Vendo seus índices despencarem ainda nas pesquisas, Marina não se intimidou: lembrava-se sempre que, com apenas 4% das intenções de voto, foi eleita senadora pelo Acre. A realidade em 2018 foi outra: recebeu pouco mais de 1 milhão de votos, ante 22 da última eleição onde concorreu a Presidência da República. As pesquisas que mostraram seu declínio estavam corretas.
Agora, passadas as votações, muito tem se especulado sobre o futuro da xapuriense e de seu partido, a Rede Sustentabilidade. Para se ter uma ideia, Marina ficou atrás de candidatos como João Amoêdo (2,5%) e Cabo Daciolo (1,26%).
A BBC, por exemplo, acha que Marina foi muito neutra. “O que aconteceu de lá para cá? Os tempos são outros, respondem duas cientistas políticas entrevistadas pela BBC News Brasil. Segundo elas, hoje nomes são muito mais importantes do que partidos políticos – a exemplo de Jair Bolsonaro -, é preciso definir-se sobre temas polêmicos e denúncias de corrupção não passam batido. Marina e Alckmin teriam pecado em um ou mais desses pontos e sofreram por isso”, diz em uma publicação.
Os cientistas políticos que participaram da rodada de entrevistas da BBC airmaram que não foi corrupção ou denúncias que pesaram contra a acreana: ela mesma arruinou tudo sozinha.
“O que mais a atrapalhou, dizem as cientistas políticas entrevistadas, foi ela mesma. Vista como uma terceira via entre PT e PSDB nas eleições de 2010 e 2014, quando somou 19% e 21% dos votos, respectivamente, Marina amargou um 8º lugar neste ano. […] Marina se apresentou como uma candidata ambígua, sem posições contundentes, num período em que os brasileiros desejavam posturas firmes. Evangélica, a ex-ministra disse que vetaria a legalização do aborto caso o tema fosse aprovado no Congresso, mas convocou as mulheres a votarem nela, assumindo um discurso de matizes feministas”.
Sobre seu futuro, cientistas afirmam que Maerina possa tentar algo no Acre. “A aposta da professora é que ela tente algo no Acre, seu Estado natal, dado que seu afastamento do PT a impede de assumir um ministério em um eventual governo de Fernando Haddad. Em 2014, Marina apoiou a candidatura de Aécio Neves (PSDB) contra Dilma Rousseff”.
Já sobre o partido, a Rede, os entrevistados afirmam que precisa de ‘uma guinada transformadora’. Se isso não acontecer, ‘a Rede pode desidratar e tornar-se cada vez menos relevante’. “O pessoal sabe que a Rede está minguada em termos políticos, vários deputados saíram. Passa uma imagem de fragilidade, de fraqueza”, diz a professora Maria do Socorro Braga, coordenadora do Núcleo de Estudo dos Partidos Políticos Latino-americanos da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).