A eleição dos paradoxos
Um conhecido do Facebook, lá das bandas do Amapá, que até dia desses debatia com os petistas com a faca nos dentes, escreveu um longo texto na tentativa de justificar o voto em Fernando Haddad, por não lhe restar dúvida de que Jair Bolsonaro será para o Brasil pior do que foram os governos do PT.
Desnorteio
Enquanto isso, muitos petistas de carteirinha, que veem o barco do vianismo fazer água, com o governador Tião Viana na popa a empurrar antigos aliados para a proa submersa, tratam de declarar voto no adversário.
Emprenhado pelos ouvidos
No caso desse conhecido a que me referi aí acima, leitor ardoroso que sempre foi de Reinaldo Azevedo, talvez tenha se deixado levar pelo poder de persuasão do escriba que recebeu as contas da revista Veja. É a única explicação que consigo encontrar para justificar mudança tão radical.
A balsa sai neste domingo
A 48 horas de o país escolher o novo presidente da República, está claro que a cisão social criada pelos companheiros – que juntou de um lado negros, pobres, gays, melindrados e malandros, e do outro os ‘brancos nazistas’, ‘ricos impiedosos’, ‘héteros intolerantes’ e os ‘trouxas’ – lhes renderá outra viagem para Manacapuru.
Metáfora futebolística
Como no Brasil temos tantos técnicos de futebol quanto cientistas políticos, fica difícil para o público diferenciar quem domina as técnicas da pelada de fim de semana daqueles sobre cujos ombros recai a responsabilidade de formar equipes campeãs de torneios oficiais.
Vale-tudo
Leio, por exemplo, o queixume de um tal Wanderley Guilherme dos Santos em artigo publicado no site O Cafezinho. Diz ele, a propósito das últimas pesquisas que mostram a quantidade de mulheres que declaram voto em Bolsonaro, que as ‘pressões das circunstâncias’ – seja lá o que isso signifique –, são as únicas capazes de explicar a preferência da maioria delas por um candidato ‘declaradamente misógino’.
Paradoxo
Essa pecha de que o presidenciável do PSL tem ojeriza às mulheres teve início quando, em entrevista a uma emissora de TV, Bolsonaro e a petista Maria do Rosário travaram um bate-boca que resultou naquela frase infeliz do deputado, amplamente difundida pela imprensa – que preferiu omitir o fato de que Jair fora, antes de dizer o que disse, caluniado pela adversária ao ser xingado de estuprador.
O avesso do avesso
Veja bem o leitor, caso tenha esquecido o episódio, que a discussão entre os dois parlamentares, que foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da petista, decorreu da defesa que Maria do Rosário fazia de Champinha, que junto com outros três comparsas sequestrou, em 2003, Liana Friedenbach, de 16 anos, e Felipe Silva Caffé, de 19.
Coisa de doido
Pra resumir a história, Felipe foi morto com um tiro na nuca, e Liana, após estuprada por dias seguidos, e até coletivamente, acabou morta pelo coitadinho que a deputada do PT defendia na entrevista. Ora, qualquer asno seria capaz de concluir que quem fazia a defesa das mulheres, nesse caso, ao exigir penas rigorosas para assassinos estupradores como Champinha (ainda que menores de idade), era Bolsonaro. Mas foi dona Maria quem choramingou e conseguiu apoio dos militantes de esquerda que se infiltraram na imprensa agora e posam de jornalistas.
Como é que é?
O descaramento e a sem-vergonhice dessa gente chega a patamares inacreditáveis. A recente confusão em que se meteu um secretário do governo de Tião Viana, ao sair de uma boate completamente embriagado e se desentender com um sujeito que o chamou de petralha, serviu para que a primeira-dama do Acre atribuísse a culpa ao adversário de Fernando Haddad.
De ponta cabeça
E dona Marina Silva, do alto de sua autoridade política e miudeza moral, teve o desplante de afirmar que o adversário, ao ser esfaqueado, fora vítima do ‘discurso de ódio’ que ele se encarregara de espalhar. Coisa semelhante disse a presidenta cassada Dilma Rousseff, antes de seu estrondoso vexame nas urnas, como candidata ao Senado por Minas Gerais.
Unidos perderão
As esquerdas se unem não só na admiração por facínoras como Fidel Castro e Hugo Chávez, como trata de imputar aos adversários o que elas têm de pior. O mais grave é a recalcitrância dos derrotados, ‘demitidos’ pelo eleitor, já tão farto da pilhagem aos cofres do país e obrigado a resistir ao desejo de pôr no carrinho do supermercado os produtos que antes não lhe faltavam na despensa.
À espera de um milagre
Partiu do senador derrotado Jorge Viana (PT) a ponderação de que o dono do Ibope, cujo palpite é que só mesmo um tsunami poderia tirar a vitória do candidato do PSL, mais uma de suas muitas bazófias ditas em defesa dos correligionários.
Eles são artistas
O partido que tentou de todas as formas manietar a imprensa nacional – a exemplo do que fizeram nos sucessivos governos no Acre, e aplaudiram o sucesso da patranha na Argentina, Cuba e Venezuela –, é o mesmo que agora acusa Bolsonaro de ser um perigo à democracia. Mas ninguém mais do que eles afrontaram o Judiciário e a magistratura com o discurso de que Lula é um preso político.
Quem se arrisca?
Num país com 13 milhões de desempregados – saldo comemorado pelo senador também derrotado em sua tentativa de reeleição Lindbergh Farias (PT-RJ), ao ignorar que os dados eram ainda do período da presidenta –, e com uma dívida pública que engessa 90% do orçamento da União, é arriscado apostar no sucesso do futuro presidente da República.
Questão de caráter
Mas entre um prepotente e uma ruma de gatunos no poder, eu sinceramente torço pelo primeiro. Até porque meu falecido pai era um sujeito autoritário, enfezado e, por vezes, irascível. Mas nunca nos envergonhou com uma só conduta ilícita. Ao contrário, o velho professor Antunes foi, durante toda a vida, um homem honesto. E incapaz de bajular os poderosos. Essa, aliás, foi a grande a herança que ele legou aos filhos.