O CineClube Opiniões exibe neste sábado (13), na Filmoteca da Biblioteca Pública, o filme Batismo de Sangue. A entrada é gratuita. O filme se passa em São Paulo, fim dos anos 60, quando a repressão militar da ditadura estava cada vez mais forte. Ao invés do agito estudantil (1972, 2006), de movimentos organizados (O Que É Isso, Companheiro?, 1997) ou de reflexos no mundo civil (Zuzu Angel, 2006), a parcela da sociedade aqui afetada é um convento de frades dominicanos, que caminhava para se tornar uma trincheira de resistência aos atos do governo. Movidos por ideais cristãos, alguns frades decidem apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Maringhella. Ao chamar a atenção da polícia, começam a ser vigiados e, conseqüentemente, em seguida são presos. É quando sofrem as mais terríveis torturas, gerando destinos bastante diferentes para cada um dos envolvidos.
Apesar de ser baseado num livro autobiográfico do Frei Betto, não é ele o protagonista de Batismo de Sangue. Tendo como intérprete um dedicado Daniel de Oliveira, Betto aqui é quase um espectador, apesar de suas andanças serem também relevantes (como o tempo que passou refugiado no interior do Rio Grande do Sul). No centro da ação, entretanto, está o Frei Tito (Caio Blat, presente também em O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias, 2006, que abordava o mesmo período histórico, numa interpretação visceral). Ele é o que mais sofre nas mãos dos militares, é o que mais se empenhou para tentar fazer diferença numa época tão complicada para a sociedade brasileira. Foi igualmente o que mais saiu abalado após sua libertação. Exilado na França, acabou se suicidando em 1974.