Por muito tempo pareceu um sonho distante. Nesta terça-feira, o Brasil mostrou que está muito perto de um inédito pódio por equipes. Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira, Rebeca Andrade e Thaís Fidelis flertaram com a medalha na final do Mundial de Doha. Chegaram à última rotação na terceira posição, mas acabaram sendo ultrapassadas depois de falharem muito nas barras assimétricas. A equipe brasileira fechou a decisão na sétima posição, com 159,830 pontos.
– Não estou satisfeita realmente. Poderíamos ter uma melhor competição. A gente trabalhou muito duro, e algumas coisas não aconteceram. A gente tem pontos a melhorar, competir como treina. Tem que colocar na cabeça que vai fazer o que treinou apenas. Mas hoje, estando em uma final por equipes e vendo o quanto a gente pode crescer, tenho certeza que esse pódio vai acontecer – disse Jade.
O ouro foi para os Estados Unidos. As americanas tiveram Simone Biles em um dia atípico, e nem foi por causa das dores de ter um pedra no rim. Teve de segurar na trave para não cair, pisou fora do tablado no solo. Ainda assim foi a líder da equipe, que estendeu o domínio na prova, com 171,629 pontos em Doha. A última derrota dos Estados Unidos foi no Mundial de 2010, para a Rússia. Apesar das falhas, Simone Biles estendeu sua coleção de medalhas de ouro em Mundiais. A maior campeã mundial da história agora tem 11 títulos.
– Estou me sentindo bem. Estou com um pouquinho de dor, mas nada que me impeça de competir. Estou administrando a dor. Essa é a coisa mais importante. A saúde vem em primeiro lugar. Essa vitória é muito importante para mim, porque trabalhamos muito duro. É muito empolgante ir lá com as meninas e conseguir o ouro – disse Simone.
Lideradas por Aliya Mustafina, a equipe russa não ameaçou os Estados Unidos, mas também não teve a posição no pódio em risco, acabando com a prata com 162,863 pontos. A China que cometeu muitos erros e por pouco não deixou escapar o bronze, que veio com 162,396 pontos. As três equipes medalhistas garantiram a vaga na Olimpíada de 2020. Outros nove postos olímpicos vão estar em disputa no Mundial de 2019, em Stuttgart.
Primeira rotação – trave
O Brasil começou a disputa na trave, justamente o aparelho em que o país teve problemas na classificatória. Jade começou firme, acertou a acrobacia que a derrubou no domingo, mas sofreu uma queda em um salto ginástico e tirou 11,466. Rebeca, que também havia caído na classificatória, desta vez praticamente cravou tudo e ficou com 13,300. Flavinha foi firme, não teve os desequilíbrios do primeiro dia, só perdeu uma ligação de movimentos e conseguiu 13,600. Com 38,065 pontos, o Brasil ainda conseguiu crescer alguns centésimos na trave em relação à classificatória, mas abriu a final na sétima posição. Guiados por um salto Cheng de Simone Biles, os Estados Unidos voaram para a liderança no salto, já abrindo frente para China e Rússia.
Segunda rotação – solo
Era preciso começar a reação rápido, e foi o que o Brasil fez no solo. Jade se recuperou bem, só teve um passo largo na aterrissagem da primeira acrobacia e tirou 13,100. Classificada para a final do aparelho em Doha, Flavinha praticamente cravou sua série e conseguiu 13,800. Quarta colocada no solo do Mundial do ano passado, Thaís também acertou sua apresentação e conseguiu 13,233. Com 40,133 pontos, o Brasil praticamente igualou o bom resultado da classificatória, continuou na sétima posição, mas só o top 3 não estava na cola. Estados Unidos seguiram disparados na liderança, e a Rússia abriu vantagem para a China, que teve duas quedas na trave e viu seu terceiro posto ameaçado.
Terceira rotação – salto
O salto era o caminho para o Brasil crescer. Na classificatória, a equipe só ficou atrás dos Estados Unidos nesse aparelho com três saltos Duplo Twist Yurchenko. Jade foi a primeira e praticamente cravou o salto (14,600). Flavinha também ficou perto de um voo perfeito (14,433). Rebeca teve de esperar muito pela nota da japonesa Asuka Teramoto, que quase caiu. Mesmo assim, Rebeca praticamente cravou o DTY (14,633). Com 43,666 pontos, o Brasil conseguiu melhorar o bom desempenho da classificatória. Foi tão bom que o Brasil saltou para a terceira posição. O sonho do pódio era real.
Quarta rotação – barras
O último degrau para chegar à medalha era as barras assimétricas, o aparelho que tradicionalmente é o mais fraco do Brasil, mas que o país mostrou uma grande evolução na classificatória. Jade começou bem sua série, mas quase no fim sofreu um desequilíbrio muito grande, perdeu o embalo e muitos pontos (12,233). Flavinha fez o que dela se esperava em seu aparelho mais fraco, perdeu uma ligação, mas acertou a série (12,466). Rebeca também sofreu a queda e acabou com 12,966. Com 37,665 pontos nas assimétricas, o Brasil despencou para a sétima posição.
Simone Biles teve problemas no solo, pisando fora do tablado, mas os Estados Unidos já estavam com o ouro assegurado. A Rússia confirmou a prata, e a China foi bem no salto para ficar com o bronze.