25 de abril de 2024

Falta de conexão freia empreendedorismo na Amazônia

Maior bioma do país com 5 milhões de quilômetros quadrados de extensão, a Amazônia é também um dos maiores desafios ambientais do Brasil. Esses desafios também aparecem em grande escala para aqueles que buscam empreender na região, criando modelos de negócios que valorizem a floresta preservada. “Estamos no meio da Transamazônica. São muitas as barreiras para empreender na região. Se nas grandes capitais já é difícil, imagine lá onde tudo está mais distante”, afirma Hélia Félix, fundadora da Cacauway, empresa criada em 2010 a partir da união de 40 produtores de cacau da agricultura familiar.

Após 40 anos dedicados ao cultivo do cacau, a cooperativa sentiu a necessidade de realizar também o processamento do produto. “Antes, ficávamos apenas com a etapa primária. Fomos ousados em constituir a primeira indústria de chocolate na região”, disse Hélia durante evento promovido pelo Santander e pelo The Nature Conservancy Brasil. Caminhando a passos pequenos, o negócio conseguiu se expandir para nove lojas e hoje inicia a venda dos produtos em São Paulo, mas muitas dificuldades surgiram pelo caminho — e permanecem. “A maior parte das embalagens que consumimos vem da região Sudeste, o que gera um ônus muito grande por conta do transporte”, diz a fundadora. Algumas iniciativas pontuais, como o desenvolvimento de embalagens artesanais feitas com as folhas secas do cacau, surgem como alternativa, mas não dão conta de resolver a questão por completo.

A maior parte das embalagens que consumimos vem da região Sudeste/Foto: Reprodução

A representante da Organização das Associações de Moradores da RESEX Tapajós-Arapiuns-Tapajoara, Andréa Cardoso de Almeida, também mostra um exemplo de iniciativa que busca a valorização do meio ambiente. “Queremos que o povo faça um uso inteligente da reserva. O nosso povo sobrevive lá, mas nós queremos que ele viva. Com a produção de artesanatos, nós vendemos um valor, e não um preço”, afirma. Os produtos, segundo ela, também contribuem para a promoção turística e ajudam a criar empregos e renda na região. “Nós só precisamos de mais investimento. Assim, as novas gerações poderão conhecer a nossa realidade não pela internet ou pelos livros, mas pelo o que ela é.”

Uma das maiores dificuldades para o desenvolvimento de novos negócios na região, segundo o diretor do Centro de Empreendedorismo da Amazônia, Raphael Medeiros, é que a maior parte dos jovens buscam trabalhar nos grandes centros urbanos no país, como São Paulo e Rio de Janeiro. “Eles não conseguem enxergar a Amazônia como uma oportunidade de negócio”, diz. O que falta, para ele, é conexão. “Os empreendedores de lá precisam se conectar com outras regiões do país. Precisamos pensar em como podemos fazer a Amazônia chegar nas prateleiras de São Paulo.”

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