Choque
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, voltou a Brasília ‘chocada’ com o que viu em sua recente visita ao município de Cruzeiro do Sul, na região do Juruá. Na condição de presidente também do Conselho Nacional de Justiça, ela participou de um encontro com juízes e desembargadores para discutir temas relativos à segurança dos magistrados.
Provisórios
Tanto quanto a criminalidade, cujos índices alçaram Rio Branco à posição de segunda colocada entre as capitais mais violentas do país, o que assombrou Cármen Lúcia foi a quantidade de presos provisórios existentes em nossas penitenciárias.
Pesos e medidas
Conforme sabe o leitor, os detentos provisórios são aqueles que ainda não foram submetidos a julgamento no Judiciário – bem ao contrário de Luiz Inácio, condenado por duas instâncias da justiça federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Negros e pobres
Via de regra, esses detentos são negros, pobres e sem amigos importantes no poder. Por isso mofam nas cadeias do país.
Enigma
A despeito de termos presídios superlotados, o Acre é uma terra onde a violência só aumenta. Prende-se muito por aqui. E quanto mais se prende, mais violento se torna o ambiente em que lutamos pra sobreviver. Mas isso já é outra história.
Magoou
Pois bem, o relato do estado de espírito da ministra do Supremo após conhecer a realidade do Acre foi feito pelo colunista de um grande veículo de comunicação. E Tião Viana não gostou.
Fiel à regra
Como se não fosse o responsável maior pela segurança pública, ele correu ao computador para retrucar a ministra. E redigiu mais uma das muitas ‘notas de repúdio’ paridas sob o seu governo.
Elegância companheira
No texto, Tião insinua que Cármen Lúcia age como um extraterrestre que houvesse chegado às terras acreanas e passasse a tirar conclusões precipitadas sobre coisas que não existem só aqui.
Ponto cego
Talvez não lhe tenha ocorrido que os dados oficiais sobre a carnificina nas ruas da Capital e do interior endossam a impressão da ministra. E que certamente suas conclusões não brotaram do nada, mas a partir dos relatos que lhe foram feitos pelos colegas magistrados.
Excesso de esperteza
Irônico, Tião Viana argumenta que a violência é um problema nacional, e não apenas do Acre. Astuto, ele trata de misturar dados sobre o orçamento destinado à segurança pública antes do seu governo com aqueles referentes às atuais despesas da folha de pagamento estatal – como se ambas as coisas fossem uma só.
Vitimismo calculado
E, como de praxe, passa a responsabilizar a ministra Cármen Lúcia pela indiferença do Executivo no que diz respeito à vigilância de nossas fronteiras.
Fala sério!
O descaramento é tamanho que o petista, ao comentar a existência de tantos presos provisórios no estado, joga a batata quente sobre o colo do Judiciário, como se seus integrantes fossem – como foi o próprio Tião Viana enquanto investido na função de senador da República – responsáveis pela manutenção da anarquia da nossa legislação.
Questão de tempo
Mas esse assunto – como todos os outros que nos afligem – não deverá perdurar por muito tempo. Daqui a alguns dias tudo estará devidamente esquecido. E Tião voltará a fazer o que mais gosta: postagens nas redes sociais em defesa da libertação de Lula.
Post scriptum
Alertado pelo advogado Leandrius de Freitas Muniz para um equívoco cometido na presente coluna, o autor se desculpa com os leitores pela menção errônea à ministra Cármen Lúcia como ‘ex-presidente’ do STF. Na verdade, conforme observado pelo advogado e amigo, ela ainda haverá de presidir o Supremo até o dia 13 de setembro, quando será então substituída por Dias Toffolli, eleito no último dia 8 para o cargo. Reitero o meu pedido de desculpas aos leitores em geral e aproveito para registrar, em particular, minha gratidão ao Dr. Leandrius Muniz.