por dia. O camu-camu possui cerca de 90 mil miligramas. Não há nada comparável, por isso é considerada uma super fruta”, destacou.

Consumidor descobre a fruta

A dona de casa Josianne Delgado disse que conheceu o camu-camu recentemente, quando foi a uma sorveteria. Procurando novos sabores, ela leu sobre as propriedades nutricionais da fruta e se encantou. “Fiquei intrigada quando vi a placa na sorveteria explicando que o camu-camu tinha dez vezes mais vitamina C do que a acerola. Quando provei, vi que tinha um gosto bem cítrico e gostei do sorvete, mas gostaria de provar a fruta em si”, comentou.

O esposo de Josianne, Mário Delgado contou que toma vitamina C em cápsulas para se sentir mais disposto no trabalho. Ao ser questionado se trocaria as cápsulas pela fruta, disse que  sim. “Se tudo que estão falando sobre o camu-camu for verdade, seria ótimo ter um copo do suco todo dia no café da manhã. Creio que ficaria mais disposto para trabalhar e meu organismo ficaria mais resistente aos resfriados”.

O Amazonas produz 46 toneladas da fruta por ano. Devido a maior parte do plantio acontecer em área de várzea, a colheita só acontece uma vez ao ano. As vendas concentram-se nos municípios, nas proximidades de áreas produtoras.

O presidente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam), Luiz Herval, disse que as pessoas podem fazer o plantio do camu-camu em casa, mas que este costume ainda não se popularizou.

“Temos conhecimento de 22 produtores rurais que fazem o plantio recorrente, mas o potencial é muito maior. Em Manaus, infelizmente, este costume não existe ainda, mas é uma oportunidade que está aberta, para se ter no quintal essa riqueza da Amazônia”, concluiu.

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