Quinto candidato mais rico do País nas eleições deste ano, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) fez uma doação de R$ 20 milhões para a própria campanha à Presidência da República. Prestação de contas feita pelo candidato ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que o valor foi repassado em uma única transferência eletrônica feita na segunda-feira passada.
Por enquanto, a doação de Meirelles para a própria campanha é a maior envolvendo pessoas físicas registrada no TSE. Repasses de valores maiores foram feitos, mas pelos próprios partidos a diretórios e candidatos com recursos públicos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o chamado fundo eleitoral.
Esta é a primeira eleição geral em que os candidatos estão proibidos de arrecadar dinheiro de empresas para custear as campanhas. Apenas pessoas físicas podem realizar doações, ainda assim limitadas a 10% do rendimento do ano anterior. No entanto, os próprios candidatos foram autorizados a bancar a totalidade de seus gastos, por meio do chamado autofinanciamento, até o limite para cada cargo em disputa. A regra beneficia os candidatos mais ricos. No caso de presidente da República, o teto de gastos é de R$ 70 milhões no primeiro turno e de R$ 35 milhões no segundo turno da eleição.
Adversário de Meirelles na corrida ao Palácio do Planalto, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) já recebeu R$ 43,3 milhões do fundo especial do PSDB, que detém cota de R$ 185,8 milhões do total de R$ 1,7 bilhão destinado ao financiamento público de campanhas eleitorais neste ano.
O MDB de Meirelles é o partido que possui a maior fatia do fundo eleitoral (R$ 234,2 milhões). A cúpula da legenda, no entanto, já havia sinalizado que não repassaria parte desse dinheiro para a campanha presidencial do ex-ministro da Fazenda, que aparece com apenas 1% nas mais recentes pesquisas de intenção de voto.
Ao registrar sua candidatura, Meirelles declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 377,4 milhões, o quinto maior entre todos os 28.125 candidatos do País que disputam mandatos eletivos nestas eleições. Do total de bens declarados pelo ex-ministro, R$ 283 milhões são em ações e R$ 58,8 milhões em fundos de investimentos.
O segundo colocado no ranking de doadores pessoa física é o empresário colombiano radicado no Brasil Carlos Amastha (PSB), que doou R$ 1,45 milhão para a própria campanha ao governo de Tocantins.
Amastha deixou a prefeitura de Palmas há dois meses para concorrer na eleição suplementar no Estado convocada após a cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e da vice dele, Cláudia Lelis (PV). Na ocasião, o pessebista gastou R$ 2,4 milhões do próprio bolso, mas acabou nem indo para o segundo turno. A disputa pelo mandato-tampão foi vencida por Mauro Carlesse (PHS).
Na sequência dos maiores doadores pessoa física aparece Oswaldo Stival Júnior, que repassou R$ 1,45 milhão à campanha de Amastha. Stival é candidato a vice-governador do Tocantins na chapa do pessebista.
Empresário
Em seguida na lista está o empresário Nevaldo Rocha, que doou R$ 1 milhão à campanha do candidato a deputado federal Gabriel Rocha Kanner (PRB). Nevaldo é pai do também empresário Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, que desistiu da candidatura à Presidência após seu partido, o PRB, fechar apoio a Alckmin – ele, no entanto, declarou voto em Jair Bolsonaro (PSL).
Entre os partidos, as maiores movimentações financeiras foram registradas até agora por MDB (R $ 230,9 milhões), PSDB (R$ 229,2 milhões) e PSD (R$ 118,5 milhões). Os repasses foram feitos com recursos do fundo especial de campanha.
Já entre os maiores gastos informados ao TSE, além de R$ 20,4 milhões de doações financeiras a outros candidatos, está publicidade com material impresso (R$ 3,15 milhões). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.