Acre registra número preocupante de casos de câncer de mama e especialista esclarece dúvidas

O Outubro Rosa, mês dedicado ao controle do câncer de mama em mulheres e homens, celebra pouco mais de 18 anos, estimulando a participação da sociedade, de profissionais da saúde e representantes em geral no combate a doença que mata, apesar de curável.

O movimento proporciona maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento, que contribuem para a redução da mortalidade. Em 2018, a campanha do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), no Outubro Rosa, tem como tema “Câncer de mama: vamos falar sobre isso?”.

Outubro Rosa/Foto: Reprodução

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), esse é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres em todo o mundo, sendo 1,38 milhões de novos casos e 458 mil mortes pela doença por ano.

O câncer de mama também pode surgir no homem, embora seja muito raro, sendo que os sintomas são semelhantes ao câncer de mama nas mulheres e há maiores chances de cura, quando é descoberto precocemente.

Não distante do cenário nacional, o número de casos atendidos no Acre pela Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) é ainda preocupante. No ano de 2017, 96 mulheres receberam o diagnóstico (número mais alto desde 2015). Nenhum homem foi diagnosticado nesse período. O levantamento aponta que a maior quantidade foi encontrada entre mulheres de 45 a 49 anos.

A especialista em mastologia no Acre, Adriana Marinho, falou em entrevista concedida ao ContilNet na última quarta-feira (10), sobre os principais sintomas, tratamentos e cuidados necessários.

Adriana Marinho é mastologista e ginecologista, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Acre (SBM-ACRE), membro da Comissão de Oncoplastia da Sociedade Brasileira de Mastologia, membro da Comissão de Oncoplastia da Sociedade Brasileira de Mastologia, secretária da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Acre (ASOGIAC), preceptora do Programa de Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia do Acre, preceptora do Programa Pró-Internato do Ministério da Saúde e do Curso de Medicina da (UFAC) e docente da Faculdade de Medicina Barão do Rio Branco do Centro Universitário Uninorte.

 

Dra. Adriana Marinho, mastologista/Foto: Reprodução

Confira na íntegra a entrevista:

 

ContilNet: O que é o câncer de mama e quais os principais sintomas que caracterizam seu surgimento?

O câncer de mama é um grupo de doenças heterogêneas, com comportamentos distintos e diferentes respostas ao tratamento. Principais sintomas que caracterizam seu surgimento: no início precoce, lesão que não é palpável menos de 1 cm, a paciente nao sente sintomas. a partir de 1cm, em que a doença é palpável, ela inicialmente pode apresentar um nódulo que pode ser redondo ou não, indolor, pode existir secreção pelo mamilo cristalina ou avermelhada, descamação ou edema tipo uma casca de laranja. ainda pode apresentar mamilo invertido ou nódulos nas axilas.

Quais cuidados são necessários na prevenção e após o surgimento dos sintomas?

Praticar atividade física regularmente, manter o peso corporal adequado, adotar alimentação saudável, evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, amamentar. Essas medidas em conjunto podem reduzir o risco de cãncer de mama em 28%. Não esquecer de realizar a mamografia anualmente (Sociedade Brasileira de Mastologia, Febrasgo e sociedade brasileira de Radiologia). Após suspeitas, é necessário procurar assistência médica especializada, realizar biopsia e após a confirmação seguir o tratamento adequadamente.

O prognóstico (curso da doença) é favorável, desfavorável ou depende de cada situação?

Se a lesão é encontrada no estágio precoce, ou seja, não palpável a chance de cura desta paciente será de 90 %. Para os casos avançados, a partir de 1 cm, dependerá de vários fatores como tamanho do tumor, características biológicas do tumor, idade da paciente, status menopausal e outras doenças associadas, assim como o desejo do paciente. Casos de metástase, doença identificada em outros órgãos, o objetivo do tratamento será de prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Como se dá o tratamento?

Existem algumas modalidades de tratamento para o câncer de mama, que são os seguintes: 1. Local: cirurgia (inclui a reconstrução mamária) e radioterapia; 2. Sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia (diferente da terapia de reposição hormonal para menopausa) e a terapia biológica (utiliza drogas contra alvos específicos das células doentes).

Há possibilidade de o diagnóstico está relacionado ao histórico familiar?

Sim, entretanto somente 10 % dos casos são de transmissão hereditária.

Atendendo no Acre, como você considera o cenário atual do estado na identificação dos casos e tratamento?

Há necessidade de orientar as pacientes e o pessoal de saúde a identificar precocemente os casos, dar acesso à realização de mamografias, diagnóstico e tratamento, principalmente no interior do Estado. A demora que existe entre uma mamografia alterada e a avaliação inicial com o médico especializado deve ser reduzida. Algumas mulheres demoram de 3 a 6 meses aguardando para sua consulta especializada. É preciso melhorar a qualidade das mamografias. Há necessidade de um novo polo secundário de atendimento (onde se realiza o diagnóstico e as biópsias), em Cruzeiro do Sul. É de fundamental importância a diminuição da espera para o tratamento.

Sobre o câncer de mama nos homens, o que acha importante ressaltar? 

É cerca de 100 vezes menos comum entre homens do que entre mulheres, então, para os homens o risco de ter câncer de mama ao longo da vida é de 1 em 1000. Sintomas comuns do câncer de mama masculino: um caroço na mama, retração da pele, alterações no mamilo. Quando o câncer é diagnosticado no mesmo estágio entre homens e mulheres, as taxas de sobrevida são semelhantes. Fatores conhecidos que aumentam seu risco de câncer de mama incluem: uma condição genética como síndrome de Klinefelter que é associada com níveis elevados de estrogênio; familiares (homens ou mulheres) com câncer de mama, especialmente com uma mutação BRCA2; distúrbios hepáticos crônicos, alcoolismo e obesidade; envelhecimento e uso de hormônios exógenos.

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