MPAC debate violência obstétrica, 1 em cada 4 mulheres brasileiras é vítima, diz pesquisa

Na manhã desta terça-feira (18) o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) realiza uma audiência pública sobre Violência Obstétrica, no auditório da sede, Rua Marechal Deodoro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) são recomendados que no máximo 15% dos partos sejam cesarianas, o Brasil é líder do ranking na América Latina, onde este número chega a 56%, mas se contarmos apenas as redes privadas, as cesáreas ultrapassam os 88%.

A Defensoria Pública de São Paulo caracteriza violência obstétrica: “pode ocorrer durante a gestação, parto ou no momento pós-parto […] caracteriza-se através de tratamento desumanizado, abuso de medicalização e patologização dos processos naturais, causando a perda da autonomia e capacidade de decidir livremente sobre seus corpos na sexualidade”.

A psicóloga Carolina Palma fez parte da dissertação de mestrado com o tema: A Experiência da Maternidade em Mulheres que sofreram Violência no Parto. “Ainda existe muita confusão e pouca informação. É preciso compreender o parto humanizado como a mulher sendo protagonista neste momento, onde somente sejam realizados procedimentos”, informa.

Para Palma, ainda há muito preconceito no meio médico, pois os alunos recebem uma formação pouco baseada em evidências científicas e muito mais baseada no que seus professores aprenderam com seus antigos professores.

Segundo dados da Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc), 1 em cada 4 mulheres no Brasil sofre algum tipo de violência obstétrica. “Muitas vezes existe receio por parte das pessoas em contrariar ou questionar a atuação de um profissional de saúde, pois, infelizmente, podem acabar sofrendo retaliações, o que acaba sendo uma das causas de violência no parto”, afirma Palma.

“A desconstrução deste modelo atual de parto, que acaba valorizando a cesariana e um excesso de procedimentos desnecessários, deve começar desde a infância. As meninas precisam valorizar e compreender seus corpos, assim como seus processos sexuais e reprodutivos. O parto é um evento natural e fisiológico e deve ser entendido como tal por todos”, conclui a psicóloga.

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